sábado, março 18, 2006

A concepção ingénua da política

Antes das eleições presidenciais afirmei que, a Sócrates convinha a vitória de Cavaco Silva. E expliquei porquê. Na altura muita gente achou estranho. Gente que acredita que a política é uma arte da sensibilidade e do bom senso. Por estes dias tenho lido, na blogosfera e na imprensa, a confirmação da minha opinião, prova de que essa gente evoluiu para uma concepção da política como a ciência de fazer acordos de legitimação instrumental do poder. Certo, fico contente por terem percebido. Contudo, essas análises encontram agora outro motivo para tagarelar uma nova forma de voltar à concepção ingénua, falando da cooperação estratégica entre o primeiro ministro e o presidente da república. E no relato da história do encontro entre os dois lá vão dizendo que perante isto ao PS só resta escutar Cavaco; ao PSD só resta esperar os 10 anos de Cavaco; e ao CDS só resta aguardar a dissolução. À esquerda - e sobretudo à esquerda da esquerda - cabe a única alternativa.Por isso sempre acreditei que a vitória de Cavaco traria esta benesse: mostrar que hoje o PS não é governado pela esquerda e que cabe a esta a verdadeira alternativa.