sexta-feira, maio 30, 2008

Teatro Análise de Loulé

Parece que foi ontem. Em 1983 integrava, com alguns amigos e outros menos conhecidos, uma Oficina de Formação Teatral com os actores do Teatro Laboratório de Faro, Luís Aguilar, Isabel Pereira e José Louro. Por motivos pessoais e profissionais não terminei a formação, mas vim a assistir à produção colectiva Cena Vazia que o curso apresentou em Faro, no velho edifício dos Correios. Nesse ano ainda, a partir de um grupo de jovens formandos de Loulé, nasce o TAL, Teatro Análise da Casa da Cultura de Loulé. O grupo faz agora 25 anos, tanto tempo já. Parabéns à Manuela, ao Teiga, ao Quim Mealha e ao Clareza... O Canal do Sul edita uma reportagem vídeo sobre o aniversário. Depois de aceder ao site, clicar no vídeo "Os 25 anos do TAL" (link).

Música de Tradição Oral

Abri mais uma secção no sidebar do blogue, intitulada Música de Tradição Oral. A ideia é disponibilizar, graciosamente, a audição de temas da música tradicional de transmissão oral, por mim recolhidas, permitindo o usufruto do melómano e/ou a investigação da temática, a partir do descarregamento na plataforma onde estão alojadas. Há alguns meses, tinha já carregado dois temas do álbum «Velhos da Torre e Amigos», e um tema do álbum «Outras Músicas», editados pela Câmara Municipal de Loulé, sob a minha coordenação. Só agora foi possível indicá-los ali ao lado, a partir do tema "Marcadinha", de Analide Santos, exímio tocador de harmónica e castanholas de Alte, infelizmente já falecido. Assim, esta novidade é também uma homenagem da minha parte. Em breve carregarei, na plataforma, mais espécimes musicais.

Os patriotismos do Euro

A crónica, que publicarei na minha coluna Treinador de Bancada em A Voz de Loulé, do próximo dia 1 de Junho, tem muito de similitude com isto:
O Público de segunda-feira trazia uma interessante reportagem que juntava especialistas em futebol, como Humberto Coelho ou Bruno Prata, e completos leigos que pouco ou nada sabem sobre bola, como José Diogo Quintela ou Artur Jorge. Afinal de contas, já só faltam 23 dias para o jogo de abertura. Não temos muitos dias para iniciar a nossa preparação, enquanto adeptos. Em meados de Junho, teremos de estar com os níveis de patriotismo no ponto certo para apoiar os jogadores da selecção nacional e suportar com denodo a desilusão que eles vão proporcionar-nos desta vez. Todo o tempo é pouco. Ler +

quarta-feira, maio 28, 2008

Tyto Alba

Em pleno Alentejo, uma Coruja das Torres voava, cansada e ofuscada, em plena tarde de sol. Capturei-a, apenas para que a minha esposa pudesse registar a sua beleza, emprestada naquele dia. Depois, soltei-a para a noite que se aproximava.
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terça-feira, maio 27, 2008

Pollack

Habituei-me a gostar dos filmes de Sidney Pollack, não tanto pela realização (e de muitos recordo África Minha ou Tootsie, que quase toda a gente viu), mas sobretudo pela capacidade de ele se colocar dentro do filme, para lá do interior da câmara de filmar. Essa competência em se expor, fez dele um outro Hitchcock, não tanto pelo humor do personagem, mas mais pela afectividade com os outros personagens.

sexta-feira, maio 23, 2008

Guantánamo

O governo continua a meter a cabeça na areia. E ainda por cima se arma em avestruz arrogante. Desde há cerca de um ano que recusa confirmar os voos da CIA no espaço aéreo português, sobretudo os que tiveram origem e destino na prisão americana de Guantánamo. Hoje, finalmente, confirmou a passagem de 56 voos entre Julho de 2005 e Dezembro de 2007. Desses, 55 eram militares. Daqui a um ano confirmará que nesses aviões viajaram prisioneiros muçulmanos acusados de terrorismo pelos EUA.

quarta-feira, maio 21, 2008

Memória de José Vieira

O último Laboratório da Memória, iniciativa da Divisão de Cultura e História Local da Câmara de Loulé (CML), foi dedicado a José Cavaco Vieira. Este altense é sobejamente conhecido e, por isso, a conversa à volta da biografia e significado social desta personalidade assentou mais numa leitura sócio-antropológica do que na narração de datas e acontecimentos significativos da sua vida. O problema é que a sua cronologia de 98 anos foi tão preenchida que não se pode interpretar a personalidade sem perceber a sua circunstância, como defendia Ortega y Gasset. No encontro, tive a oportunidade de alinhavar algumas ideias que me parecem chave para perceber José Vieira, e o seu papel na história de Alte e do Algarve. A propósito, recordo algumas palvaras que escrevi, como coordenador da edição, na introdução à obra «Conversando a Vida Toda», lançada no âmbito das comemorações do centenário de Vieira, em 2003, e que a CML distribuiu graciosamente no encontro:

