sábado, janeiro 29, 2005

A MÃO INVISÍVEL DO MERCADO

«No jornal «O Louletano», de 21 de Dezembro passado, os comerciantes louletanos da ACRAL - em tempos natalícios de miséria de compras -, viraram as armas para os comerciantes oriundos da China, acusando-os de actividades comerciais eivadas de ilegalidades e sem vigilância. Até aqui, tudo bem, apesar de não serem apresentadas nenhumas provas. Só que a linguagem utilizada, é a manifestação latente de uma xenofobia que pode abrir caminho a discrimações intolerantes.» Pode ler a minha crónica, na íntegra, publicada esta semana no jornal «barlavento», clicando aqui.

O QUE SE ESCONDE ATRÁS DO HINO DO ALGARVE?

[desmistificação IV de IV]
Desde os anos 60 do século passado que etnólogos e etnomusicólogos andam a mostrar que a música de expressão popular e étnica do Algarve assenta, também ela, numa diversidade musical: de fados, de embalos, de rodas, de balsos, de corridos, etc. Lopes Graça já o escreveu muitas vezes. Basta Lê-lo. Giacometti mostrou-o em muitas gravações. Basta ouvi-lo. Ora bem, entregar a música do hino à Orquestra do Algarve quer dizer o quê? Um poema pimba com uma música erudita. Pois é, percebo: o poema é para contentar o zé povinho com as larachas do Algarve e a música é para contentar os turistas que nos visitam. Bom, confesso, ainda não tinha percebido que o hino é para vender o Algarve no mercado interno e externo. Bom proveito! Produtos destes eu não compro, nem consumo mesmo à borla.
[este é o último dos quatro posts que, em conjunto, constituem a minha coluna em «A Voz de Loulé» que será publicada a 1 de Fevereiro]

quinta-feira, janeiro 27, 2005

Um conto de Abril, no Brasil

«A malta rumou toda para a cidade e a manif foi engrossando, como o rio Arade nos tempos de chuva quando as águas barrentas trazem as laranjas de Silves, até chegar ao centro, passados cerca de 20 minutos. Acho que fomos todos correndo. A cidade estava cheia de pequenos comícios com conhecidos, os mais velhos dos democratas orando de varandas de advogados, o Cantos Linas, o Carolino, bem falantes e organizados. Mas o que a malta nova queria era dar cabo da sede da polícia política.». Pode ler, na íntegra, o meu conto “Trinta Anos Depois”, publicado na revista brasileira «Bestiário».

O QUE SE ESCONDE ATRÁS DO HINO DO ALGARVE?

[desmistificação III de IV]
Mas há outros argumentos para desmontar. Quem, dos habitantes de 2005 no Algarve, é verdadeiramente algarvio? Numa era de globalização e de migração intensa e, pour cause, de diversidade étnica e cultural, o Algarve não passa de uma sociedade moderna, marcada por um mosaico cultural de gentes lusas, africanas, latinas, ciganas, europeias, etc. E é mesmo assim que tem que ser. E vir ainda dizer que o hino deve representar uma essência musical que não deve assentar “na expressão popular do corridinho e da alma algarvia”, é não perceber nem uma coisa nem outra. Primeiro, que as expressões musicais são representativas de várias influências culturais e por isso diversas e por isso ainda aceitáveis. Segundo, que o corridinho e a alma algarvia não são representativos de coisa nenhuma. Bom, a não ser dos agrupamentos folclóricos que se limitam a levantar as saias e a dizer que isso é o Algarve.
[continua amanhã]

O QUE SE ESCONDE ATRÁS DO HINO DO ALGARVE?

