terça-feira, abril 26, 2011

O uno e o múltiplo de Rosa

Voltando à excelente obra de Ramos Rosa, «Prosas seguidas de Diálogos», de que li mais alguns diálogos para-socráticos, em que o autor dialoga com o seu espelho "Mário", encontro a veia sempre anarquista, mas fundamentada em muitas leituras e escritas marxistas. Aí, Rosa apresenta-se com propostas sincréticas, ao estabelecer uma relação de aproximação entre o indivíduo e o colectivo, entre a unidade e a liberdade, que muito tem dividido os mais recentes pensadores contemporâneos. Oiçamo-lo:
Se as civilizações primitivas conheceram a unidade sociocósmica que poderíamos considerar perfeita, porque não hão-de os homens um dia criar uma sociedade una e livre, sem que um trabalho penoso e alienatório os impeça de realizar as suas potencialidades humanas? A aliança da unidade e da liberdade parece-me o ideal histórico mais adequado à humanização social do homem.