terça-feira, janeiro 31, 2006

Larry David himself


Hoje não foi neve que caiu do céu. Curb your Enthusiasm desceu, às 22.30h na 2:, balsâmica como um manto branco. Uma epopeia de gargalhada inteligente por causa de um nonsense vulgar: um raio de umas calças que "pregam" uma partida em área púbica.

FCP

Longe vão os tempos em que os adeptos do FCPorto batiam nos adversários!

segunda-feira, janeiro 30, 2006

"Declaração de interesses"

Confesso que, ontem, não vi a neve no meu telhado, nem sequer falei ou brinquei com ela!

sexta-feira, janeiro 27, 2006

Mozart em BD (actualizado)


Hoje, dia de Mozart * (faz 250 anos que nasceu), o Diário de Notícias publica, no seu suplemento "6ª", uma banda desenhada de José Carlos Fernandes sobre o imortal compositor do séc. XVIII. Uma prancha a preto e branco, como merece, sobre a chegada da morte à porta do músico: 35 anos de produção de obras primas que a morte, ansiosa da imortalidade, nunca perdoa. Prelúdio para os nossos olhos.

* Não esquecer o filme "Amadeus" na RTP

quinta-feira, janeiro 26, 2006

A minha 4ª classe vale mais do que a tua licenciatura!

Jornal da Tarde da RTP1, há momentos. A jornalista anuncia: "O sindicato da construção civil do norte afirma que as propostas do governo vão de encontro às suas". De seguida a peça passa as declarações do responsável do sindicato: "Na verdade, as propostas do governo vão ao encontro das nossas ideias". O que é que está aqui mal meus amigos?

Blogues de madrugada III

«José, Herman: 1. Na penúltima década do século passado até tinha piada. 2. Entretanto, tornou-se o pai espiritual da falange mais javarda da stand up comedy lusa, o que só o enternece. 3. Os efeitos colaterais do affaire Casa Pia deixaram-lhe o cabelo louro-palha. 4. Apesar de as suas piadas serem, a 99%, sobre paneleirices, não tem nada a ver com isso e assume-o». Osvaldo M. Silvestre no Casmurro.

Blogues de madrugada II

«Só que, em Portugal, a cidadania é do contra e manifesta-se, apenas, em momentos eleitorais. É uma espécie de castigo que o sistema recebe com um susto fingido. Em todas as eleições, há sempre alguém que chama gravemente a atenção para a vitória dos que não se revêem nos partidos. Depois a cidadania desaparece, no meio dos problemas do dia-a-dia, e os partidos ficam. Iguais a si mesmos». Constança Cunha e Sá n' O Espectro.

Blogues de madrugada

«Regressando ao gosto na boca ( ou na alma), recordo-me de alguém que morreu há dois anos. Tinha-a ajudado em psicoterapia, ficámos amigos, pediu-me para a ir ver nos dias do fim. Disse-me: Filipe, isto está pronto: já não terei tempo de te mandar a abóbora. Ele há pessoas assim, como os árabes do estudo, desejam deixar os seus assuntos em perfeita ordem.E você, como quer que seja o seu último dia?». Filipe Nunes Vicente no Mar Salgado.

quarta-feira, janeiro 25, 2006

VATE

O dia inteiro a tratar de avaliações, pautas e lançamento de notas do final de semestre não me deixou tempo para grandes leituras e escritas. Consultadas as caixas de correio electrónico (expressão redundante, hoje) fico contente com a notícia que me envia o Região Sul: saber que o autocarro da ACTA que se transformou em teatro ambulante tem o nome do velho amigo José Louro.

terça-feira, janeiro 24, 2006

Presidenciais (ainda)

Em vez de actualizar o post de ontem ("Presidenciais") deixo aqui o link para as leituras dos posts do LA-C na Destreza das Dúvidas sobre o tema: nonsense Monthy Pyton, meus amigos.

