sexta-feira, março 31, 2006

Curb your enthusiasm


Dia de Larry David na 2:

Por este rio acima [3]

«Na escola fui entendendo melhor, até que ela mesmo me transporta para Silves, para conhecer as cadeiras da secção preparatória que me retornaria ao liceu da minha terra. De longe, preferi aos bancos da escola os humores do rio. Todos os dias o atravessava – na ponte medieval que os saudosos românticos arabizavam – cheirando o perfume das laranjeiras de pés molhados enterrados no leito do rio, na quinta do mata-mouros, pois então. Habituei-me a roubar laranjas nos paralelos das margens do rio, que naquela altura não podia atravessar a vau, só de barco. Muitas vezes olhava e ajudava na pesca da eiró, pendurada nos pandulhos de rede ensardinhada que os velhos pescadores – operários corticeiros de outrora – dependuravam no cais do rio entre a dita ponte e a paragem da camioneta da estação».
*
(quando assinar coloque o nº do BI no campo "País/Cidade")

quinta-feira, março 30, 2006

Pode o Rio Arade ser um deserto que doa a alma?


O jornal barlavento - de Portimão - publica, hoje, a minha crónica sobre o Rio Arade. O texto não pretende ser uma fundamentação científica para a importância económica e cultural do rio; mas é tão só um desabafo, um pequeno desabafo, sobre o estado actual do curso de água mais importante no contexto ecológico do Algarve. Um rio que marcou a minha adolescência de várias formas; e uma fonte de inspiração para muitas escritas, de muita gente. Foi a leitura do texto do António que me sentou no teclado e me fez escrever, de rajada, um texto que enviei de imediato para o jornal, que o publicou.
A minha intenção foi a de apenas manifestar um módico de solidariedade com a Campanha pelo desassoreamento e despoluição do Rio Arade.
Quem quiser ler a crónica online, no barlavento, pode fazê-lo clicando na imagem acima. De qualquer modo continuarei a publicar no blogue, diariamente, a mesma em folhetim. O Rio da minha aldeia merece-o!

Por este rio acima [2]

«Mais tarde comecei a perceber que o rio Arade não nascia ali, ao pé da minha casa. Vinha de longe, provavelmente de muito longe, pois de vez em quando trazia as laranjas de uma terra distante, que eu não conhecia, mas saboreava, depois de as limpar da terra argilosa que deixava esculturas de barro nos dedos. Comecei a perceber que, aquele rio pardacento que refrescava o meu corpo nos verões de Portimão, vinha das serranias abruptas do Algarve, mas deveria ser adocicado por culturas tão antigas quanto belas nalguma cidade da moirama».

quarta-feira, março 29, 2006

Por este rio acima [1]


«A minha primeira ideia do Arade era a do rio que desaguava nas pedras, lá para a ponta da areia na Praia da Rocha. Ali em frente de Ferragudo, terra de lamas, de fábricas e de um convento secreto».

Trabalhos de Hércules

Muito trabalho nestas duas semanas. Por aqui e por acoli. Em breve também acolá.

sábado, março 18, 2006

A concepção ingénua da política

Antes das eleições presidenciais afirmei que, a Sócrates convinha a vitória de Cavaco Silva. E expliquei porquê. Na altura muita gente achou estranho. Gente que acredita que a política é uma arte da sensibilidade e do bom senso. Por estes dias tenho lido, na blogosfera e na imprensa, a confirmação da minha opinião, prova de que essa gente evoluiu para uma concepção da política como a ciência de fazer acordos de legitimação instrumental do poder. Certo, fico contente por terem percebido. Contudo, essas análises encontram agora outro motivo para tagarelar uma nova forma de voltar à concepção ingénua, falando da cooperação estratégica entre o primeiro ministro e o presidente da república. E no relato da história do encontro entre os dois lá vão dizendo que perante isto ao PS só resta escutar Cavaco; ao PSD só resta esperar os 10 anos de Cavaco; e ao CDS só resta aguardar a dissolução. À esquerda - e sobretudo à esquerda da esquerda - cabe a única alternativa.Por isso sempre acreditei que a vitória de Cavaco traria esta benesse: mostrar que hoje o PS não é governado pela esquerda e que cabe a esta a verdadeira alternativa.

sexta-feira, março 17, 2006

Calma gente, ele aí está às sextas!



