segunda-feira, fevereiro 28, 2011

Conversa barroca sobre tomates

As conversas de café são uma das fontes de inspiração fundamentais para a blogosfera. Não há blogger que o não saiba. São curtas, voyeuristas e anónimas. Alguns dos posts aqui colocados vieram dessa inspiração. Algumas podem mesmo ser colocadas em discurso directo:

Ele (ao telemóvel): Preciso que me substituas as lâmpadas da loja em Lagoa. Agora, que 'eles' puseram as portagens na Via do Infante a partir de 15 de Abril, vamos ter muito mais gente a passar por lá!
A isto se chama um empresário atento, venerando e obrigado ao governo do PS. O capitalismo vive da desgraça dos outros e nada como criar mais crise para inventar alternativas de negócio mais iluminadas. Mas esta conversa (verdadeira) ouvida, hoje em Quarteira, da boca de um empreendedor que também disse ter uma loja em Loulé, obteve um belo remate da companhia que, com ele, partilhava uma fresca cerveja:

Ela (para ele): Por que carga de água é que tenho de ser eu a ir fazer essas compras? Vai tu, que passas o tempo a coçar os tomates!

Verdadeiramente, penso que ela é que os tem no sítio.

sexta-feira, fevereiro 25, 2011

A Costa dos Murmúrios


A Costa dos Murmúrios, 4º livro de Lídia Jorge, tem comigo uma relação de amor-ódio. Explico. Li entusiasmado, assim que foram editados, os seus dois primeiros livros, O Dia dos Prodígios e O Cais das Merendas. A Costa dos Murmúrios deixou o contexto barroco do Algarve e entrou na cena problemática das feridas da guerra colonial. A abordagem da autora era muito simbólica e metafórica, como se esperaria, mas os gritos de repulsa da guerra eram ténues e muito femininos. E a narrativa, em duas partes, perdia-se em rodriguinhos de muito pensamento, sem base de ação que a suportasse. Por isso o livro ficou parado, ali a páginas cinquenta, durante muitos anos na minha estante. Por estes meses, e em tempo de comemorações louletanas, vinte anos após (os mesmos que separam a noiva Evita, da narradora Eva Lopo) peguei e larguei o livro, de novo. Terceira tentativa, por culpa do filme homónimo da Margarida Cardoso, que esquece as memórias adultas de Eva Lopo, e filma cruamente a ação colonial dos anos 60. E acrescenta o que faltava no livro: uma crítica simbólica mas expressionista da guerra, que matou e feriu muita gente dos dois lados da barricada. Talvez fosse preciso esperar pelo século XXI para olhar de outra forma A Costa dos Murmúrios e para me obrigar a terminar a leitura da obra.

quinta-feira, fevereiro 24, 2011

Que fazer com os aniversários?

O tempo passa, e à medida que envelhecemos vamos deixando as comemorações e os aniversários para os mais novos. É o caso deste blogue, que se esqueceu de anunciar que no passado dia 19 de fevereiro fez 7 aninhos na blogosfera.