José Cavaco Vieira nasceu em Alte, em 1903 e morreu na mesma aldeia, no ano de 2002. Faria 100 anos no dia 23 de Novembro do corrente ano.
A propósito das comemorações do centenário do nascimento de José Cavaco Vieira, ilustre cidadão altense, ocorreu-me pensar no, também ilustre, poeta que abriu caminho àqueles que por obras valorosas se foram da lei da morte libertando. Talvez porque Vieira tenha percorrido todo o século XX, vivendo diversos contextos sociais e políticos, sempre, mas sempre, com um valor intrínseco e elevado: fazer o bem! A sua vida pautou-se por uma multifacetada diversidade histórica, equilibrando diversas dimensões humanas: por um lado uma dimensão humanista; por outro lado uma dimensão comunitária; ainda uma dimensão artística ecléctica; e finalmente, uma dimensão ecológica e histórica.

quinta-feira, maio 15, 2008

Treinador de Bancada #8

O Capitão-mor da armada portuguesa

Estava eu descansado, com a crónica já escrita do “Apito Dourado”, quando senão param todas as máquinas. Vinha aí a conferência de imprensa do seleccionador de futebol da equipa das quinas. E logo às 20 horas, horário de abertura de todos os espaços informativos das televisões públicas e privadas. É claro que ninguém ficou de fora, estavam lá todos, julgo eu, que estava em trânsito e limitei-me ao rádio do carro. Mas, pelo que vi depois, ninguém deixou de apresentar em directo e ao vivo, da terra do presidente da Associação Nacional de Municípios, as sábias palavras do presidente da Federação Portuguesa de Futebol e do seu escolhido. A propósito, quem tem olhos na cara e ouvidos bem abertos já percebeu que não reina confiança e esperança na voz embargada e triste do presidente federativo. A ideia de Scolari como salvador da pátria já foi chão que deu uvas. Aliás, não deu uvas nenhumas, como se sabe.

Mas o que levou a tanta emoção nos media nacionais, para que todos estivessem em directo de Viseu? Bem, a resposta é simples: ouvir a lista de 23 jogadores da equipa de Portugal que, na Áustria/Suíça, irão disputar o Europeu de Futebol. Como isto não tem qualquer novidade, os jornalistas fazem da vulgaridade do acto a descoberta do Brasil. E perguntam, rápido e certeiro, pela ordem do sorteio de perguntas na sala: por que razão o Maniche, que foi o melhor marcador das duas campanhas anteriores, não estará nos convocados; para que serve o Helder Postiga, que praticamente não jogou esta época; qual o papel do Ronaldo, se afinal ele não tem a equipa do Manchester em campo, a seu lado; e, finalmente, por que raio continua o Ricardo a ser titular da baliza? Como se percebe, um verdadeiro acto de estado, a conferência de imprensa da Federação Portuguesa de Futebol.

Bom, mas sejamos justos. Lá que houve novidade, houve mesmo. Ficamos a saber que é agora que a disciplina militar vai ser imposta. E, para isso, a equipa não vai ter um, nem dois capitães, mas sim cinco. Ouviram? Cinco! Scolari, grande estudioso da história do Brasil (e, que saibamos, andou a ler recentemente a «Carta a El-Rei D. Manuel sobre o achamento do Brasil», de Pêro Vaz de Caminha), lembrou-se de capitanear a armada com os émulos dos descobridores portugueses. Vai daí, foi só fazer a lista: Gil Eanes, Bartolomeu Dias, Vasco da Gama, Fernão de Magalhães…Só faltava um, para ele o mais importante, aquele que se diz ter descoberto o Brasil. Uma terra que já lá estava, há muito, povoado de índios “pardos, maneira de avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos. Andavam nus, sem nenhuma cobertura, nem estimam nenhuma coisa cobrir nem mostrar suas vergonhas”. Foi esta inspiração, plasmada na Carta, que levou Scolari a revelar apenas o nome do capitão-mor da selecção de futebol, de seu nome Ricardo Carvalho. Parece que o próprio nem sabe, ele que lá anda nos relvados do “velho império onde o sol nunca se punha”. Um capitão que, provavelmente, não o quer ser, pois sabe que Colunas não nascem todos os dias.

Bem vistas as coisas, da selecção entenda-se, e olhando as bandeiras chinesas, já muito esfarrapadas, pendentes de janelas e mastros, percebe-se o que nos espera: um movimento de adesão patriótica em torno da equipa de todos nós, uma coesão de valores nacionais entre homens e mulheres, velhos e novos, e ricos e pobres. Só a nossa selecção de futebol poderia conseguir tal feito. Eu até me oferecia para escrever a carta do achamento da Áustria e da Suiça, mas acho melhor não embarcar.

