sexta-feira, abril 29, 2011

Aterrem em Portugal

O meu amigo Carlos Guerreiro (ex-responsável da TVI no Algarve) anda, há anos, a pesquisar histórias relacionadas com aviões ocorridas durante o 2º conflito mundial. Algumas delas aconteceram no Algarve, durante os anos negros do salazarismo, de 40 e 50, envolvendo espionagem e organizações secretas, que o Carlos publicou no livro "Aterrem em Portugal". Vale a pena dar uma vista pelo seu blogue/site e mesmo adquirir o livro editado pela Pedra da Lua (link).

O PSD defende mais imposto sobre o Algarve

O PSD do Algarve, que tem estado calado que nem um rato sobre a cobrança de portagens na Via do Infante, vem agora acusar a Comissão de Utentes da Via do Infante (CUVI) de ser responsável moral pelos atentados aos três pórticos de cobrança, ocorridos na madrugada do 25 de Abril. O que os algarvios esperavam, os milhares que têm participado nas várias ações de protesto desenvolvidas e mobilizadas, entre outros movimentos, pela CUVI, era que o PSD esclarecesse claramente qual a sua posição sobre a instalação de pórticos que servem para cobrança de imposto aos algarvios e utentes da Via. Mas sobre isso o PSD nada diz. Claro que nada diz, e esconde-se atrás de uma manobra de diversão, alegando uma reles mentira para esconder que sempre defendeu a imposição de mais roubos ao povo do Algarve, defendendo o argumento reles da universalidade que não toca aos banqueiros que acolhe no seu estado maior. Nada diz sobre a cobrança de portagens, porque se for governo já se sabe que vai impor a cobrança de taxas na Via do Infante, esquecendo o que prometeu aos algarvios, aquando da última campanha eleitoral. A cara sem vergonha do PSD/Algarve vai mais longe quando acusa a CUVI de instrumento político de putativos candidatos à Assembleia da República que defendem atentados à democracia. Mas o que deviam explicar aos algarvios era o desempenho dos seus "democráticos" deputados que votaram a favor das portagens no Algarve, quando a "sua" Assembleia da República discutiu a anulação da resolução governamental que instituiu as portagens na Via do Infante. Por isso, não é a CUVI que tem de se retratar sobre os atos de que não é responsável, mas sim o PSD que traiu os eleitores do Algarve, quando afirma uma coisa e pratica o seu contrário.

terça-feira, abril 26, 2011

O uno e o múltiplo de Rosa

Voltando à excelente obra de Ramos Rosa, «Prosas seguidas de Diálogos», de que li mais alguns diálogos para-socráticos, em que o autor dialoga com o seu espelho "Mário", encontro a veia sempre anarquista, mas fundamentada em muitas leituras e escritas marxistas. Aí, Rosa apresenta-se com propostas sincréticas, ao estabelecer uma relação de aproximação entre o indivíduo e o colectivo, entre a unidade e a liberdade, que muito tem dividido os mais recentes pensadores contemporâneos. Oiçamo-lo:
Se as civilizações primitivas conheceram a unidade sociocósmica que poderíamos considerar perfeita, porque não hão-de os homens um dia criar uma sociedade una e livre, sem que um trabalho penoso e alienatório os impeça de realizar as suas potencialidades humanas? A aliança da unidade e da liberdade parece-me o ideal histórico mais adequado à humanização social do homem.

segunda-feira, abril 25, 2011

Pórticos incendiados na A22

Hoje, dia 25 de abril de 2011, alguém decide incendiar três estações de pórticos de cobrança de portagens na Via do Infante. A data simbólica da revolução, dita dos cravos, proporcionou a explosão popular de conquista de direitos, quebrada com a "normalização" da democracia parlamentar burguesa e o voto do povo. Alguém percebeu que, para além das formas de luta aceites na dita democracia, cabem as formas mais radicais da contestação popular contras as injustiças que nos condenam a ser passivos, depois escravos e finalmente nulos. (ler+)

domingo, abril 24, 2011

Um dedo que indica o futuro


A tentação de deixar a sua marca para a posteridade, e uma forma de prestigiar o seu trabalho, pois atrás de um vinha outro, levou o artesão das tégulas que forravam as cisternas de garum da Quinta do Lago, a desenhar com o seu indicador a ferradura da sorte, que me levou a encontrá-lo uns milhares de anos depois.

sábado, abril 23, 2011

Ação popular contra portagens


Não pude estar presente, mas é como se estivesse, ali no Tribunal Administrativo de Loulé, entregando uma acção popular de questionamento da legitimidade da cobrança de portagens. Aliás, os milhares de cidadãos e cidadãs que têm acompanhado a luta contra as portagens na Via do Infante, sentem-se seguros com esta gente, que tem sabido ultrapassar divergências, tem conseguido alargar forças e tem gerido de forma transparente a luta que é de todo o Algarve.

sexta-feira, abril 22, 2011

Leituras

Os veículos de tracção animal (devo estar a citar o João Catatau das lições de código) por cá têm rodas que é um dispositivo redondo inventado muito antes do FMI e são puxados geralmente por seres chamados bestas. Há também os carros puxados por uma junta de bois, mas esses são muito lentos e fazem uma bucólica chiadeira. Depois há, carroças, galeras com fueiros e sem fueiros. Nas versões urbanas, e sempre puxadas por cavalos, podemos recordar o barouche, a caleche, a biga (em italiano biga mia), a charrete, a carruagem, o coche e por aí fora. [ler+]
A Troika explicada às bestas. Indispensável!

