sexta-feira, fevereiro 23, 2024

Artur Jorge [1946-2024]

                                                                     (fonte: Wikipédia)

Quando o comecei a ver jogar estava na ponta da lança da Briosa, a velha Académica vestida de preto, e usava os seus dois nomes, pouco comum na época de jogadores com apenas nome próprio, e conhecidos de todos; a moda do nome completo, que ocupa as televisões, vem muito depois. Marcava muitos golos e esse facto obrigava-o a ser discreto. Apesar disso, foi o primeiro presidente do Sindicato dos Jogadores, publicou um belo livro de poesia e ouvia música clássica enquanto via os jogos na TV, com o som apagado. Para ele, os comentários dos locutores eram saraivadas sobre a bola e sobre os jogadores, que respeitava como ninguém. Segui muitas vezes o seu hábito - e ontem mais do que nunca -, porque ver o Benfica, ouvindo a ‘picareta falante’ ‘daquele que é um tal de Caneira’, ‘ou seja’, ‘aquele que acaba por ser’ o comentador mais manhoso ‘daquilo que é o futebol’, ‘naquela que é a pior prestação televisiva’. Façam como o Artur Jorge, vejam a bola e desliguem o som para não ouvir Caneira e outros que tais.