Às 23.50 na 2:

O crime ambiental na Ria de Alvor

A história, do crime ambiental perpetrado na Ria de Alvor, só pode estar mal contada. O barlavento noticiou a visita da Câmara de Portimão ao local, no âmbito dos interesses há muito manifestados por empresários do betão por uma área apetecível que integra a Rede Natura 2000. Passadas duas semanas eis que a Imoholding, liderada pelo empresário Aprígio Santos (presidente do clube de futebol Naval 1º de Maio), acaba de destruir cerca de 10 hectares de sapal, na Ria de Alvor. Tudo denunciado pela Liga para a Protecção da Natureza. Tudo confirmado pelo Serviço de Protecção da Natureza da GNR de Portimão. Dez hectares são dez campos de futebol - usando a linguagem que o responsável da empresa bem conhece. Agora o que é estranho é tudo ter sido concretizado sob as barbas complacentes da Câmara Municipal de Portimão (CMP) e das autoridades regionais como a CCDRA e o ICN. Desta vez a acção de contra-ordenação foi rápida, mas a destruição do sapal lá está à vida de todos. E a conivência política e ambiental da CMP também!

quinta-feira, março 16, 2006

A coerência do PR

«(...) Um Estado ao serviço de todos, como se exige em democracia, deve ser servido pelos melhores e, por isso, a escolha dos altos responsáveis não eleitos não pode senão nortear-se exclusivamente por critérios de mérito, onde as considerações político-partidárias não podem contar(...)»
(Extracto do discurso da tomada de posse de Cavaco Silva como presidente da república. Ler na íntegra aqui).
*
Para os efeitos acima considerados, se declara que Dias Loureiro, Lobo Antunes e Marcelo Rebelo de Sousa, membros do Conselho de Estado da Presidência da República escolhidos por Cavaco Silva, nada têm a ver com o PSD.

Como a ignorância grassa!

Tem-se feito eco da ausência de Soares no beija-mão republicano ao nóvel presidente da república. Ainda há momentos lá ouvi, na "Quadratura do Círculo", o mesmo argumento tão laico quanto leigo. Pior é quando acabo de ler num blogue de um vereador de uma Câmara do Algarve a mesma displicência de análise, a mesma ignorância da história. É que há dez anos, aquando das presidenciais nas quais foi derrotado por Sampaio, Cavaco Silva nem sequer compareceu à tomada de posse do presidente. Por favor - como diz o povo - não caguem d'alto que até o cú vos aparece!

quarta-feira, março 15, 2006

RC - religiosamente correcto

Um entrevistado que se preze - mesmo que o seja na "NS" (notícias sábado), revista do DN aos Sábados - nunca se coíbe de afirmar e salientar que é um católico não praticante. Ninguém sabe o que isso é, como nunca se explica o seu significado. É o que acontece na entrevista de Tiago Monteiro na citada revista, do passado 11 Março. O religiosamente correcto fica sempre bem a um corredor de automóveis.

Medeiros

Sim, confesso que foi uma surpresa de excelência encontrar Maria de Medeiros no episódio de Eloïse Rome. Mesmo que tenha sido filmado em 2003.

Civilidades

Na televisão, Filomena Mónica defende o encerramento das escolas do 1º ciclo dos meios rurais; de seguida, no mesmo registo, contraria o anúncio do novo cartão do cidadão "5 em 1". Por trás destas posições está o intelectual liberal urbano que acha que o mundo rural é apenas uma memória romântica de urbanos desenraízados; e que defende com unhas e dentes o seu perfil de individualismo atomista, mas civillis.

terça-feira, março 14, 2006

Concurso

Tiago Nunes, de Montemor-o-Novo, ganhou o concurso: a resposta certa incluia as 3 hipóteses de escolha. Para ele uma assinatura anual da laurapoesias.

segunda-feira, março 13, 2006

Rome

Até já! Vou ver se o treino de Octávio surte efeitos maléficos em Roma. Ou se é apenas para Átia justificar os testículos de boi e o desprezo perene de Servília. De Voreno e Tito Pulo - o herói do povo - sempre se espera o seu papel na história dos heróis.

Desertos?