[desmistificação II de IV]
Mas Macário tem mais argumentos: o político (ou será o engenheiro?) considera que o Algarve constitui “uma unidade histórico-cultural”. Em tempo de diversidade biológica e cultural este argumento é tão redutor como dizer que Faro é a capital nacional da cultura. Mas desde quando é que os traços que delimitam administrativamente o distrito determinam a sua unidade? Não há qualquer identificação social, económica ou cultural entre as gentes do litoral, do barrocal e da serra. Qualquer estudante sabe isso. E sabe também que mesmo a memória cultural consagrou a expressão “Vou lá abaixo ao Algarve”, para designar a ida dos habitantes da serra algarvia ao chamado baixo Algarve. Para elas esse é o verdadeiro Algarve, o das cidades que sempre decidiram e impuseram o seu poderio sobre os serrenhos. As identidades constroem-se pelas partilhas sociais e culturais. E é por isso que os algarvios de Alcoutim, de Cachopo, do Ameixial, de Odeceixe, sempre se identificaram mais com os seus vizinhos do sul alentejano. Unidade (ou unidades, melhor dizendo), hoje, apenas existem nas pequenas comunidades, nas pequenas freguesias e nos montes onde permanecem ainda restos das sociedades rurais. Dizer o contrário não passa da velha hegemonia grosseira dos munícipios sobre as freguesias.

[continua amanhã]

quarta-feira, janeiro 26, 2005

Ainda o debate Louçã/Portas

Andam aí a blogosfera e os jornais cheios de raivinhas mal escondidas sobre a polémica do debate entre F. Louçã e P. Portas, a propósito da vida e da interrupção voluntária da gravidez. A discussão já vai nos vícios privados e nas públicas virtudes, nas coerências dos políticos e nos moralismos éticos de meia tigela. Da gente afecta ao PS, que não sabe o que vai fazer sobre este tema na próxima legislatura, vem a pior das reacções contra Louçã. Porquê? É a inveja de não se sentir atacada pela direita? É a sobranceria medrosa de não participar em debates? O que se passou foi simples. Portas esgrimiu a última estocada (a última intervenção do debate) para chamar defensor da morte a Louçã e dizer que ele, ao contrário, é que defende a vida. Louçã, pai, não se conteve e disse-lhe que ele não tinha esses direito, pois nunca tinha gerado uma vida. Quem vê, aqui, princípios homofóbicos, moralismos puritanos ou conservadorismo paternal, anda a ver demasiada televisão ou a meter-se em campos onde há muita areia para as suas camionetas. O que eu vi e ouvi, foi apenas um homem a defender o seu amor por ter uma filha e a não deixar que um hipócrita lhe dissesse que ele não defende a vida. A emoção a sobrepor-se à razão. E depois? Nada mais. Eu faria o mesmo.
Nota: no meio de muita asneira, deixo-vos uma leitura antropológica sobre o tema.

O QUE SE ESCONDE ATRÁS DO HINO DO ALGARVE?

[desmistificação I de IV]
Parece que vamos ter um hino no Algarve. Macário Correia, presidente da Câmara de Tavira e da Grande Área Metropolitana do Algarve, achou que os hinos estão na moda, nos congressos e nas campanhas. Vai daí, não quer ficar atrás da história, abre os cordões à bolsa e resolve lançar um concurso de 2500 euros para a criação de um hino que tenha a palavra Algarve no refrão. O argumento são os valores regionalistas e a imagem de marca cultural do Algarve. Mas apreciemos a coisa. Para justificar a descoberta o autarca lança umas ideias peregrinas sobre o Algarve. A ele parece-lhe que a história do território já está fechada. Depois dos califados muçulmanos passamos a província e depois a distrito. Tempo de ter um hino do distrito. Engraçado que os árabes, que passeavam a sua criatividade musical e artística entre Silves e Córdoba, nunca se tenham lembrado disso. Preferiam a sua veia intercultural, cantando as belezas do mediterrâneo, que afaga o sul da península e todo o Magrebe. Nem mesmo os nossos poetas líricos - que tanto cantaram o Algarve -, João Lúcio, Cândido Guerreiro, Emiliano ou Bernardo de Passos tiveram tão subtil ideia. Os seus poemas falavam das terras miscigenadas de lusos e árabes, judiarias e mourarias, olhando sempre o sul, essa terra caiada de branco e azul marinho que nunca se confinou verdadeiramente aos limites do Algarve.
[continua amanhã]

sábado, janeiro 22, 2005

Líricos algarvios

O António Baeta Oliveira tem vindo a publicar poemas dos nossos líricos algarvios. Dê lá uma vista de olhos e leia os seis poetas já postados.

Uma tertúlia em Loulé?