Bandeiras

Sim, já há tempo que eu queria organizar uma coisa destas. Mas não tenho tido tempo. Por isso aproveito a boleia do Miguel. Sim, porque se de alguma coisa estou farto é dessa bandeira!

DoMelhor



O logo não me parece o melhor, mas é um excelente projecto de Paulo Querido e Miguel Vitorino, a acompanhar. Trata-se de um painel de notícias de interesse que são editadas e promovidas à primeira página, de acordo com as votações dos leitores. Já participei, com o texto de ontem, sobre o estádio do Algarve. Clique na imagem acima para ver.

Xarém com conquilhas

O que é mais que certo é que o Henrique Raposo nunca comeu xarém. Se o tivesse feito, sobretudo se o tivesse comido com conquilhas, talvez falasse de Negri de outra maneira.

segunda-feira, janeiro 23, 2006

Decamegalomania


O jornal Público traz, hoje, uma reportagem sobre os estádios do Euro 2004 [pp. 34-35]. O estádio do Algarve é um dos “elefantes brancos” do texto de Manuel Mendes: 320.000 € de receita anual contra 3.200.000 € de despesas anuais com encargos financeiros e de manutenção. Fazendo as contas, 10 vezes mais despesas do que receitas. Tudo a cargo da Associação de Municípios de Faro/Loulé. Explicando, tudo a cargo das Câmaras de Faro e de Loulé e portanto, do erário dos munícipes. Mas para o actual presidente da AMLF e recém eleito presidente da CMFaro nada disso é problema, porque a sua visão estratégica vai para além do estádio e suporta um projecto inexistente chamado Parque das Cidades. Entretanto, no estádio joga o Louletano da II Divisão B, de 15 em 15 dias e os fantasmas do Farense, nos outros dois domingos do mês. Quando este projecto foi acusado de megalómano foi o que se viu. Agora, só se pode acusá-lo de decamegalómano.

Crónicas

Ali ao lado, nos arquivos das crónicas do "barlavento", os meus dois últimos textos.

Presidenciais

O que é que há a dizer das eleições presidenciais?
1. Cavaco ganhou. O que prova que o populismo está cá para ficar ainda durante muitos anos.
2. Sócrates também ganhou. Não tinha interesse nenhum em ter Soares na presidência e por isso – depois dos tabus Guterres e Vitorino – o lançou às feras, usando como leit-motiv a vaidade do soarismo.
3. O PS perdeu as eleições e enterrou toda a esquerda, com a divisão que criou junto dos socialistas e do centro. Essa foi também a decisão de Sócrates. Vingar-se de Alegre e obrigá-lo a tomar um de dois caminhos: formar um novo partido ou ficar caladinho até ao próximo congresso, desbaratando a putativa democracia participativa.
4. Vitorino perdeu e ainda não percebeu que o povo não é estúpido. Não quis ser candidato, apoiou Soares e ontem dizia que afinal o seu candidato não foi derrotado. Nem como comentador terá qualquer audiência.
5. A propósito de audiências, a TVI deu cartas como a mais rápida nos directos dos candidatos e dos responsáveis políticos. Todas as televisões andaram em zapping permanente sobrepondo declarações umas em cima das outras. A mais vergonhosa foi terem cortado a palavra a Alegre (2º candidato mais votado) quando Sócrates começou a falar. O primeiro ministro foi descarado e mostrou o seu desprezo pelos socialistas que votaram maioritariamente em Alegre. Depois, o p-m veio dizer que não sabia e que não pretende ajustes de contas. Alguém acredita?
6. A Eurosondagem falhou em toda a linha: não só deu resultados muito acima do real para Cavaco como colocou sempre Alegre abaixo de Soares. Parece-me que Balsemão vai correr com Oliveira e Costa como fez há anos com a Euroexpansão. Pelo contrário, Pedro Magalhães mostrou o que são sondagens sérias e científicas.
7. Finalmente, como Louçã disse, amanhã estaremos cá!
*
Adenda às 15h.:
Ler com atenção (e sem qualquer sectarismo, porque bem escritos e inteligentes) os postes de JPP, FJV, JG, PQ e MVA, sobre as presidenciais.