Manifesto dos 74

Se nos roubarem Abril, dar-vos-emos Maio! (link)

Para quem nasceu antes de 1974, e não comunga da ideia de que nos velhos tempos é que era bom, é sempre motivo de orgulho ver nascer um movimento que agrega gente nascida após 74, cheia de força para juntar mais força contra a crise do estado social e para forçar, ainda mais, a crise do novo capitalismo. Em post abaixo, falava dos movimentos sociais como cogumelos que emergem a partir dos esporos da cidadania participativa e activa, algo que pode mudar a face de Portugal. E se não for outro Abril, será um Maio qualquer.

quarta-feira, abril 20, 2011

Luzalgarve sem portagens, claro!




Uma paragem de alguns dias no barlavento do Algarve. Praia da Luz, local de lazer da adolescencia e de trabalho adulto na energia solar em vivendas da burguesia rica inglesa. Desta vez, gozando os dias dificeis da classe media, mesmo sem portagens na Via do Infante. (escrito em teclado de ecra Magalhaes e sem acentos)

sexta-feira, abril 15, 2011

Da casa para a rua

Aí está, mais uma vez, a blogosfera (agora esquecem-se dela, em troca das redes sociais) a marcar a agenda de discussão política. Em tempos, conhecemos muitas transferências do éter da escrita teórica isolada e do pensamento mais ou menos crítico para a acção política, na vida partidária ou nos movimentos sociais. Por agora, queria chamar-vos a atenção para o programa de revolta social do João Martins (um dos seus posts deu origem a uma excelente troca de opiniões com Vitor Aleixo) e para a ida futura de Francisco José Viegas para a próxima Assembleia da República. Não tenham medo, não tenham nenhum medo! (link)

quinta-feira, abril 14, 2011

Ramos Rosa


Um dos nossos grandes poetas, marcado sempre pela solaridade do sul e pela cintilação das estrelas que flamejam nas açoteias foi, esta tarde, mais uma vez partilhado connosco na apresentação do seu último livro, na reitoria da Universidade do Algarve. A obra chama-se Prosas seguidas de Diálogos, publicada pela 4Águas, editora algarvia da responsabilidade do poeta Esteves Pinto, que referiu o trabalho de edição. A minha colega Adriana Nogueira deu uma magnífica aula aos seus alunos, através das referências greco-latinas do poeta, lendo e animando alguns dos excelentes excertos do livro. Indispensável o complemento da curta metragem de Adão Contreiras, numa visão directa, presente e crua do poeta desnudado em sua casa.
Que importa que as vozes dos senhores continuem sempre soberanas, sempre fluentes, sempre totalitárias? A grande revolução não será feita pelas palavras deles mas quando o silêncio impregnar as palavras para que nelas transpareça o que está para além das palavras. Sim, nós não sabemos ainda, ainda não começámos sequer. Apenas sabemos que a metamorfose do silêncio mudará o mundo, porque o mundo deixar-se-á ver tal qual ele é, e nós seremos outros. (p. 10)

quarta-feira, abril 13, 2011

Movimentos sociais em sintonia

Os movimentos sociais tendem a ser solidários e cruzados entre si. As redes sociais físicas que se vão, obrigatoriamente, estabelecendo nos processos de luta e de mudança, aproximam os indivíduos colectivos que compõem as suas dinâmicas. A prova está no excerto abaixo, que mostra o apoio dado pelo movimento Geração à Rasca, do Algarve, ao movimento contra as portagens na Via do Infante. Excelente notícia:

A nível regional, e sem pretender “protagonismos, nem nomear líderes” os promotores do movimento geração à rasca no Algarve apoiam a iniciativa cívica contra as portagens na Via do Infante, mas também querem incentivar a participação no governo autárquico, "através de uma maior participação dos cidadãos nas assembleias municipais e de freguesia". [ler+]

terça-feira, abril 12, 2011

Pressão na Andaluzia contra portagens na A22

Como se esperava, a mobilização dos utentes andaluces para a luta contra as portagens constitui um facto decisivo para a resolução deste problema, ou seja, a sua suspensão definitiva. Após a grande marcha de protesto do passado sábado, 9 de abril, os partidos na Andaluzia estão a tomar posições de pressão com vista ao mesmo objectivo do Movimento de Luta algarvio. Ora leiam:

El Partido Popular ha registrado una moción de urgencia en la Diputación Provincial de Huelva para tratar de impedir que Portugal establezca el cobro de un peaje a más de 400.000 turistas y 300.000 transportistas que transitan por la A-22, autovía que enlaza la Costa de Huelva y el Algarve luso [ler+].
El PSOE va a presentar una Proposición No de Ley (PNL) en el Congreso de los Diputados al objeto de que el Gobierno realice las gestiones correspondientes para trasladar al Ejecutivo portugués "la inconveniencia" de poner en marcha un peaje en la autovía A-22 de Portugal [ler+].