Vou ali jogar à bola com os meus filhos e já volto…

(A Voz de Loulé, 15 Maio 2008)

domingo, maio 11, 2008

Microconto

O umbigo
Estávamos a ensinar o M a fazer sexo. Ele esbracejava entre a roupa da C, sempre disposta a estes prazeres adolescentes do corpo, procurando o sítio certo. Era mais que certo que não sabia onde o procurar, era caloiro na matéria. (...)

Leia o resto do meu microconto na revista minguante nº 10, de Maio de 2008 (link). E divulgue-a (link).

terça-feira, maio 06, 2008

Treinador de bancada

A Fórmula dos dois milhões

Tiago Monteiro recebeu dois milhões de euros para rodar o seu carro na Fórmula 1. Todos nós sabemos o que são dois milhões de euros, mesmo não os tendo visto na nossa mão. Um exercício, fácil de comparação, será pensarmos que esse número corresponde, grosso modo, a dois milhões de pessoas no limiar de pobreza, já que um euro será o mínimo de subsistência para cada pessoa, por dia, nos países pobres e desfavorecidos. Outro exercício deveras interessante, seria o de confrontarmos o que receberam modalidades olímpicas representadas no Comité Olímpico Português, no qual se integram centenas de atletas: dois milhões e duzentos mil euros, para o mesmo período.

Agora, meus amigos, eu direi o que vocês já sabem: os tais dois milhões, que serviram ao piloto português nos anos de 2005 e 2006 nos campeonatos do mundo, foram endossados pelo governo de Portugal. Simples e limpo, como manda a cultura do défice. Melhor, há vida para além do défice, como diria o ex-presidente Jorge Sampaio.

A história é mais simples de contar do que perceber. Como os patrocinadores se estiveram nas tintas para dar o dinheiro à Jordan, e mais tarde à Midland, empresas de gestão do piloto (caramba, o que se aprende na alta roda do desporto, meus senhores), alguém teve que entrar com o dinheiro dos contribuintes. Quem é que governa o dinheiro dos contribuintes? Vocês sabem, o governo, pois claro. Primeiro o de Santana, que prometeu o “apoio incondicional ao piloto”; depois o de Sócrates que “não pode deixar de honrar compromissos”, como se sabe. O actual, diz que a culpa é do anterior, mas toda a gente diz que afinal os contratos de pagamento foram assinados de livre vontade. Na berlinda da defesa do acordo, lá estão o ministro da presidência, Silva Pereira e o sempre presente secretário de estado do desporto, Laurentino Dias. A piada de todo este imbróglio é que se o anterior governo não tivesse caído, a avaliar pelas promessas do ex-ministro adjunto Gomes da Silva, o financiamento do governo ao atleta teria sido de seis milhões de euros. Pasmem, por favor. Como se veio a verificar, as empresas que suportariam esse acordo jogaram pelo seguro e deixaram o carro de Tiago Monteiro a correr em família.

Mas o que leva um governo a financiar um piloto de Fórmula 1, perguntam vocês e bem. A resposta é clara, simples e patriótica: trata-se de uma “oportunidade única para potenciar a imagem de Portugal no mundo”. Foi esta ideia, tão saloia quanto pseudo-identitária, que movimentou tanta gente de dois governos, na passagem do cheque do Instituto de Desporto de Portugal para as mãos da CSS Stellar, gestora da carreira do piloto. Tratou-se, portanto, na filosofia megalómana dos dois governos envolvidos, de “um desígnio de alto interesse para o país”. Como todos sabemos, as razões foram mais prosaicas. O dinheiro serviu, apenas, para pagar as dívidas do piloto, à equipa canadiana que o tinha suspenso da competição em 15 de Julho de 2006, de forma a não abandonar a Fórmula 1. Um desporto, que tantas alegrias tem dado a Portugal, não é verdade?! Segundo se diz, o contrato de financiamento dos dois milhões de euros não estipula qualquer obrigação do piloto de publicitar a marca Portugal.

Agora, sabem o que seria interessante? Dar a ler esta crónica a Ana Rente, atleta do Lisboa Ginásio Clube, ginasta campeã da Europa de juniores em 2004, a João Costa, atirador da Naval 1º de Maio, 7º lugar nos Jogos de Atenas, a Sílvia Cruz, lançadora de dardo do Sporting, que prepara a sua primeira participação nos Jogos, ou a Vanessa Fernandes, com 19 vitórias em taças do mundo de triatlo. Não alonguemos a lista…

(A Voz de Loulé, 1 Maio 2008)

sexta-feira, maio 02, 2008

Maio 68

O "Maio de 68", em França, foi há 40 anos. Uma apresentação de imagens, de cartazes marcantes desse tempo de mudança radical, pode ser vista em slideshow na plataforma do Sapo (link).