quinta-feira, janeiro 19, 2006

Crónica no jornal "barlavento"

A Capital, resgata ou afunda?
(publicada em 19 de Janeiro de 2006)

Sim, a Capital da Cultura acabou em Faro. E eu que estou tão farto de bater no céguinho, ganho um apetite voraz pela coisa.
O pão e o circo levantaram alas, e agora muita gente faz balanços e contas: quantos espectáculos e espectadores, qual a média por concerto, quais os perfis e as motivações. Já agora, quantos almoços servidos, quantas senhas de gasolina pagas, quantos sacos de cimento gastos no Teatro Municipal, quantas horas de espera, quantos programas impressos?
Tudo isto serviu para resgatar o Algarve da marginalidade cultural, comissário dixit. Eu rio-me! Eu prefiro continuar marginal. Digam lá se não é melhor ser marginal, em Alcoutim, em Loulé, em Cachopo, em Pechão, vivendo o quotidiano entre quadros de Miró, palavras de Pessoa, músicas de Vivaldi?
Pois, pois, os algarvios são agora a fina flor dos novos públicos da cultura, uma espécie de consumidores culturais de élite, aqueles que enchem teatros e cinemas, bibliotecas e conservatórios. Uma espécie de arruaceiros da bola (mas bem comportados) que se sentam a ver e ouvir os produtores de cultura e no fim da festa descortinam prazeres e consequências estéticas. Mas, trôpegos e falhos regressam logo ao ramerrão da sua vivência: novelas, concursos e futebol, à espera do próximo evento de resgate.
Para seu bem têm, a bater-lhes à porta, os velhos amigos (os agentes culturais esquecidos) que dia-a-dia vão construindo peças de teatro, fazendo o ensino da música, lendo e editando poesia, contando histórias e contos, ensaiando músicas e cantos, discutindo filmes. Esses amigos estão cá sempre, presentes em vãos de escada, em casas caídas, em praças e jardins, todo o ano, todos os anos. Em 2005, estiveram cá, apesar de se ter falado pouco deles, na Capital. E depois dela, eles vão continuar a fazer os seus trabalhos de Hércules: levar a palavra ao Algarve. Esses, os amigos, resgatam verdadeiramente. A Capital afunda!
*
Para ler online clicar na imagem acima!

quarta-feira, janeiro 18, 2006

Louçã

Frio. Mesmo com frio, há uma palavra a dizer. Uma decisão a tomar. Uma decisão ao lado da coerência, da luta, da solidariedade. Já sabem, quem me conhece e quem me lê, que não será preciso dizer muito mais: esta noite estarei com Francisco Louçã, no Conservatório, em Faro. Sérgio Godinho, esse, ouve-se a toda a hora: Espalhem a notícia!

Machado de Assis

Pelo correio chegou-me, hoje, as «Memórias póstumas de Brás Cubas» do Machado de Assis, o maior escritor da língua portuguesa. Tenho prazer para muitos dias, meses talvez, enquanto os livros de cabeceira lá se mantêm e a tese anda, anda... Mas o leitor pode acompanhar-me na leitura do livro, online, por aqui.

terça-feira, janeiro 17, 2006

O monstro


Nunca a direita esteve tanto à procura de uma salvação como agora. Uma salvação simbólica, plasmada num pequeno cavaco que arde sem se ver. Se alguém pensava que a alma portuguesa não existia e que o sebastianismo fora uma invenção dos integralistas, enganou-se. Vejam como o populismo corre o país, organizado e mediático, com a ajuda da televisão e dos marketeers de serviço. Na blogosfera também. E são os mais avisados e cultos que agora cuidam de ilustrar o papão da esquerda que inventa monstros para abater. Nós não precisamos de o fazer, pois não? Ele está aí em todo o lado, pronto a servir-se da paróquia espojada a seus pés!

segunda-feira, janeiro 16, 2006

O vinho

Sim, sim, pois pois, o vinho dá de comer a um milhão de portugueses, Salazar dixit!

