sexta-feira, março 31, 2006

Por este rio acima [3]

«Na escola fui entendendo melhor, até que ela mesmo me transporta para Silves, para conhecer as cadeiras da secção preparatória que me retornaria ao liceu da minha terra. De longe, preferi aos bancos da escola os humores do rio. Todos os dias o atravessava – na ponte medieval que os saudosos românticos arabizavam – cheirando o perfume das laranjeiras de pés molhados enterrados no leito do rio, na quinta do mata-mouros, pois então. Habituei-me a roubar laranjas nos paralelos das margens do rio, que naquela altura não podia atravessar a vau, só de barco. Muitas vezes olhava e ajudava na pesca da eiró, pendurada nos pandulhos de rede ensardinhada que os velhos pescadores – operários corticeiros de outrora – dependuravam no cais do rio entre a dita ponte e a paragem da camioneta da estação».
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