domingo, julho 29, 2007

Sem muros

Já é madrugada de domingo e mais logo quero estar cedo nas Dunas com a família, mas queria deixar-vos a leitura de Miguel Portas, mais um amigo nóvel na blogosfera.

sábado, julho 28, 2007

Exemplos

Sentei-me no banco instável de madeira, a imitar um assento de jardim, ali mesmo no centro de toda a literatura de supermercado. Enquanto os meus filhos deitavam abaixo os livros das estantes juvenis ou viam os brinquedos do consumo de massas e a minha mulher fazia as compras da semana (já sei, desculpem lá, mas eu não sou homem de andar a escolher iogurtes e a pesar batatas), eu lia avidamente os contos restantes de Max Aub nos “Crimes Exemplares” da Antígona, que tinham ficado das últimas duas surtidas:

Desde que nascera o miúdo só sabia chorar, de manhã, à tarde e até à noite. Quando mamava e quando não mamava; quando lhe dávamos o biberão e quando não lho dávamos; quando íamos passear com ele e quando não íamos; quando o embalávamos para adormecer, quando lhe dávamos banho, quando lhe mudávamos a fralda, quando saíamos e quando voltávamos para casa. E eu tinha que acabar aquele artigo. Prometera entregá-lo até ao meio-dia. Era uma obrigação para com o meu confrade Rios. E eu cumpro as minhas promessas. E o miúdo chorava, chorava, chorava, E a mãe... Bom, mais vale não falar da mãe. Atirei-o pela janela. Asseguro-lhes que não havia outra solução.

Superstars


David Fonseca canta e realiza o videoclip. O assobio é genial:

sexta-feira, julho 27, 2007

?

O que é que tenho andado a fazer? A arrumar papéis na secretária, a dar notas aos alunos, a guardar livros e fotocópias da tese de mestrado (ah Umberto, como te compreendo), a pôr papelada em ordem. Não imaginam o que fica na ressaca de leituras, escritas e boa vida. Imaginem o resto...

terça-feira, julho 17, 2007

Povo, essa entidade inóspita

Um dos elementos do júri da minha tese, hoje de manhã (ver aqui), questionou-me sobre o uso da expressão, na p. 46, "povo, essa entidade inóspita". A minha explicação foi sociológica e usou muito da teoria da nova historiografia francesa sobre o assunto. Mas, num sentido mais prosaico, poderia dizer que povo são todos aqueles que de Cabeceiras de Basto a Teixoso vieram apoiar a eleição de António Costa para a Câmara de Lisboa, depois de terem (alguns deles) passado por Fátima. Uma explicação empírica pensada a partir desta leitura.

Rir

E agora, para desanuviarmos um bocadinho (até porque me ri às gargalhadas), deixo-vos um sketch de humor verdadeiramente cinéfilo de Hugh Laurie (Dr. House, pois claro) e Stephen Fry:



[Fornecimento de mister Markl]

Modéstia à parte

Hoje, de manhã, realizei as provas públicas de defesa da minha dissertação de mestrado na Universidade de Sevilha. A tese, com o título "Encruzilhadas do desenvolvimento comunitário. Memória social numa aldeia do barrocal do Algarve (Portugal)", obteve do júri internacional a classificação máxima de sobresaliente. Como passei muitas horas a vogar por aqui, a blogosfera merece também o meu agradecimento particular.

sexta-feira, julho 13, 2007

Machado

......Quem......precisa.........de............explicações............(à moda de Brás Cubas)?

quarta-feira, julho 11, 2007

Terá sido mesmo assim?


Nuno Ramos de Almeida (5dias) propõe outro título para o livro de Zita Seabra, já comentado neste blogue. "Não foi assim" é o nome que sugere para justificar o comentário da sua leitura. Deixo-vos um extracto que confirma o que eu disse no post referido: «(...) Mais grave é a pseudo-descrição da chegada de Cunhal a Lisboa que fez na entrevista à RTP 1. Aí é garantido que Cunhal encenou a subida ao cimo do tanque para representar uma repetição da chegada de Lenine a Petrogrado. Todos os testemunhos históricos negam essa vontade de orquestrar. Cunhal subiu de facto a um Chaimite a convite de Jaime Neves, por não haver outro sítio onde pudesse falar à multidão (...)»