Cabeceira

O Bilhete de Identidade de M. Filomena Mónica? Notas em breve.

Chile

Finalmente, América Latina é nome de mulher: Michelle Bachelet!

Letras de chuva

Enquanto a chuva cai, transparente lá fora, as minhas mãos correm sobre a tinta negra. Velhos jornais e revistas que se guardam como tesouros, são esquartinhados de novo pelo pendor do dia: crónicas, livros, poesias, notas para aulas, recortam-se e arrumam-se, ainda lado a lado, nas velhas pastas de cartão, à espera de um novo tempo que os faça ter sentido. Os meus filhos dormem, há muito, depois do filme da tarde e do desassossego do fim do dia.
*
Ponho na secretária, para o dia seguinte, o Le Monde diplomatique, retirado hoje do correio e o livro de poemas do amigo José Neves (AC) “Gorjeios”, que o Adão me trouxe.

sábado, janeiro 14, 2006

Outro Zeca


TOADA DOS AGUACEIROS

Caem aguaceiros
Deste céu pesado
Que são mensageiros
Dum vento salgado
Oh meu bem adeus
Que eu estou de partida
Levo a despedida
Nestes olhos meus

No voo de uma garça
Viajam sinais
Da saudade imensa
Que habita este cais
Oh meu bem adeus
Que eu parto tão triste
Do pranto que existe
Nesses olhos teus

Quando o dia morre
Nasce uma toada
Queixa que percorre
Minha voz magoada
Oh meu bem adeus
Que eu estou de partida
Levo a despedida
Nestes olhos meus
*
Poema de José Medeiros, cantado esta noite pela Viviane, no Auditório Municipal de Lagoa. A música também é dele.

sexta-feira, janeiro 13, 2006

A inocência e a culpa


Pouco importa agora saber se Isaltino é culpado ou inocente. O tempo o dirá. Ou melhor, o tribunal o julgará. Mas a falsa “inocência” que as suas palavras transportam quando fala de contas bancárias e empresas de Oeiras, da rede familiar e das secretárias e assessores é tão grande, quanto a culpa que as autarquias carregam às costas, elas que são sempre apresentadas como um dos pilares do nosso poder local e a base da democracia. Desconfiemos irmãos!

Perfeito Imperfeito



Amanhã em Lagoa, no Auditório Municipal, pelas 21.30h,

Viviane canta-nos os seus Amores Imperfeitos

Short Story


Uma excelente notícia para Portugal. A 9ª Conferência Internacional do Conto vai realizar-se em Lisboa. Ler o texto de Valter Hugo-Mãe sobre esta iniciativa, aqui.

quinta-feira, janeiro 12, 2006

Crónica no jornal "barlavento"


A ÉTICA DOS JORNALISTAS E A DEMOCRACIA
(publicada em 12 de Janeiro de 2006)