Por via do AlgarveGlobal descobri uma tertúlia louletana. E logo a falar de cultura, com letra pequena, pois claro. Mas, leiam lá o que escreve Binácio, em todo o seu esplendor:
«Gostaria de vos falar sobre cultura. Sim cultura.No concelho de Loulé existem umas largas de dezenas (ou será centenas?) de associações culturais ou recreativas ou sociais... Mas ao que me parece existem um défice real de associações culturais de jovens e para jovens.Temos a Casa da Cultura de Loulé, temos a Associação Artistica Satori, temos... bem... ummmm... um ou outro grupo de dança e musica, temos.... bem... não me consigo lembrar de mais nenhuma.A Casa da Cultura de Loulé não sei se será o bom exemplo de um associação jovem. Certo é que trabalha todo o ano (trabalha?), certo é que realiza alguns eventos (o jazz o loulé rock... mais algum?) certo que têm jovens lá a trabalhar (serão pagos?) mas são sempre os mesmos... certo que tem uma direcção (alguem conheçe o presidente?) e certo que serve os jovens. Serve os jovens? Em que medida?Depois temos a Ass. Satori. Paredes meias com o Sitio Classificado da Fonte da Benémola e vizinhos do empreendimento Caltelo Golf (que está para nascer, com parto dificil). A localização não ajuda. Os conflitos com o "nativos" são muitos. É demasiado alternativo. É escuro. Bem mas eu sou suspeito para falar.».
Satisfeitos? Querem ler o post todo?

quinta-feira, janeiro 20, 2005

quarta-feira, janeiro 19, 2005

Para o Hino do Algarve,

Já tenho refrão:

Ó nosso Algarve de branca areia
O melhor é fechar-te num sacrário,
Atar-te, preso e mudo a uma Correia,
E depois, pôr-te a guardar algum Macário.

Alguém quer contribuir com o poema?

Mário Soares e o Bloco de Esquerda

Paulo Gorjão atira-se contra Mário Soares por causa do elogio que este faz ao programa do Bloco de Esquerda. E critica-o, sem provas: pede para se esperar pelo programa do PS; diz que um partido grande tem mais dificuldade em apresentar programa, do que um partido pequeno. Soa a laracha e falta de argumentos. Tinha razão quem afirmara que o PS não estava pronto para eleições. O texto de Gorjão é uma das provas disso.

Pão Ázimo

«Um dia, mais tarde, num alfarrabista, descobri e comprei por bom preço uma raridade bibliográfica - um exemplar de Pão Ázimo (1931), que creio ser a sua primeira obra em prosa, ainda assinada por Adolfo Rocha. Já tentei lê-la dezenas de vezes e não consigo passar das primeiras páginas. A aridez e a fealdade daquela escrita irritam-me e deprimem-me. Eis a parte mais material da dívida que há muitos anos tenho para com Torga. Acho que já desisti mesmo de a saldar...». Ademar Santos no Abnóxio. Também a mim, tardiamente, aquela escrita húmida de terra e lenços negros me deixou triste, perdido do sol do sul: «Portugal», «Os Novos Contos da Montanha», «Os Bichos». E recordo quando Clara Ferreira Alves, na altura crítica literária, desancou em Miguel Torga no «Expresso». Caiu o Carmo e a Trindade!

Al-Mutamid, salva-nos disto!

Perante tamanha eloquência valerá a pena escrever alguma coisa?:
"Na nossa organização administrativa, passámos de flutuantes califados para um reino estável; chamaram-nos província, fizeram-nos um distrito";
Macário Correia considera que o Algarve constitui hoje uma "unidade histórico-cultural" que deve traduzir-se também ao nível musical, sem que tenha de passar necessariamente pela expressão popular do corridinho e da "alma algarvia".
Em jeito de homenagem aos poetas populares, Macário Correia terminou o acto da tomada de posse da direcção da GAM lendo versos de João Braz. Que diziam assim: "Algarvios duma figa/ Que ninguém vos leva a palma!".