Nobre contra portagens, no PSD

foto: AAlmeida

Fernando Nobre, que tem feito da cidadania a sua bandeira política, será o cabeça de lista do PSD por Lisboa (link). A mim nunca me convenceu. Mais ainda quando, em conjunto com o meu amigo Almeida o questionámos sobre a sua posição quanto às portagens na Via do Infante. Na altura, no mercado de Faro, em campanha eleitoral, o actual candidato à presidência da Assembleia da República (PSD dixit), foi claro: sou a favor da solidariedade nacional e por isso sou a favor das portagens no Algarve. Está tudo dito!

domingo, abril 10, 2011

Três questões à marcha do Guadiana

Estas três imagens respondem a algumas questões colocadas à marcha de Protesto do Guadiana:
i) A presença dos nossos companheiros da Andalucía, plasmada na presença e no discurso jovem, moderno e socialmente interventivo de Antonio Rodriguez, alcalde de Ayamonte, mostra que a luta interessa aos dois lados da fronteira coletável. Sem a passagem gratuita dos europeus que circulam na ponte internacional, a economia do Algarve estiolará muito em breve e o desemprego no sul de Espanha vai piorar em escala perigosa.
ii) A presença de Francisco Amaral, presidente da Câmara de Alcoutim, entre outros presidentes e ex-presidentes que já compareceram nas marchas anteriores, só acentua a obrigação dos autarcas algarvios assumirem de vez a sua oposição à cobrança de taxas na Via do Infante; para isso foram eleitos.
iii) O movimento também se faz de convívio, coesão e consciência social e nada como umas caracoletas para justificar a adesão algarvia ao protesto social.

Algarvios e andaluces na mesma luta

O protesto que hoje uniu automobilistas portugueses e espanhóis na Ponte do Guadiana contra a introdução de portagens na A22 registou uma fila de 3 km e foi acompanhado por dezenas de elementos da GNR e outros tantos da Guardia Civil. Ler+.

sábado, abril 09, 2011

Ecos andaluces em Portugal


Representantes dos partidos políticos espanhóis Izquierda Unida (IU) e Partido Popular de Ayamonte criticaram hoje a decisão do Governo português de portajar a Via Infante, no Algarve, por recearem graves prejuízos económicos para a província de Huelva.

Numa conferência de imprensa conjunta realizada em Ayamonte com elementos da Comissão de Utentes da Via Infante (A22), António Miravent Martín (IU) e José Maria Mayo (PP) consideraram necessário alertar a população espanhola para a necessidade de combater a introdução de portagens na Via Infante, frisando que os efeitos negativos da medida vão sentir-se dos dois lados da fronteira. Ler+

sexta-feira, abril 08, 2011

Rueda de prensa

A Comissão de Utentes da Via do Infante realizou, hoje de manhã, uma rueda de prensa na Casa da Cultura de Ayamonte com amigos espanhóis, representantes de partidos e eleitos locais, e ainda empresários da Andaluzia. A iniciativa mostrou a motivação de nuestros hermanos na solidariedade que irão manifestar amanhã, na grande marcha de protesto do Guadiana, que pretende contestar a introdução de portagens na Via do Infante. O presidente dos empresários onubenses afirmou que, durante um ano, atravessam a ponte internacional do Guadiana cerca de 25 mil camiões espanhóis e cerca de 300 mil turistas provenientes do aeroporto de Faro.

quinta-feira, abril 07, 2011

As lutas sociais dos dois lados do Guadiana


(Clicar sobre as imagens para expandir)

Se tivéssemos uma burguesia empresarial decente, talvez fosse possível, em tão pouco tempo, mobilizar empresários e trabalhadores contra a injustiça das portagens nas SCUT, como se está a fazer na Andalucía. Se tivéssemos uma imprensa livre de pressões da publicidade e dos jogos do poder económico, talvez fosse possível, em tão pouco tempo, escrever algo do tipo do que publica o Huelva Información. Temos ainda muito caminho a percorrer na cidadania e na organização social, no Algarve.

Vitória contra as portagens, mas a luta continua


Correndo o risco de inconstitucionalidade, o Governo decidiu adiar a cobrança de portagens previstas para 15 de Abril, entre as quais a da A22 (ver aqui). Contudo, o movimento social contra as portagens na Via do Infante não desmobiliza com esta pequena vitória do adiamento. Ao contrário, alarga-se ao movimento de contestação de empresários e cidadãos/ãs da Andaluzia, que irão participar em força no Protesto de 9 de Abril. Assim se mostra que a luta é de toda a gente, sem fronteiras de língua, contra as injustiças do capitalismo.