Anda uma pessoa a ensinar aos alunos que qualquer trabalho de investigação, de cariz académico, deve respeitar as suas fontes de forma ética e depois dá com isto: um tribunal condena um jornalista de investigação a 11 meses de prisão por se recusar a revelar uma das suas fontes (só porque a investigação respeita a drogas e os responsáveis policiais nada investigaram).
A ética, na investigação, manda aceitar um informante (prefiro esta expressão ao invés de informador que me lembra os esbirros bufos da Pide, no tempo do fascismo) com respeito sobre a salvaguarda da sua identidade, da ressalva da sua idoneidade social, com a confidencialidade relativa às suas informações e narrativas, e com o anonimato de protecção que se lhe reconhece. Só isso permite a um informante, em contrapartida, aceitar ser um sujeito pertinente em qualquer investigação, que sem ele não se fará.
Pelos vistos o tribunal nada entende disto e apenas olha o lado jurídico do problema. A partir daqui não há qualquer investigação que este jornalista possa fazer, sujeito a qualquer denúncia das do tipo que enviavam inocentes e cidadãos responsáveis para os calabouços da polícia fascista do estado novo. Talvez se pudesse propor uma cadeira de ética de investigação para os nossos futuros juízes. Os que oficiam, esses, poderiam fazer um curso de reciclagem, com os nossos jovens alunos que sabem muito do dever de respeitar as suas fontes.
Mas o que se disse atrás -- lembrando o caso do jornalista do Expresso Manso Preto, que viria mais tarde a ser absolvido -- seria apenas uma história passada se o mesmo não se tivesse a passar de novo. Desta vez perante os nossos olhos de algarvios embevecidos com a Capital da Cultura. É que a jornalista do Diário de Notícias no Algarve, Paula Martinheira, foi constituída arguida de um processo por desobediência ao tribunal, após se ter recusado a revelar as fontes de informação de uma notícia publicada em Abril de 2003.
No barlavento, de 5 de Janeiro, Elisabete Rodrigues apela ao “Direito de saber”, um direito de informação de que todos os cidadãos usufruem de acordo com a Constituição. E esse direito de saber é quase sempre edificado e suportado pelas informações anónimas, graciosas e responsáveis de muitas fontes confidenciais, que o jornalista tem o dever de respeitar no seu processo de construção da notícia. Trata-se de um dever ético e deontológico de qualquer jornalista. Um dever que os tribunais têm que começar a perceber. Um dever que também preserva e consolida a democracia.
*
A crónica pode ser lida também no barlavento online clicando na imagem acima.

O hino da PT



A propósito da polémica, sobre o uso adaptado do hino português na publicidade da PT na televisão, Rui Pena Pires diz que se levanta cada vez que houve o hino nacional, mais por respeito do que por sacralização. Convém dizer que, na verdade, quando alguém se levanta para ouvir tocar o hino lembra-me sempre o ditadura do estado novo no meu tempo de primária. O que é que cada um faz quando o ouve? Faz o quê? Ouve apenas em pé, o que é desagradável? Põe a mão no peito? Faz ambas as coisas e chora emocionado? O hino é um símbolo da I República e por isso nada tem a ver com a democracia! A não ser que nos achemos sacralizados por esse capital simbólico dos poderosos da pátria de 1910?!

A ler

esta verdadeira cartilha antropológica das eleições presidenciais.

quarta-feira, janeiro 11, 2006

Blogues e Literatura

A ideia é excelente. Mas só estou lá em cima por um acaso inexplicável. O António, o Jorge, o Luís e o Fernando (algarvios) também lá estão.

Big Brother no Algarve

«O sistema de videovigilância que será instalado em zonas públicas do Algarve servirá apenas para “interesse público” e terá de ter parecer positivo da Comissão Nacional de Protecção de Dados (CNPD).
A ideia é reforçar a segurança dos cidadãos”, assegurou o Governador Civil de Faro. Segundo explicou António Pina, que garante ter discutido o assunto com o ministro da Administração Interna, a instalação das primeiras câmaras deverá acontecer a título experimental já em Maio, em zonas comerciais de algumas cidades algarvias. Só depois o projecto será alargado a outras zonas públicas (...)».
Acho que a blogosfera deve começar a discutir este tema.

Machado de Assis


O canal de cabo GNT está a passar, toda a semana a partir das 22.30h., um Festival de Cinema Brasileiro. Ontem vi (avisadamente) o excelente Memórias Póstumas de Brás Cubas de André Klotzel, baseado no livro homónimo de Machado de Assis. O filme não é nenhuma obra-prima mas os diálogos, fiéis ao texto de Machado, são simplesmente divinais. Há meses atrás este livro foi editado pela Cotovia, inaugurando a colecção "Curso Breve de Literatura Brasileira", com estudo de Abel Barros Baptista que considera o seu autor o maior romancista de língua portuguesa.
Leiam só como é que o livro termina:
«...um pequeno saldo, que é a derradeira negativa deste capítulo de negativas: Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria».