sábado, janeiro 15, 2005

A autonomia do género

A propósito do meu post aqui em baixo, convém ler:
“Não sei se interessa a alguém, mas concordo inteiramente com Miguel Sousa Tavares quando escreve, no Público de hoje, que «fica mal a um partido que se declara socialista e oficialmente defende a igualdade ter de autonomizar dentro das suas fileiras o género feminino, para melhor o proteger». Conclui Miguel Sousa Tavares que é «uma insanável contradição nos termos»”. Hugo Rosa no Quarto com Vista sobre a Cidade.

sexta-feira, janeiro 14, 2005

As mulheres no sistema político

[publicado hoje no jornal «A Voz de Loulé»]
O processo de constituição das listas para as eleições é, habitualmente, uma representação plena de qual o papel feminino na vida social e política. Os arranjos das últimas listas para as eleições de 20 de Fevereiro mostraram, mais uma vez, a hegemonia masculina dos partidos políticos e em especial dos seus aparelhos nacionais e regionais. A conversa veio à baila com a lista do PS em Coimbra e sobretudo com a decisão de colocar Matilde Sousa Franco (MSF) no primeiro lugar da lista. Muita coisa se escreveu sobre o assunto. Destaco apenas uma opinião:
«Parece-me uma péssima escolha. Não retirando os méritos da Sr.ª, que são muitos, continuando a considerá-la, como considero, uma mulher de fibra e de elevado sentido de estado, não posso deixar de achar que a sua candidatura, para mais como cabeça de lista (aceitaria com mais facilidade um local elegível mas de menor visibilidade), soa demais a uma vontade bacoca de "surfar" a onda de popularidade que ela, pelo braço do falecido Prof. Sousa Franco, seu marido, foi angariando. Ora eu sou contra explorar vivos e muito mais contra explorar mortos que mereciam outro respeito. É o caso».
As razões aduzidas no texto podem ter sido os pressupostos para o PS escolher MSF para o lugar referido, mas isso só penaliza a visão do PS. Aliás, só neste sentido se entende que Helena Roseta, bastonária da Ordem dos Arquitectos tenha sido preterida e Sónia Fertuzinhos, presidente das Mulheres Socialistas, tenha sido relegada para 12º lugar em Braga. Terá sido por esta militante ser a cara socialista da luta pela descriminalização do aborto? Parece que sim, porque o PS de Sócrates impôs, em sua troca - mas no 3º lugar e assim potencialmente elegível -, uma tal de Teresa Venda do Movimento Humanismo e Democracia, nem mais, uma militante defensora das penalizações a mulheres que abortaram. Também no Algarve o PS, bem como o PSD, não deixam as mulheres acima das fronteiras do elegível.
[continue a ler o texto aqui]

quinta-feira, janeiro 13, 2005

Entre mortos e feridos escapa a Comissão

Vinte e dois meses depois de iniciar a inspecção do território do Iraque, a comissão de inspectores conclui: a não existência de armas quimícas, biológicas ou nucleares de destruição em massa. Resultado destes 22 meses: 1300 mortos e dez mil feridos americanos.

O novo barrete da guarda

Jovem:
Queres engrossar as fileiras da guarda nacional republicana? Então não esqueças de arranjar dinheiro para o novo barrete. Como diz o nosso companheiro Manageiro, 5 € de subsídio de fardamento não são suficientes para um novo barrete.

sábado, janeiro 08, 2005

Leituras da imprensa regional:

No «barlavento» António Rosa Mendes, responsável da missão Faro, Capital Nacional da Cultura 2005, considera que a escolha dos comissários não pode ser manietada por um pendor regionalista. Todos concordarão que a competência é decisiva na escolha. Mas pensar que no Algarve não existem profissionais competentes para cada uma das áreas da missão é que revela um desconhecimento: da actividade cultural no Algarve nos últimos 30 anos; dos currículos de muitos dos agentes culturais da região; e sobretudo de que a estratégia desta iniciativa deve passar pela revitalização das práticas culturais. E para isso há que conhecer os diversos públicos culturais, as dinâmicas associativas e sociais do Algarve e sobretudo a sua opinião sobre tudo isto. E são os agentes do Algarve que melhor estão posicionados para esta estratégia. No fim veremos se a missão serviu para alguma coisa!
N’«O Louletano» os comerciantes louletanos da Acral, em tempos natalícios de miséria de compras, viraram as armas para os comerciantes oriundos da China, acusando-os de actividades comerciais eivadas de ilegalidades e sem vigilância. Até aqui, tudo bem, apesar de não serem apresentadas nenhumas provas. Só que a linguagem utilizada, é a manifestação de uma xenofobia bacoca que abre caminho a discrimações intolerantes. Pelo vistos o mercado só serve quando interessa aos próprios e a célebre “mão invisível”, parece ser, na verdade, a mão da Acral [este tema merece crónica].

