quinta-feira, junho 25, 2020

Poesia e Prosa no Eco dos Pássaros

O desafio da Make It Happen (MIH) aos poetas e prosadores para escreverem, em tempos de confinamento, os seus testemunhos literários, resultou na produção de seis tomos (zines na designação da empresa), com a diversidade e a originalidade dos cerca de uma vintena de autores que participaram, de todo o país. A iniciativa criativa da MIH, já divulgada no espaço de membros de forma gratuita, deve traduzir-se em edição de livro próximo, a cargo da editora Epopeia Books. Considerando de louvar esta iniciativa, participei em todas as zines publicadas com contos, microcontos e poesia, que podem ser lidas no meu espaço, aqui.

sábado, junho 20, 2020

Organismos gelatinosos



É comum arrojarem às praias, entre maio e setembro. Os organismos gelatinosos, conhecidos popularmente como alforrecas - com que brincávamos em putos - são comuns nas nossas águas e a Praia da Falésia, entre a Ribeira de Quarteira e Olhos de Água, recebe todos os dias algumas espécimes mortas. Muitas desenvolvem material tóxico nos tentáculos, sendo a mais conhecida a caravela portuguesa (Physalia physalis), um organismo pluricelular extremamente complexo (ver aqui).
Costumamos fotografar todos os avistamentos e enviar as imagens para o Plâncton Grupo do IPMA. É o caso destes exemplares de Rhizostoma luteum, fotografados na segunda, 15 e hoje, dia 20 de junho.

quinta-feira, junho 18, 2020

Um marxista heterodoxo

É o maior pensador marxista português e leio-o com a regularidade possível, já que a sua capacidade produtiva é imensa e a sua escrita está tarimbada desde a luta contra o fascismo, passando pela experiência autonómica do jornal «Combate», até à pedagogia marxista realizada no Brasil nos últimos anos. Por agora tem estado a escrever sobre o marxismo anti-capitalista nos tempos de pandemia. Para qualquer cidadão preocupado é obrigatório lê-lo. No destaque do sidebar (ali à direita) deixo o seu ensaio terminado ontem, São Marx, Rogai por Nós, em três textos sequentes. É só clicar na imagem do site onde publica - o «Passa Palavra».

A crise da capacidade crítica, de Berardi

Os pensadores italianos são dos mais atentos à realidade europeia e, sobretudo, ao papel da União Europeia no contexto do desenvolvimento humano igualitário e da crítica ao capitalismo. Tal como Giorgio Agamben, Franco Berardi tem pensado as estruturas de poder e os aparelhos ideológicos dos estados e o seu papel na construção de uma vida acéfala, sem capacidade de participação crítica. Apesar de ter dois anos, esta entrevista, que na verdade é um ensaio, aponta e conclui o estado da Europa por estes dias. Tem razão o Joaquim Mealha quando a envia e, particularmente, gosto de subscrever, dado o meu tempo atual, a ideia de Berardi de «tempo de vida emancipado». É nesse estado que eu estou, e bem!

Amarelo torrado

São muitos anos, mais de 50, de desenvolvimento destes fungos, líquenes secos sobre cimento velho, aduzidos pela humidade e pelo calor do Alentejo, nos muros de proteção da barragem de Odivelas. Vale a pena parar no fim da manhã, descer da bicicleta de montanha, após muitos quilómetros e fotografar...

Solidariedade na Premier League

O futebol é jogado por pessoas e isso determina tudo, o bem e o mal. Por isso deve destacar-se o facto de, na primeira partida de futebol da Premier League, os jogadores das duas equipas - Manchester City e Arsenal - terem equipado com o lema Black Lives Matter nas costas da camisola. Para além disso, um coração azul cosido no peito das camisolas homenageava o serviço nacional de saúde britânico. Alguns daqueles jogadores perderam familiares e amigos; Guardiola - treinador do City - perdeu a mãe. Bom exemplo!

quarta-feira, junho 17, 2020

A Lagoa do Sherman

«A Lagoa do Sherman», da autoria de Jim Toomey, é uma das tiras da minha eleição de 9ª arte. Ainda não vos falei de «Mutts» - que fica para outra altura - mas sobre a banda desenhada do célebre tubarão, da sua companheira Megan, da tartaruga intelectual Fillmore, do peixe informático e do caranguejo provocador Pinças, podemos dizer que coloca os humanos como reles macacos sem pelo. Na lagoa de Kapupu, perto de Tahiti, também aparece de vez em quando um urso polar para hibernar. Desta obra, o nosso conterrâneo e autor célebre de banda desenhada José Carlos Fernandes, diz de Sherman ser uma tira «muito longe de qualquer correção política». Está dito!
Editou a Devir em 2003 e 2007.