Casa Fernando Pessoa

Lisboa, cidade Pessoa e cidade da poesia? Boa, vamos lá. Aí está um programa.

segunda-feira, janeiro 09, 2006

O porquinho cor de rosa


Toda a gente sabe que eu não apoio o porquinho cor de rosa. Veja o melhor vídeo do 1º dia de campanha. Não sou só eu que o digo. É só clicar no porquinho!

O seu a seu dono

O DN de hoje traz uma reportagem de Paula Martinheira sobre a Escola EB2/3 Dr. António Agostinho Baptista, em Almancil. O interesse reporta-se ao facto de a dita estar povoada de alunos de 21 países, sendo provavelmente um dos estabelecimentos de maior cariz multicultural. Na página 31, uma das caixas contem declarações do presidente da Junta de Freguesia João Martins que, a certa altura, diz: “Almancil não soube responder ao crescimento populacional registado nos últimos anos, por culpa da Câmara Municipal de Loulé e da Administração Central que votaram a freguesia ao abandono...”. Eu só queria lembrar que JoãoMartins é presidente da Junta há pelo menos três mandatos, por inerência membro da Assembleia Municipal de Loulé e que o partido de que é membro, o PS, dirigiu a Câmara entre 1989 e 2001. Que eu saiba é o PS que está no governo e, antes do PSD de Barroso, também lá esteve. Numa freguesia que é exímia na “arrecadação de receitas, por via sobretudo dos estabelecimentos turísticos que alberga” talvez se pudesse aproveitar as taxas de estacionamento que a Quinta do Lago cobra no estacionamento da praia com o mesmo nome, para criar transportes públicos para os alunos da Escola nas suas idas às praias.

As colunas dos jornais

A minha compulsão para ler jornais obrigou-me a comprar o Expresso do último sábado e o DN de hoje. Para não falar de outras coisas mais ou menos evidentes, despachei todos os colunistas do primeiro (mentira, não li a Pedrosa que muitas vezes me aborrece). Parti lançado para a crónica do Miguel Esteves Cardoso (que saudades) ainda perro, mas a prometer. O principal prazer deu-me a revista “Única”: a Bomba Inteligente já lá não mora, que alívio!
Quanto ao DN, remoçado hoje na linha gráfica (Cayatte, outra vez), uma desgraça infinda: vamos ter de gramar o Luís Delgado todas as segunda feiras. Nesse dia vão ao cinema que é mais barato!

Mentirinhas alegrotas

A campanha de Alegre, depois dos ataques a Soares em tons aristocráticos, começa agora a tentar arregimentar os eleitores de esquerda. Ontem, a sua charge – muito longe da poética da pré-campanha – virou-se para os potenciais eleitores de Jerónimo, convencido de uma 2ª volta. Só que para isso começa a contar estórias como se estivesse a escrever os seus versos numa ficção virtual, da qual se espera o convencimento terreno. E aí engana-se, numa construção metafórica de um mundo que não viveu, mas que quer vender aos eleitores. Nuno Ramos de Almeida desmonta-lhe as mentirinhas. O melhor é dar a Alegre uma Aspirina B.

Reinaldo Arenas

E ia com a minha mãe por um rio abaixo
quando ela viu um homem, bonito, de chapéu.
Logo o apedrejou e gritou nomes como filho da puta!
Mas o homem, mesmo assim, se aproximou de mim
e deu-me dois pesos o que na altura,
para um "guaníjaro" como eu,
era uma fortuna. Vi logo que era o meu pai.
A minha liberdade perante o ser livre de Reinaldo Arenas