A acreditar no que o António diz - sobre o facto de em Silves a ACTA e a Orquestra do Algarve nunca terem realizado qualquer actuação - estamos perante uma gestão autárquica de autêntico desprezo cultural. De pobreza política, portanto!

Emplastros

Agora que acabei as memórias do Brás Cubas, faço o quê? Um emplasto OPA hostil?

Espuma

É mais fácil acabar o espectro do que o circunspecto!

Qualquer módico de coerência sai caro

«(...) Um Estado ao serviço de todos, como se exige em democracia, deve ser servido pelos melhores e, por isso, a escolha dos altos responsáveis não eleitos não pode senão nortear-se exclusivamente por critérios de mérito, onde as considerações político-partidárias não podem contar(...)» (Extracto do discurso da tomada de posse de Cavaco Silva como presidente da república. Ler na íntegra aqui).
Para os efeitos acima considerados, se declara que Nunes Liberato, chefe da Casa Civil, Jorge Moreira da Silva, assessor para o Ambiente e David Justino, assessor para os Assuntos Sociais, do Gabinete da Presidência da República escolhidos por Cavaco Silva, nada têm a ver com o PSD.

sexta-feira, março 10, 2006

Blog da Soninha

O Brasil tem dos melhores escritores da língua de Camões; já se sabia. Na blogosfera o país também dá cartas. Nos meus links lá está um dos seus lídimos representantes (ASS). Mas queria falar-vos do blogue de uma vereadora do PT na cidade de SamPa (São Paulo). A Sónia faz do seu cargo político uma lição de democracia partilhada. E o jornal onde escreve (a Folha de S. Paulo) ainda lhe dá um blogue. Para além disto tudo - que não é pouco - ela é lindíssima.

Curb your Enthusiasm



Não houve explicação da mudança. Mas a 2: passa hoje Calma Larry às 00.00h.

A 4ª república do PSD

O PSD tomou, ontem, posse do palácio cor-de-rosa. Cavaco inicia, assim, na assessoria da presidência a quarta república. Lá estão na Educação e Juventude, Suzana Toscano e nos Assuntos Sociais, David Justino. Ambos escrevem no blogue "4ª República". Para que se perceba.

quinta-feira, março 09, 2006

Concurso

Repararam que Manuel Alegre andou sempre colado atrás de Cavaco Silva? Porquê? Dou-vos três hipóteses de escolha múltipla:

1. Por ser vice-presidente da AR?
2. Por ter sido o 2º candidato mais votado?
3. Porque Sócrates não tinha canadianas?

Respostas para o Email: comunitario@sapo.pt
No fim de semana um prémio para o vencedor!

Inteiro

Cavaco Silva inaugurou um novo conceito nas tomadas de posse presidenciais: serei o presidente de Portugal inteiro.

Ósculo

O que retive do vislumbre televisivo da tomada de posse do presidente da república foi a sessão de cumprimentos. Vi que a primeira pessoa a cumprimentar o nóvel presidente foi a senhora Cavaco Silva. E vi que ela não o beijou na boca, mas sim na cara. Desculpem lá, mas antes de continuar tenho que ir ler o protocolo da Assembleia da República.

Bernardo de Passos


A minha crónica no barlavento de hoje:
(Para ler online clicar na imagem)



Bernardo de Passos, poeta da bandeira e da alimentação saudável

É um facto que os poetas portugueses estão esquecidos. Explicando, tirando Pedro Mexia, que aparece em tudo o que são jornais, editoras, blogs e colóquios, quem se lembra dos outros? Na verdade só quando fenecem e o coro do país entristece-se.
Mas se há dias poéticos, hoje foi um deles. E tudo por causa de um poeta algarvio, de S. Brás de Alportel, Bernardo de Passos. Não sei se direi que o poeta é de S. Brás natural! Parece que o governo quer acabar com as freguesias que correspondem a concelhos; e nesse caso...