Poemas de sol e de mar


SILVES

Olho o que resta do rio,
ao fundo do vale,
correndo entre os canaviais que o escondem,
como se fosse um encantamento de sede.
E recordo
as belas palavras do poeta árabe Ibn‘Ammar,
fazendo deslizar, suavemente, os seus poemas
entre o castelo, a praça e o rio Arade.
Breve instante,
a miríade gasosa de acidez da laranja baía,
convoca-me os dedos e os lábios para o seu amargo sabor doce,
entre as argilas barrentas do rio, as enguias caracoleantes e os rouxinóis.
Que saudades, de subir as íngremes histórias da cidade,
sentindo a frescura dos laranjais e as vozes dos poetas de Silves.

(poema publicado na revista literária brasileira «Máquina do Mundo»)

Mais poemas meus estão já na 6ª zine do Projeto «Eco dos Pássaros», iniciativa da Make it Happen (ainda só para membros>ver aqui )

terça-feira, junho 16, 2020

Desentorpecer a cabeça

Foram "passos de voluptuosa dança na travagem Brusca". Tanta gente que continuou a dançar em casa, mostrou na TORPOR o que fez para não perder o jeito. Tornou-se um caso sério que vai continuar a ocupar o salão de baile. 

Obrigatório ler a experiência dirigida por João Paulo Cotrim e José Teófilo Duarte e participada por escritores e desenhadores. Clicar na imagem!

O novo terço da pandemia

Sempre à mão de semear!

segunda-feira, junho 15, 2020

Estudo dos bancos de bivalves-conquilha




No domingo lá estava o NI Diplodus, embarcação do IPMA de Olhão, a arrastar os bancos de areia na Praia da Falésia, com o objetivo de estudar amostras de bivalves, sua morfologia, quantidades e estado dos bancos de reprodução, sobretudo da conquilha. A avaliar pela sofreguidão do excesso de captura de conquilha, nas marés de baixa mar da última semana, percebe-se a importância deste estudo. Apesar de interdita a captura do bivalve, entre Quarteira e Olhos de Água, também as embarcações de ganchorra andavam a arrastar. A quantidade enorme de chocos triturados e de conchas na areia seca das praias da área, mostra o impacto deste excesso de pesca. Para conhecer mais do projeto MonteReal do IPMA, clicar aqui.

quinta-feira, junho 11, 2020

Fonte Felipe e Olho Paris



Os passeios a pé pelas veredas do barrocal de Querença, dão-nos a oportunidade de encontrar uma diversidade extraordinária da flora mediterrânica no seu esplendor, um maqquis ainda resistente, devido ao temperamento entre  calor, humidade e água em permanência. Entre a Fonte Filipe e a localidade de Amendoeira, pisando argilas e barros calcários, podemos observar os vestígios da ocupação humana sabedora: muros de pedra solta, valados de proteção, fornos de cal, caminhos que atravessam ribeiros sobre pinguelas, e nascentes do maior aquífero do Algarve, do sistema Benémola/Mercês. O Olho de Paris - que não conhecia - estava agora seco, à espera dos nascedios do próximo inverno.

quarta-feira, junho 10, 2020

Cultura do lixo e do terço

As práticas de saúde individual, consagradas pela atual pandemia, trouxeram novos hábitos. Com a generalização do uso da máscara de proteção individual, generalizou-se também o costume de pendurar, no espelho interior das viaturas, a dita máscara como se fora um terço católico da bênção eucarística. Também o velho hábito de deitar para o chão as máscaras usadas, mostra quão longe estamos de atitudes consentâneas com a proteção do ambiente e, pour cause, da saúde pública. Já as vi por tudo o que é sítio. A da imagem estava mesmo junto ao contentor de lixo orgânico; outra estava junto de uma viatura a dois passos. E é vê-las junto dos supermercados, na entrada de habitações e em todos os lugares que se possa imaginar. Não mudamos nada!

terça-feira, junho 09, 2020

Novidades em língua inglesa

No side bar, novidades: o meu testemunho sobre o 25A74, publicado no site do Museu do Aljube, pode agora ser lido na secção 'Contos e Poemas do Autor'. No destaque ao lado, pode ler-se uma novidade familiar, «Hum...What do You Say?» (aqui).

