segunda-feira, outubro 29, 2012

Regressar sem partir

FJV regressa aqui, donde nunca devia ter partido. Mas a escrita tem levado ultimamente muita gente dos blogues e da literatura a experiências mal sucedidas na gestão quotidiana da ação política. Mas uma coisa é escrever sobre ela, outra é pô-la em prática, como diz o outro.

quarta-feira, outubro 24, 2012

Telemóveis e espaço público

A rapariga, ao meu lado no autocarro, repetiu diversas vezes, que não o ouvia, quem o mandava falar como se estivesse dentro de água. Quem gosta de ouvir as conversas íntimas e arrulhos de namorados mesmo ali ao pé do ouvido? O uso maciço dos telemóveis trouxeram, de forma inexorável, a intimidade para o espaço público desenvolvendo interações desconhecidas entre as pessoas. Já não se sabe o que é privado e o que é aceitável em público.

domingo, outubro 21, 2012

Platão e a atualidade

A procurar alguns livros de filosofia para os estudos do meu filho mais velho, encontro uma nota da filosofia de Platão cheia de 'actualidade'. Aliás, foi essa a expressão que escrevi na margem direita da página 75 do livro «A Filosofia de Platão a São Tomás de Aquino» de François Chatelêt, da Dom Quixote e que comprei em 1986. Diz o texto de Platão: "O apetite de prazer será tal que os primeiros [o filósofo refere-se aos ricos, descendentes de guerreiros e conquistadores] farão alarde, de maneira cada vez mais ostensiva, do seu poder, enquanto os segundos mergulharão cada vez mais fundo, na baixeza da sua condição; até ao momento em que o povo, farto de miséria e de sofrimento, se revoltará e, triunfando dos governantes enfraquecidos pelos prazeres, procederá anarquicamente, à partilha dos bens". O que é que esperamos?

sábado, outubro 20, 2012

Uma criança em Quarteira: o elo mais frágil

Privar uma criança do pré-escolar de almoçar, foi a atitude arrogante e discriminatória da diretora do Agrupamento de Escolas Dra. Laura Ayres de Quarteira. A professora pode alegar todas as desculpas burocráticas sobre pagamentos e pode escudar-se no comunicado corporativo de docentes e funcionários, que nada retira a uma simples conclusão: vingou-se da precariedade financeira ou social dos pais penalizando uma criança a leite e sandes. O austeritarismo neofascista do governo PSD/CDS não só está a criar desespero nos trabalhadores. Pior que isso! Está a transformar a escola num espaço de vigilância e penalização dos mais fracos, fazendo-a abandonar os seus clássicos valores humanistas de solidariedade, ética e inclusão social. E está a transformar os diretores de escola em meros gestores do défice democrático da sociedade e do seu direito à escola pública.

sexta-feira, outubro 19, 2012

Robert Kurz

A vida é assim, surpreendente, e a morte prosaica, às vezes. Hoje, ao arrumar os favoritos (já extensos) na barra do portátil, descubro a morte de Robert Kurz, um pensador anticapitalista dos mais interessantes que me habituei a acompanhar na revista EXIT, que fundou e na qual criticou capitalismo e iluminismo, teorias economicistas e o trabalho como escravidão. Influenciador do Grupo Krisis, a equipa do célebre «Manifesto Contra o Trabalho» que a editora Antígona publicou em Portugal, deve ser lido quanto antes.

quarta-feira, outubro 03, 2012

Eric Hobsbawm

Morreu um historiador que qualquer investigador, ou leitor, se habituou a respeitar. A leitura da obra «A Invenção das Tradições», que Eric Hobsbawm escreveu em conjunto com Terence Ranger, foi uma pedrada nos estereótipos instalados e que todos os que enchem a boca para falar de tradições deveriam ser obrigados a ler. Ramada Curto diz dele, que foi o historiador que melhor percebeu e explicou a importância das estruturas longas para o conhecimento da história social, depois dos Annales. Para além do mais Eric foi um homem empenhado nas causas sociais na Inglaterra e em todo o mundo, e só isso bastaria para dele falarmos aqui. À minha espera (para o doutoramento) lá  está um dos volumes da sua célebre tetralogia «A Era..».

Olha o PS tão respeitável!

É confrangedor ver e ouvir os deputados e dirigentes do PS (Lello, Junqueiro, Assis) encherem  a boca de 'verdade', 'responsabilidade' e outras aldrabices politicamente corretas, para defender a abstenção na votação das moções de censura contra o governo, apresentadas pelo BE e PCP. Os homens, acham que por terem fato e gravata e um ar respeitável, que os media aconselham, podem legitimar-se como homens de bem, demarcando-se de uma esquerda radical, extrema, etc. Nós lembramo-nos bem do que foi a responsabilidade do governo PS na anterior legislatura e do contributo que deu para a austeridade que afunda o povo e o país. O PS sabe que ninguém acredita nele para governar e por isso não quer saber da queda do governo austeritário do PSD/CDS que mais tarde ou mais cedo lhe pode cair no regaço.