sexta-feira, janeiro 07, 2005

Incoerências

«Fico pasmado com a sua capacidade de sobrevivência política. Pacheco Pereira conseguiu o feito de poder defender qualquer disparate sem nunca perder a aura de respeitabilidade.» Luís Aguiar-Conraria n’ “A Destreza das Dúvidas”.

A hora dos manifestos

Chegou a hora dos manifestos. Leia o “Manifesto anti-Dantas, Pim!”. E não perca, de modo nenhum, os comentários. E não deixe de ler a declaração político-literária de um libertário. Chegou a hora deles!

quinta-feira, janeiro 06, 2005

Prendas de dia de reis

Hoje é dia de reis, dia de prendas nalgumas culturas. A nossa costuma antecipar-se. Por isso, hoje entrego-vos prendas:
Durante o ano findo fui colocando, nos favoritos, os links dos blogues que ia descobrindo, de várias formas. Houve alguns que se mantiveram sempre, desde o primeiro momento em que comecei estas andanças, casos do avis, do ene coisas, do abrupto, do vento lá fora, do mais de sul, do local e global, do bloguítica, do causa nossa, dos tempos que correm, da presa do padre pedro. Alguns brasileiros também se mantêm de pedra e cal, casos do presidente figueiredo, do soares silva, do puragoiaba. Outros entraram portas adentro, por umas razões ou por outras, ficando uns, desaparecendo outros, casos do acidental, do maschamba, do mar salgado, do granito, da praia, do barnabé, do bde, do fora do mundo, do glória fácil, do homem a dias, do jaquinzinhos, do jpcoutinho, do klepsýdra, do céu sobre lisboa, do rua da judiaria, do sous le pavés la plage, do apenas mais um. Nos últimos tempos acrescentei o palácio dos balcões, a revolta das palavras, o blasfémias. E ainda mais recentemente (e não queria adjectivar) as ruínas circulares e a destreza das dúvidas; e mesmo agora o abnóxio [e apenas destes três últimos deixo os links; os outros vocês conhecem e assim poupa-me trabalho].
Obrigado a todos, com os quais aprendi!
Helder F. Raimundo

quarta-feira, janeiro 05, 2005

Curriculum Blité

Durante o ano findo, após leituras de alguns blogues pioneiros, decidi entrar na blogosfera. Conhecidas as mais rudimentares ferramentas do Sapo, iniciei o “contrasenso” a 19 de Fevereiro, com o objectivo de divulgar as minhas crónicas no jornal «A Voz de Loulé». Insatisfeito com as dificuldades do suporte, aderi à plataforma da Blogspot e em 12 de Outubro mudei de casa, onde ainda me mantenho com o mesmo nome, como se vê lá em cima. Logo no dia seguinte (20 de Fevereiro) não resisti e criei outro blog no mesmo suporte, o “educomum”, que serviria para o meu trabalho profissional como docente. Pelas mesmas razões, atrás aduzidas, a 15 de Outubro mudei de local de trabalho, também para a mesma cidade, iniciando o “Educação Comunitária” em Novembro. Entretanto, para dar um suporte virtual ao suplemento cultural de «A Voz de Loulé», intitulado “a cultura”, iniciei a 16 de Março um blog colectivo, “acultura”, que perdurou até 26 de Outubro, após a saída da último número do suplemento.
Há dias atrás Jorge Morais convidou-me para integrar um blogue colectivo sobre o ensino superior. Aceitei e lá estou também.
Bons meses, Fevereiro e Março. Ainda só estamos em Janeiro. Porra, tudo isto em menos de um ano!