sábado, janeiro 07, 2006

BD ao Sábado

Tal como o Correio da Manhã o fez, a revista Sábado está a distribuir a Série Ouro dos Clássicos da Banda Desenhada. Na revista de hoje (melhor, saída ontem) vem o nº 18 dedicada à "Arte de José Carlos Fernandes--Antologia 1992-2005" que contém histórias a preto e branco do período entre 1992-1999; histórias a cores do período 1992-2005; excertos dos seis volumes de "A Pior Banda do Mundo"; e ainda três Black Box Stories. Como vê, um achado, ainda que pago a um preço muito módico.
*
Para os leitores que adquiriram o livro há cerca de dois meses (com o CM) e que vinha com páginas repetidas [161-176] as bancas aceitam a troca. Eu já troquei o meu. E agora até logo que vou ler as páginas truncadas.

sexta-feira, janeiro 06, 2006

De novo Gancho

Mais um poema de António Gancho, o poeta alentejano que faleceu na noite da passagem de ano:

Tu és mortal meu Deus

Noite, vem noite sobre mim sobre nós
dá o repouso absoluto de tudo
traz peixes e abismos para nos abismarmos
traz o sono traz a morte
e vem noite por detrás de nós e sobre nós
e escreve com o teu negro
a morte que há em nós.
Livra-nos e perdoa-nos tudo
redime-nos os pecados
e enforca os nossos rostos em teu nome

In Poemas Digitais
>

Frase do dia

Perguntado sobre a cultura, na sua casa de férias na Coelha, Cavaco Silva responde: Basta ir ao Google...pra ter essa visão do mundo!
Tenham pena, tenham muita pena.

Negro e branco

Mais um dia negro para o futebol português - dizia o jornalista da Sic a propósito do fim do futebol profissional no Estoril Praia. Eu acho que o dia foi tão branco, a avaliar pelo fim do trabalho profissional que levou muita gente ao Centro de Emprego da minha terra.

quinta-feira, janeiro 05, 2006

António Gancho


Quando estudei na Universidade de Évora já tinha ouvido falar em António Gancho. Na altura proporcionou-se um encontro com poemas do autor, num dos cafés frequentados pelos estudantes. Li vários e hoje sou lembrado deles quando soube da morte do poeta na noite da passagem do ano. Por acaso nessa noite estava no Alentejo, exactamente no distrito de Évora.
Leio, de novo, dois dos seus poemas:

Devagar se vai ao longe

Devagar se vai ao longe
se eu fosse monge.
Mas como não sou monge
devagar não vou ao longe
só monge.
Mas como eu também
devagar não quero ir ao longe
por isso também não me fiz monge.
Mas como eu também
não quero que se sonhe
que se ponha em questão
a causa da razão
deste poema devagar se vai ao longe
cujo tema é sobre um monge
então por isso neste caso
já não omisso
faço que se diga com isso
amigo ou amiga
mais vale o prejuízo.
>

Noite Luarenta

Noite luarenta
Noite a luarar
Noite tão sangrenta
Noite a dar a dar
Na chaminé da planície a solidão a cismar
na chaminé da planície noite luarenta a dar a dar
Noite luarenta
noite de mistério
noite tão sangrenta
solidão cemitério
Na chaminé da planície
o Alentejo a solidar
noite luarenta que o visse
noite luarenta a dar a dar
Noite luarenta
noite luarol
na chaminé da planície
o temor e o tremor
O cavalo a luarar
a lua a fazer meiguice
noite luarenta a luarar
noite luarenta a luarice.
>

Optimistas

Apesar de todas as vicissitudes António Rosa Mendes faz um "balanço positivo" da iniciativa que durante apenas oito meses "resgatou o Algarve da marginalidade cultural"

Deve ser pra rir, não?

quarta-feira, janeiro 04, 2006

Voyeurismo

Uma das vantagens do "Bilhete de Identidade" de Maria Filomena Mónica é ficarmos a saber que esta é a mãe de Sofia Pinto Coelho - que conhecemos da Sic - e cujo pai é Carlos Pinto Coelho. Acontece.

terça-feira, janeiro 03, 2006