Bom, mas vamos ao que interessa. Antes de separar a “Notícias de Sábado” - revista do DN do dia - para o contentor do ecoponto, entretenho-me a recortar uma ou outra crónica para leituras dos meus alunos. E lá aproveito para ler a crónica do Francisco José Viegas sobre restauração. Mas eis que dou com uma pequena notícia no fundo da página sobre o ensino do estômago. Leram bem! Trata-se de um projecto do Gabinete de Nutrição do Centro Regional de Saúde Pública que avalia a qualidade da alimentação nas escolas públicas. O que interessa aqui, e que tem a ver com o poeta de «Ecos da Serra», é que é justamente a Escola do Poeta Bernardo de Passos, de S. Brás de Alportel, que merece a distinção do Diário de Notícias. Tudo porque a cozinheira da Escola promove o peixe grelhado, o arrozinho de polvo e – manjar dos deuses – a massada de tamboril. Da sopa já eu tinha ouvido falar, muito e bem. De parabéns está a D. Maria Otília Neto e o poeta Bernardo de Passos, um bom garfo neste caso.
Mas esta história cruza-se com outra. Deram pelos novos equipamentos da selecção de futebol para o mundial 2006? Camisolas marrons e calçanitos verde tropa?! E equipamento alternativo preto? Não é que eu me perca de amores pela bandeira verde-rubra, cheia da coloração dos países pós-coloniais e já gasta de tantos anos de dinastias republicanas. O caso que me trouxe aqui, é que o poeta Bernardo de Passos também foi um defensor acerado desta bandeira, no seu tempo de arrojo patriótico. E esgaravatando nas simbologias da república encontro-o a versejar assim:
[...] Ela é tão nossa já, a guiar-nos os passos...
De tal forma diz Pátria, essa bandeira bela,
Que ou esta Pátria vive erguendo-a bem nos braços

Ou esta Pátria morre amortalhada nela! *

Vejam lá se a bandeira também não nos alimenta, de forma saudável?

* esta quadra devo-a ao trabalho de Teixeira, N.S. (1991). A Memória da Nação.

quarta-feira, março 08, 2006

Gaivotas

Uma voz pouco conhecida, mas exímia e cuidadosa na arte das frases lapidares. Gregório Salvaterra com dois anos na blogosfera, a contar gaivotas.

Solista

De saudar as palavras a solo de Tiago Barbosa Ribeiro, depois dos colectivos LaPlage e a.estrada. Esperam-se muitos Kontratempos.

A morte do CDS

Paulo Portas trouxe, segundo ele próprio, a voz da direita para a televisão. Depois de Rebelo de Sousa, na TVI e agora na RTP e de António Vitorino também na RTP, a televisão privada equilibra o espectro político com o ex-líder do PP. Realmente a TV andava infestada de esquerdistas!

Munique

Qualquer boa reportagem sobre os acontecimentos dos Jogos Olímpicos de Munique seria melhor que o filme. Fui ver “Munique”, de Spielberg, para tirar umas dúvidas. É claro que é uma ficção e pensar-se que o filme desmascara alguma coisa da política israelita dos anos 70 é não perceber que o filme não tem nada, mas mesmo nada, de anti-semitismo. E que as opacas organizações internacionais (CIA, Mossad, o “Papá” francês?) também não são nada de novo para quem anda no cinema em 2006. No fim, só resta a competência fílmica de Spielberg que, mesmo com pergaminhos afirmados, se deixa cair na tentação de terminar o filme sobrepondo o orgasmo do principal personagem às memórias dos crimes da retaliação contra os árabes. Um pouco ridículo.

O milagre da PT

Digam lá se não deu pena ver Horta e Costa, dono da PT, enfatado, enfatuado e enfastiado, enfaticamente acentuando que a PT era o melhor dos mundos da comunicação e que iria distribuir dividendos aos seus accionistas que nunca, mas nunca deveriam alinhar na OPA da Sonaecom. Temos a PT que merecemos!

terça-feira, março 07, 2006

Nada como as prisões

Toda a gente sabe que há muito tempo que o CDS pretende mexer na legislação penal para os adolescentes. A propósito dos acontecimentos que originaram a morte da transexual Gisberta, acorrem ligeiros a propor alterações à lei penal para criminalizar os actos de menores a partir dos 14 anos. Se o Direito se caracteriza pela universalidade e intemporalidade, mudar a lei a reboque da prática social nunca deu muitos nem bons resultados. Mas sabemos que ao CDS o que o preocupa é a criminalização pura e simples.