Quixote, Paderne e a Capital da Cultura

A Espanha comemora este ano 400 anos da edição da primeira parte do «D. Quixote de La Mancha» de Cervantes. A presidente da Comunidad de Madrid, Esperanza Aguirre, fala em organizar 400 actividades dedicadas a Quijote. José Barreda, presidente de Castilla-La Mancha, pretende organizar 2005 actividades culturais respeitantes ao mesmo. Na nossa santa terrinha, Paderne vai comemorar os 700 anos da sua Carta de Foral e a freguesia quer organizar pelo menos um evento por semana, portanto 52. Da Comissão de Faro, Capital Nacional da Cultura em 2005, nada sabemos quanto à quantidade de eventos. Talvez um: a inauguração do Teatro Municipal de Faro.

Cuadernos de bitácora

A propósito da tergiversação de MVDA sobre a designação "blogs" ou "blogues", recordo que os nossos amigos espanhóis, com a exagerada mania das traduções (como refere Juan Cueto, na última revista «El País Semanal») dão aos blogs o interessante nome de "cuadernos de bitácora", ou por agora, solamente "bitácoras". Os autores são os bitacoreros. Bueno, no?

terça-feira, janeiro 04, 2005

Andy Reiley e a cábula do «Público»

O jornalismo no «Público» começa a ser demasiado cábula: depois do escândalo dos plágios dos blogues por duas ou três jornalistas (não estagiárias, mesmo que fosse), a crítica literária ou a simples recensão é feita sem brio e dignidade. Razão tem o Baptista Bastos. E já agora, também o Pacheco Pereira que diz, subliminarmente, que a única coisa que o «Público» tem é a opinião. Portanto, lavra de gente de fora. Uma ignorância atroz!

A rede virtual dos blogues do ensino superior

A partir de hoje iniciei a minha colaboração no blogue dos blogues do ensino superior.

segunda-feira, janeiro 03, 2005

A ler:

A propósito da exploração mediática da catástrofe nos países asiáticos, vale a pena ler a “raiva incontida” de josé antónio barreiros n’A revolta das palavras.

domingo, janeiro 02, 2005

A "onda de popularidade"

Através do P. Gorjão cheguei aqui. Comentando a escolha dos cabeças de lista do PS às próximas eleições, e em especial a decisão de colocar Matilde Sousa Franco (MSF) no primeiro lugar da lista por Coimbra, o autor do blogue afirma:
«Parece-me uma péssima escolha. Não retirando os méritos da Sr.ª, que são muitos, continuando a considerá-la, como considero, uma mulher de fibra e de elevado sentido de estado, não posso deixar de achar que a sua candidatura, para mais como cabeça de lista (aceitaria com mais facilidade um local elegível mas de menor visibilidade), soa demais a uma vontade bacoca de "surfar" a onda de popularidade que ela, pelo braço do falecido Prof. Sousa Franco, seu marido, foi angariando. Ora eu sou contra explorar vivos e muito mais contra explorar mortos que mereciam outro respeito. É o caso».
As razões aduzidas no texto podem ter sido os pressupostos para o PS escolher MSF para o lugar referido, mas isso só penaliza a visão do PS. Mas as razões do texto (e que expressam o ponto de vista do autor) não deixam de ser puramente machistas. Considerar que uma mulher cavalga a “onda de popularidade” do marido, significa duas coisas: uma, que o autor não conhece o percurso de MSF; duas, que ele considera que nos papéis sociais de género, quem constrói a onda é sempre o homem, não percebendo o papel de suporte colectivo que a mulher representa, uma rectaguarda decisiva para o percurso de qualquer homem, tal como no caso referido. Situação que o próprio Sousa Franco reconhecia. Porque é que há gente que fala sobre tudo sem pensar em nada?

Cuentas fuera de control

«(...)Todos los economistas coinciden en señalar que es esencial solucionar el problema presupuestario, aunque no es suficiente. Portugal debe también invertir en educación y formación para revalorizar su mano de obra, una de las menos cualificadas de Europa y que coloca al país en los últimos puestos de los rankings de productividad europea.(...)». No suplemento Negocios do jornal «El País» de 26 de dezembro.