domingo, agosto 08, 2021

A Revolução e a Hotelaria caseira

Loulé é um jornal de promoção do executivo da Câmara de Loulé. Cada partido no poder tem, nas suas mãos, a oportunidade de o manter e a imprensa – aparelho ideológico por excelência, ainda por cima de borla – é um meio de manipulação política usado por quem sabe. No seu último número (4/julho 21) o destaque vai para a entrevista a João Soares, diretor do Hotel Dom José, de Quarteira. A certa altura o entrevistado conta a sua história empresarial e reafirma o mito da desgraça do PREC: «Durante o período da revolução, em que a hotelaria ficou completamente parada, passamos por dificuldades» (p. 15). Ora, não só a teoria o desmente, como também o método empírico. Acontece que nessa altura, entre 1978-1980, trabalhei na contabilidade do hotel vizinho, o Quarteira-Sol, que mesmo com as reivindicações justas dos  trabalhadores, conseguiu ser um exemplo para outros capitalistas. Como delegado sindical, e candidato ao Sindicato da Hotelaria, pude testemunhar a dinâmica de outros empreendimentos, casos do Hotel Dona Filipa ou da Aldeia do Mar, entre tantos. Culpar a  revolução pela desgraça da gestão do hotel Dom José não é de bom tom e indica uma reescrita perigosa da história.