Falta de entusiasmo

Mas a 2: não explica por que é que tira da emissão o episódio de Curb your Enthusiasm, de Larry David e o troca pelos lamas dos Andes?

segunda-feira, março 06, 2006

Agenda da noite


Depois, Rome, da HBO

Periferias cá dentro

Depois do nada angélico Rui Ângelo Araújo, mais um dos periféricos entra no centro da blogosfera: Fernando Gouveia com o “Não Tenho Vida Para Isto”. Aguardemos o José Ferreira Borges, nosso antigo colaborador no a cultura é para se comer.

Voz do deserto

Tiago Cavaco, que não escreve aos sábados, fez três anos de blogosfera. No sábado! Parabéns, baptista e panquerockeiro!

domingo, março 05, 2006

Micro-textos


Micro-textos publicados na Voz de Loulé de 1 de Março
*
O Millieu. Há uns dois anos, talvez, um amigo que queria editar um livro de poesia sobre a "sua" guerra em África, dizia-me que o millieu estaria dominado pelos Mexias, Lombas, Coutinhos, etc. Na altura não percebi, dado que estava assoberbado de trabalho com a coordenação da Comissão de Comemorações do Centenário de José Vieira (Alte) e não tinha muito tempo para ler jornais. Mais tarde percebi, pois fui encontrando os cronistas referidos, primeiro na blogosfera, depois nas crónicas de jornais portugueses e brasileiros. Devo aqui explicar que, independentemente dos seus pontos de vista, leio-os com prazer e refiro-os regularmente. Mas vem esta prosa a propósito de ter ouvido o comentário - ainda há pouco na SicNotícias - de Pedro Lomba sobre a imprensa do dia. E ter verificado que, tal como aconteceu com Pedro Mexia no "Eixo do Mal" do mesmo canal, quase sempre um bom cronista é um mau comentador. E que o facto de escreverem - e bem - em vários jornais (Lomba, por agora, deixou a crónica do Independente na última semana e mantém-se ainda no DN) não é seguro de uma concomitante dinâmica comunicacional. E com essa presença recorrente e supletiva quem perde são os leitores/ouvintes. Aqui anda o célebre amiguismo, um círculo fatídico da comunicação.

Multiculturalismo. Ontem, de manhã, fui com a família ver um jogo de basquetebol entre iniciados. Dum lado os "Tubarões" de Quarteira, do outro o Sporting Clube Farense. A claque do SCF era maioritária e sentava-se na área de ataque do adversário. Sentamo-nos no lado dos Tubarões a apoiar a equipa do concelho em que vivemos. Com o apoio da claque que veio do futebol (ora desaparecido nos pergaminhos do clube) a equipa do Farense, melhor vestida e cheia de salamaleques esteve sempre, desde o início do jogo, à frente do marcador. Quase no fim do jogo, os Tubarões (cheia de miúdos dos bairros sociais de Quarteira, retintos de negros) pegaram na bola e deram um banho aos farenses: 73-69. A mim parece-me que foi por terem visto, na bancada, as jovens branquelas farenses a gritarem e imitarem como macacas, quando eles pegavam na bola para encestar três pontos. Ora toma, aqui, o multiculturalismo!

Decamegalomania. O jornal Público traz, hoje, uma reportagem sobre os estádios do Euro 2004 [pp. 34-35]. O estádio do Algarve é um dos “elefantes brancos” do texto de Manuel Mendes: 320.000 € de receita anual contra 3.200.000 € de despesas anuais com encargos financeiros e de manutenção. Fazendo as contas, 10 vezes mais despesas do que receitas. Tudo a cargo da Associação de Municípios de Faro/Loulé. Explicando, tudo a cargo das Câmaras de Faro e de Loulé e portanto, do erário dos munícipes. Mas para o actual presidente da AMLF e recém eleito presidente da CMFaro nada disso é problema, porque a sua visão estratégica vai para além do estádio e suporta um projecto inexistente chamado Parque das Cidades. Entretanto, no estádio joga o Louletano da II Divisão B, de 15 em 15 dias e os fantasmas do Farense, nos outros dois domingos do mês. Quando este projecto foi acusado de megalómano foi o que se viu. Agora, só se pode acusá-lo de decamegalómano.

sexta-feira, março 03, 2006

Olhai por nós

A tomada de posse de presidente, de Cavaco Silva, contará com a presença do ex-presidente dos EUA, Bush pai. Que saudades que tínhamos de ser um interlocutor de peso na política mundial.