sexta-feira, outubro 17, 2014

Regresso a Aljezur

Entre o verão de 1982 e o verão de 1984, em diversos períodos de trabalho, estive em Aljezur com uma equipa de etnógrafos e antropólogos, desenvolvendo um estudo sobre a cultura popular local. Essa experiência deu origem a uma exposição - posteriormente transformada noutras - inovadora e estimulante de nóveis abordagns do trabalho científico no campo da museologia.
Recentemente, e apesar de passar lá muitas vezes, estive durante uma semana com os alunos do 1º ano de Educação Social, e outros colegas da Universidade, numa semana de campo de integração e de contacto com a realidade do concelho. Foi bom regressar e perceber as diferenças!

domingo, outubro 12, 2014

Ouro e Vinho de Adão Contreiras




Ontem, Adão Contreiras apresentou o seu mais recente livro de poemas, Ouro e Vinho, editado pela 4Águas Editora. O comentário de Tiago Nené sobre o livro conteve aspetos que me interessam abordar, já que conheço o Adão.
1. “O voyuerismo do olhar”: Adão é um observador nato e consegue estar dentro e fora da realidade. Se há algo de curiosidade no olhar do que se escreve, o que conta aqui é mais o resultado desse desenlace. Trata-se de um olhar para ver e interpretar, talvez na senda atual de um Baudelaire. Adão entra e sai de cada poema com facilidade.
2. “O poema em direto”: A escrita poética momentânea, não é direta. Adão carrega atrás de si muitos anos de leitura, escrita, anotações. Quando escreve traduz um tempo passado, mesmo que o ato seja presente, que já não o é. Hoje sabemos que a nossa escrita é sempre a reinterpretação de algo, mesmo que seja apenas a interpretação do que vemos. Também se trata de uma interação, pois o autor não está isolado numa redoma, mas presente e em ato,com o que se passa, ou com o momento sobre o qual reflete, escrevendo mais tarde.
3. É comum, entre as várias expressões artísticas atuais, chamar a atenção para o vazio do futuro ato criativo. Por exemplo os fotógrafos fotografam cada vez menos. Isto decorre da visão futura do artista, como se já conhecesse o resultado final. Adão confessa já quase não ouvir música, mas ela estará presente no ritmo da escrita poética. Os poemas do autor são também eles uma construção artística, pictórica ou escultórica. Adaõ escreve como pinta e esculpe e ele já sabe o resultado final da obra.

Helder Raimundo, 12 out. 2014

sábado, outubro 11, 2014

O PS, a direita e a convergência das esquerdas

A propósito daqueles que continuam a confundir o PS de direita com o seu eleitorado (quer dizer votantes que o podem pôr no poder), convém ler o que diz Rui Bebiano, que fala da condessa Violet de Downton Abbey, que também confundia a Rússia dos czares com o contexto da revolução de outubro. Muitos de nós vimos afirmando que o enclave do pensamento sobre o PREC - que opôs direita e esquerda (ou PS e extrema esquerda, se quisermos) - não pode matar hoje as convergências úteis da esquerda, numa alternativa fundamental à política de destruição de todos os direitos e valores humanos. Pois é disso que se trata.