sexta-feira, dezembro 20, 2019

Sul Informação discrimina

Queria eu comentar o artigo do Sul Informação sobre a aprovação na Assembleia Municipal de Loulé da suspensão do Plano Diretor Municipal na área referente ao terreno do mercado semanal de fruta em Quarteira, mas eis que o jornal online não me deixa comentar, a não ser por via da merda do feicebuque (como diz o RAP). Discriminação estúpida, digo eu, para um jornal tão moderno que não respeita as opções livres de cada leitor. E eu, que tenho o jornal nas minhas leituras de sidebar, em conjunto com outros bem mais sérios...

sexta-feira, dezembro 13, 2019

Medronhos

Aí estão eles, os arbustos do barrocal e da serra do Algarve, cheios de frutos laranjas e vermelhos, enquanto o sol tímido do outono não traz algum calor aos montes. São redondos e picados de rugosidade, tenros ao contacto dos dedos e brilhantes no desejo de os colher e comer. Quando era puto, dizia-se da sua bebedeira; eram os mais velhos guardando para si os sabores ácidos dos medronhos. Colhidos, limpos de folhas e pedúnculos, depois fermentados em tinas várias, eles são o conduto dos alambiques de cobre, aquecidos a lenha, até se despejarem em líquido escorreito, transparente e quente até às goelas a queimar de quem o bebe. Em jovem trabalhei numa moagem e destilaria em Lagos, mas lá só se destilava o engaço da uva e o figo, transformados em bagaços e aguardentes. Ao sair do alambique para o copo, vinha solícita até à nossa boca sequiosa de adolescente. Mais tarde, em adulto, colhi muitos medronhos nas serras de xisto do nordeste, com o mesmo frenesim com que sabia os iria beber em líquido de fogo.

quinta-feira, dezembro 12, 2019

Crónicas de Assis Pacheco

Numa investigação que estou a fazer, nos jornais locais e regionais no Centro de Documentação da Câmara de Loulé, deparei-me com as minhas crónicas publicadas no jornal A Voz de Loulé. Insertas com vários formatos e designações eram, de certa maneira, devedoras deste blog e suas causadoras também. É o ovo e a galinha da filosofia. Mas vem isto a propósito de este estímulo me ter levado a voltar à leitura de livros de crónicas. Ao livro de Nelson Rodrigues, A Vida Como Ela É... e a este caso, quase surrealista de Assis Pacheco, Tenho Cinco Minutos para Contar uma História. Pequenos contos de 5 minutos, lidos aos microfones da rádio, entre 1977-1978, sobre tudo o que merece ser contado e partilhado, palavras, frases e expressões nas quais nos revemos sempre.
(Clicar na imagem para aceder ao livro)

quarta-feira, dezembro 11, 2019

José Lopes

José Lopes tinha menos dois anos do que eu. Morreu na rua, de tristeza e de miséria. Tinha sido ator e colaborador da extinta Cornucópia, o projeto de teatro excecional de Luís Miguel Cintra. O blogue de Eduardo Pitta, pergunta: ler aqui!

Liberais sem iniciativa

Confrangedora, foi a intervenção do deputado da Iniciativa Liberal no debate quinzenal parlamentar com o governo. Mal preparado, sem dados para argumentar no pouco tempo de debate, foi gozado e enxovalhado, pelo humor pouco habitual, mas repescado, do primeiro ministro. As promessas da ideologia liberal cada vez conquistam mais detratores.

quarta-feira, dezembro 04, 2019

Tirem a pata de cima!

Estiveram bem, e coerentes, com a defesa de uma política de paz e de solidariedade entre os povos, o Bloco e o PCP na Assembleia da República, ao questionarem a reunião, ao que parece clandestina, entre o secretário americano Mike Pompeo e o primeiro ministro israelita Benjamin Netanhiu. Empurrados pelo esperto Boris Jonhson, que deu a desculpa de estar muito ocupado para assegurar segurança e custos em Londres, aqueles dois colonizadores e fazedores de guerras, vêm encontrar-se em Portugal, não como turistas, mas para cozinhar algo, Ambrósio! Razão tem o líder parlamentar do BE, quando afirma que isto nos faz lembrar a cimeira das Lajes, nos Açores, quando a direita europeia se encontrou, sob o beneplácito de Durão Barroso, antes da invasão e da guerra do Iraque.

segunda-feira, dezembro 02, 2019

O Anjo Pornográfico

Volto à segunda leitura de O Anjo Pornográfico, A Vida de Nelson Rodrigues, a biografia do cronista e dramaturgo mais importante do Brasil. A obra, do maior biografista de língua portuguesa é, na verdade, sobretudo um quadro quase cinematográfico do Brasil das primeiras sete décadas do século XX. Ruy Castro faz uma investigação pormenorizada, sem cedências metodológicas, que cruza pesquisa documental, entrevistas e conversas informais, e que coloca no lugar a interpretação insuspeita sobre uma figura controversa e marcante desse período: progressista e reacionário, génio e louco, anticomunista e socialista. A não perder, e para ler mais do que uma vez. Para quem fica viciado, aconselho as belas crónicas dos anos 1940-1960 de Nelson Rodrigues, obra editada pela Tinta da China, com o título A Vida como Ela é... (clicar sobre o nome da editora).