segunda-feira, fevereiro 04, 2008

O Entrudo e o Carnaval

Agora que , finalmente, se questiona o figurino do chamado carnaval (ver editorial de Luís Guerreiro na Voz de Loulé de 1 Fevereiro), ou se propõem novos formatos de comemoração ritual das tradições populares do entrudo, acho importante repescar o meu pequeno ensaio publicado na coluna Contrasenso, em A Voz de Loulé, de 1 de Março de 2004. Quatro anos depois, fico contente por ver que se discutem estas questões.

O Entrudo e o Carnaval
O Carnaval de Loulé costuma ser separado entre o carnaval dito “civilizado” e o outro que não o seria. São pouco conhecidos os epítetos sob os quais seriam designadas as práticas dos carnavais anteriores a 1906 – data em que a comissão de festejos, decide fazer do carnaval um recurso financeiro para a Misericórdia local – mas Freitas (1991: 166, 176) dá-nos muitas respostas. Expressões como “a brutalidade do velho carnaval”; “a machadada de morte no velho «Momo»”; “se jogava agressiva e grosseiramente ao indecoroso Entrudo”, são exemplos da transformação do Entrudo no chamado Carnaval civilizado. Esse mecanismo de transformação, assumiu desde sempre a ideologia da normalidade, da hierarquia, da disciplina, da contenção, como princípios da monarquia e, mais tarde, do Estado Novo. A própria expressão de carnaval, é de origem erudita e importada dos festejos urbanos de países centrais da Europa.


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