Seeing voices



O Artur Ribeiro, cineasta de Loulé, mas mais novaiorquino, prepara um projecto interessante. Vejam o diário de bordo [visto aqui]

terça-feira, julho 10, 2007

Ilha Deserta

Foi no "Estaminé", na Ilha Deserta, que fizémos o copo de água do nosso casamento. Combinei com o Zé Rita (José Vargas), como lhe chamamos, que só servisse produtos do mar. E assim foi: peixe grelhado, marisco, bivalves; nada de carnes. A viagem decorreu no Sultana, a embarcação que navega de Faro até à ilha, que o Rita e a Isabel transformaram num local paradisíaco, onde só se vai de barco ( e a minha família, de canoa). Nesse dia já longínquo de Outubro de 1994, havia uma brisa marítima de iodo, um golfinho morto na praia e a música dos Entre Aspas ainda inédita do 2º álbum. A noite só escureceu o dia, nunca as almas. Hoje que se fala do novo "Estaminé", eu aplaudo.

A balada do mar salgado

Tinha 10 anos, quando nasceu.

domingo, julho 08, 2007

Simbólica infantil

Restos da maré iconográfica de domingo
[escultura de Tomás e Daniel Raimundo]

sábado, julho 07, 2007

A memória reconstruída

Zita Seabra, ex-militante do PCP e actual deputada do PSD, publicou recentemente um livro de memórias sobre o tempo da sua militância no partido de Cunhal. Ainda não o li (espero fazê-lo no verão a que tenho direito), mas na entrevista que deu a Judite de Sousa percebeu-se o óbvio. Zita Seabra narra as suas recordações como se elas tivessem acontecido ontem, com uma descrição e efabulação prodigiosas. Não podemos acreditar. Mesmo entendendo que muitos dos acontecimentos estarão documentados, o que se prova é que Zita Seabra o que faz é interpretar os factos do passado à luz do presente. Aliás, o que os estudos sobre a memória têm vindo a provar. O que ela faz (como qualquer um de nós faria, perceba-se) é elaborar uma interpretação do passado de acordo com os seus quadros político-ideológicos do presente. Por isso, aquela história da caixa de bombons oferecida a Cunhal é tão metafórica e romanesca. Quando penso nas minhas memórias desse período de há 30 anos atrás, o meu discurso mental conduz-me inevitavelmente a uma elucubração de manipulação da memória. Também o que pretendo provar, na minha tese de mestrado sobre a memória social numa aldeia do concelho de Loulé, é que a memória é sempre reconstruída de forma a definir um cariz identitário mais de acordo com a modernidade do presente. O livro de Zita Seabra deveria chamar-se: “Eu penso que foi assim”.

sexta-feira, julho 06, 2007

Agradecimento devido

Há algumas semanas atrás Carlos Albino, jornalista do Jornal do Algarve e cronista do SMS no mesmo jornal, escreve de forma encomiástica sobre o meu pequeno ensaio a propósito do poeta louletano Casimiro de Brito, publicado na revista al-‘ulià, do Arquivo Municipal de Loulé. Devo agradecer e remeter-vos para o blog do SMS.

quinta-feira, julho 05, 2007

Bernardo de Passos

Pois, a blogosfera é isto. Pesquisando alguns termos, na web, para a preparação da defesa da minha tese, encontro o meu nome num blogue de S. Brás de Alportel. Em tempos tinha escrito e publicado, no barlavento, uma crónica cruzando o poeta Bernardo de Passos, a escola com o seu nome, a gastronomia e a bandeira de Portugal. É justo que a crónica seja publicada aqui (a 8 de Março). É a democracia meus amigos.

quarta-feira, julho 04, 2007

Lodge

Estou lendo, pela primeira vez, David Lodge, apesar de ter quase todos os seus romances. "O Museu Britânico ainda vem abaixo" é uma obra de 1965, da altura da revolução sexual. Uma das melhores leituras de verão, à inglesa: parágrafos curtos, sem empáfia e cheios de dados culturais fundamentais. Ah, se Mário Cláudio soubesse escrever assim!

Festival Med

Em breve escreverei sobre o Festival Med, enquanto paradigma de uma certa mercadorização cultural das raízes mediterrânicas. Um equívoco, a meu ver e que não durará muito. Entretanto, pode-se ir lendo algo por aqui.

terça-feira, julho 03, 2007

No mínimo


Era uma das minhas revistas online favoritas e estava ali no sidebar há muito tempo. Lia-a com muita regularidade. Finou-se no dia 29 de Junho, com muita pena nossa (soube-o pelo FJV).