Escultura de passeio

Das caminhadas recuperam-se pedras e conchas, troços de árvores mortas, folhas e materiais inertes, velhos parafusos e pregos. Todos eles, são objetos aparentemente mortos e sem servidão, mas a mão do escultor leigo pode criar um coletivo improvável, sobretudo se for apoiado por uma velha pedra calcária aflorada no barrocal da Amendoeira.

segunda-feira, junho 08, 2020

Poemas para virar a cabeça


A 5ª zine digital da iniciativa «Eco dos Pássaros» conta, de novo, com a minha participação. Cinco textos designados de 'Poemas para virar a cabeça', abordam momentos de observação das pessoas e dos objetos. Um deles é dedicado a Zeca Afonso, inspirado no seu poema e canção de prisão «Redondo Vocábulo». Por agora no site (apenas para membros registados) mas em breve em livro da Epopeia Books.

domingo, junho 07, 2020

À sombra da água

Há poucas semanas, na cala do sol alentejano, ainda cedo, nas bermas do velho canal de irrigação de cereais - agora águas para oliveiras novas em produção industrial - apenas a sombra das árvores refletida na água, nos alimentava a frescura do corpo.

sábado, junho 06, 2020

Pombinho e Hermínia, dois génios do pregão

Os nossos escritos são sempre autobiográficos. Mesmo que queiramos escrever sobre distopias e arcaísmos longínquos, as palavras brotam de nós, pela pele da escrita, como uma lava de vivências a encher o texto. A propósito do poema do Luís Natal Marques sobre a mercearia ambulante do senhor Pombinho (um nome afável para uma profissão esquecida), lembrei-me que em tempos escrevi também sobre a Ti Hermínia (ou melhor sobre o seu burro; também o Luís ilustrou o seu poema com um asinino), um microconto que publiquei na revista «minguante» (ler aqui).

terça-feira, junho 02, 2020

Pickles, de Brian Crane


(tiras de Velhos são os Trapos, 1º álbum de «Pickles»)

Da minha coleção de banda desenhada - que fui comprando ao longo do tempo e reconstruindo entre e após relações - respigo o conjunto de tiras de Brian Crane, publicadas no «The Washington Post», entre 1990 e 1993. A vida ativa de dois adultos maiores, Earl e Opal, em conjunto com sua filha Sylvia e seu neto Nelson, marca a aprendizagem social e política de todas as histórias. Nelas, duas consciências de 'grilo falante' mostram a personalização dos dois animais da casa: o cão pateta Roscoe e a gata sobranceira Muffin.
Nota: a Bizâncio ainda editou um 2º volume com o título «Pickles-A Velhice é um Posto»


segunda-feira, junho 01, 2020

Equipa de Faro no concurso Prata da Casa

(recorte do «Diário de Lisboa», de 2 de junho de 1980 > clicar  para ver melhor)

O recorte do 'DL', com a crítica habitual de Mário Castrim sobre televisão, versa a participação da equipa do distrito de Faro, no concurso televisivo da RTP, A Prata da Casa, que decorrera em Lisboa no dia anterior, 1 de junho de 1980, Dia da Criança. A data não foi esquecida pelas duas equipas, a nossa (em que participei com amigos da cidade de Faro e convidados de outras paragens) e a equipa de Évora (liderada pelo Zé Carlos Zorrinho, hoje eurodeputado pelo PS), conforme se percebe nos elogios parcos de Castrim. Vencemos esta etapa de mãos e vozes dadas com os amigos de Évora, e na segunda jornada acabamos por perder com a equipa da Guarda. Essa prova deu brado e colocou o concurso sob pressão, com a RTP e o júri do concurso acusados de conservadorismo. A jornada seguinte à nossa segunda participação, com a equipa do Porto (não recordo qual a equipa que disputava) rebentou com o concurso, que acabou por ter uma segunda edição, uma década depois, que foi ganha (espante-se!) por Faro.
As gravações do concurso foram destruídas pela própria RTP, soube-o há semanas numa busca sobre a participação da equipa de Coimbra, a única que, gravada por amigos, está disponível no you tube.
Foi há 40 anos, e estes tempos foram o embrião de muitas das iniciativas culturais da cidade de Faro, que revolveram as vidas de muitos de nós.