segunda-feira, setembro 09, 2019

Fernando Silva Grade


(Blog FaroArtistas)
Dei pela notícia do falecimento do Fernando Grade numa leitura do 'barlavento' a propósito dos organismos gelatinosos, do programa Gelavista, em que participo. O Fernando Grade - era assim que o conhecíamos, já que vem a adotar o nome Silva mais tarde por razões artísticas,  - era hoje mais conhecido como crítico urbanista e ativista ambiental. A sua formação de biólogo e a sua veia filosófica macrobiótica levam-no a aderir às causas ambientais, muito antes da moda e da sua filiação na associação Almargem.
Conhecemo-nos, entre outros praticantes e defensores das tradições musicais do Algarve, no projeto musical Levante, que mais tarde dá origem ao ainda célebre Grupo Dar de Vaia. O Fernando era o homem das congas e da viola, que assumia com empenho, nos ensaios e nos treinos de casa que compartilhei algumas vezes. Entre 1983 e 1984, fez parte da equipa do Museu Regional do Algarve, comigo e com a Luísa Rogado, que investigou Aljezur e preparou a exposição sobre o património do referido concelho. Durante esse período passamos muito tempos juntos, na aldeia da Zambujeira e na casa de família na Praia de Faro, visionando centenas de diapositivos para que o Fernando desenhasse, a tinta-da-china, os elementos etnográficos. Muito na linha do etnógrafo Fernando Galhano, o Fernando ganhou alento para iniciar a sua pintura de temática geológica, vivendo alguns tempos isolado em retiro junto da aldeia da Raposeira, como motivo de inspiração e de recolhimento. Aí visitei-o algumas vezes, entre as minhas odisseias em busca do património cultural algarvio, e nos últimos tempos tenho pena que nos tenhamos avistado tão poucas vezes.
Até sempre Fernando!