sexta-feira, agosto 25, 2006

Visões sobre a poluição nas praias de Loulé

Noticiaram os jornais que as praias entre Quarteira e Quinta do Lago, no concelho de Loulé, estiveram interditas a banhos devido a uma larga mancha de poluição, acompanhada de mau cheiro. A interdição foi desencadeada pela Comissão de Coordenação da Região do Algarve, cujas análises detectaram valores poluidores acima da média estabelecida. Revolta nas praias. Nem a bandeira vermelha impede os banhistas de experimentarem caniços e água de esgoto, mesmo que isso implique a urticária do costume. Com um azul daqueles, mesmo que por ora mais escuro do que o costume, quem é que resiste a banhos?
Em pleno verão, numa área de competição pelos fluxos turísticos, as respostas querem-se prontas e sobretudo a descarregar água do capote. Se a alguém ocorre justificar o sucedido pela ineficácia do funcionamento da Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Vale do Lobo, apressadamente alguém diz logo que não: a estação é nova e não é culpada duma maldade destas. Quem é que paga então as favas? A ribeira de Carcavai, que deve desaguar ali, entre a praia do Trafal (e não Tarrafal – chiça – como lhe chamaram o DN e o JN; lá esteve o jornalista do Público para salvar a situação e repor a localização geográfica que os dois anteriores periódicos também mal informaram) e a de Vale do Lobo, há uns bons milhares de anos. Só que, agora, não tem caudal para ir ter ao mar. Fica-se por ali, durante o calor, a estarrecer água pantanosa e caniçal de junco, como quase todas as ribeiras do litoral sul do Algarve. O problema é que autarcas, governantes e gestores só se lembram delas no pico do verão, quando decidem mostrar os seus valores em coliformes, no meio dos corpos bronzeados dos banhistas.
Eu, que conheço aquelas águas há muito tempo, lembro-me de que nas semanas anteriores – entre 7 e 14 de Agosto, por exemplo –, havia comentado que elas mereciam uma análise séria. Porquê? As águas cheiravam mal e tinham uma mancha de poluição evidente. E que me lembre não tinha chovido, de modo a arrastar águas estagnadas da ribeira. Lembro-me ainda que nessa semana, em Vale de Lobo, aconteceu o Grands Champoins de Ténis* que levou milhares de turistas suplementares ao local, durante quatro dias. E o que é que o cú tem a ver com as calças, perguntam vocês. Talvez nada. Ou talvez tudo. Por isso, parece-me de bom-tom investigar como é que a ETAR de Vale de Lobo trata o que entra lá dentro. E o que é que manda, realmente, cá para fora.
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* Por lapso surge "Open de Golfe" no texto que publiquei no Público do passado dia 24 de Agosto (ler aqui). As minhas desculpas.

sábado, agosto 12, 2006