domingo, julho 31, 2005

Agosto

«E antes que eu me esqueça: Agosto vem aí!»

João de Deus, o Ramos

«[O poeta] João de Deus, sempre ávido de convívios interessantes, fez várias tentativas para entrar nessa curiosa tertúlia. Em vão... Os estatutos, muito apertados... exigiam ao candidato uma prova insofismável de falta de limpeza.Inspiração era com João de Deus. Um dia, julgou encontrar a chave da impenetrável porta. No melhor papel de carta que pôde arranjar, redigiu a pretensão, esmerando-se na caligrafia e no estilo. No fim, limpou o rabo ao papel, dobrou-o como mandam as regras e meteu-o num envelope da melhor qualidade.». Ler tudo aqui.

sábado, julho 30, 2005

quinta-feira, julho 28, 2005

Rua João de Deus, em Alte

«Perguntei-lhe por que razão João de Deus não era reconhecido em Alte, não tinha o seu nome numa rua da aldeia, por exemplo, e a senhora disse-me que ele era muito crítico, falava mal de todos. Compreendo que a ausência de consensualidade não ajudou João de Deus a obter, na sua terra, a devida recompensa por ter ajudado a fundar um Centro Escolar e Republicano que foi uma verdadeira escola política e cultural da aldeia.».
Extracto da minha crónica no jornal «barlavento», publicado hoje. Pode ler a versão integral online ou ainda no arquivo do "Lobo".

On the road

Duas estradas. Feitas de palavras ao mesmo tempo doces e azedas, sérias e brincalhonas. Ao nosso dispor: uma vai para Damasco. A outra é apenas uma estrada: a.estrada:

Cadeia post-alimentar

Sei, agora, que a única saída digna de um não-alinhado é marear contra-a-corrente. Só assim ascende na maré, mesmo descendo na cadeia alimentar.

quarta-feira, julho 27, 2005

Geografia descendente

Luis Figo continua a carreira descendente: depois de Barcelona, Madrid. Depois de Madrid, Milão. Os euromilhões também descem.

A chuva?

Sim, a chuva,
breve mas séria,
caiu fria sobre o corpo quente,
anunciando o próximo Outono,
antes do antigo Inverno.

Programa de campanha

Assumir dores alheias é um bom princípio, mas quase sempre um mau presságio.

Publicista?

Para o Público, que raio é um publicista?

Empatia blogastronómica

Empatias blogosféricas é o que isto é. Esfomeado de sanduiche depois das micro histórias em macro lançamento do livro do Luis Ene, encontro sanduiche à minha espera. E como-a olhando espantado a outra que me perpassa nos olhos, como uma autêntica empatia blogastronómica. Melhor será exorcizar o bombyx e colocá-lo ali entre o 2º abnóxio e a casa de cacela. mori lá!

terça-feira, julho 26, 2005

Mil e uma pequenas histórias

O Luís Ene terminou, a 14 deste mês, o seu projecto das mil e uma pequenas histórias. Um trabalho de escrita de quase três anos. Em livro, já podemos ler as primeiras duzentas. Esse mesmo, o livro das primeiras duzentas das mil e uma pequenas histórias vai ser lançado hoje, pelas 21.30, nos Artistas em Faro.

Reciprocidade à Clash

Hoje acordei a ouvir London Calling dos Clash. Agora, madrugada dentro, oiço-a na casa do Afonso Bivar. Olha, agradecido pelo link aí entre o contra-indicado e a controversa maresia. Devo-te essa!

Aceitam-se apostas

O jornalista pergunta: O que aconteceu neste caso, pode voltar a acontecer?
O responsável da polícia de investigação britânica, responde: Sim, claro! Esperemos é que da próxima vez não seja o sujeito errado!

Os populares

Gostava de entender qual é a teoria sociológica que suporta a definição de populares para todos os cidadãos que combatem os fogos que ameaçam as suas vidas e os seus bens?

Suspensões, várias

«certo poeta só era capaz de escrever em estado de suspensão: lá em cima, a dez mil metros de altitude, por cima das nuvens, entre dois continentes. os críticos, rendidos, gabavam-lhe a leveza dos versos.»
José Mário Silva no letra minúscula.

Malfadadas mulheres

«Desperate housewife
Nem a sogra baixava o tampo da sanita. »

segunda-feira, julho 25, 2005

«Algarve, sem o mar» II

POR AGOSTO À TARDE FORTE

Em tudo de súbito há ápices de festa
Agosto cresce em luz e céu e vento e cor
E o sol dormita pela tarde a doce sesta
Por entre as sombras onde se abriga do calor.

Fernando Cabrita, O Sul, poemas algarvios.

domingo, julho 24, 2005

Luiz Pacheco

Foi mau vê-los todos no consenso, ternurento e lamacento: Luiz Pacheco é o maior! Mas o homem que escreve isto,
Estendo o pé e toco com o calcanhar numa bochecha de carne macia e morna; viro-me para o lado esquerdo, de costas para a luz do candeeiro; e bafeja-me um hálito calmo e suave; faço um gesto ao acaso no escuro e a mão, involuntária tenaz de dedos, pulso, sangue latejante, descai-me sobre um seio morno nu ou numa cabecita de bebé...
é um maldito, libertino, libertário, comunitário, isso, comunitário, de «Comunidade». Leia-a, caraças!

Millôr

Olha, olha, agora o Millôr vestiu-se de cor de laranja. Tudo por causa do branqueamento do Lula.

Profundidades

Pulo do Lobo= Alentejo profundo
Presidenciais= conversa profunda
[Cavaco dixit]

sábado, julho 23, 2005

«Algarve, sem o mar»

O Luís deu-me o grato prazer da ofertança de «Algarve, todo o Mar» uma colectânea de poemas e prosas sobre o Algarve, editada pela D. Quixote há um mês atrás. São 431 páginas de Ramos Rosa, Casimiro, Gastão, Júdice, Luiza Neto Jorge, Lídia Jorge, só para citar alguns algarvios entre muitos outros e ainda outros que escreveram sobre o Mar (algarvio?). Entre muitos nomes “poéticos” de escolha duvidosa, a divina Providência e colega esqueceram-se de um dos maiores poetas algarvios vivos [nasceu 1955]. Talvez por ele não frequentar o millieu das coutadas e preferir acompanhar o bas-fond dos artistas. Só por isso, todos os dias serão dias de poemas seus:

Quando em Circe

Quando em Circe de súbito encontraste
Essa baía meiga onde aportar
Tu, Ulisses, urdidor de ventos e caminhos,
Que ilha por ilha em vão buscaste
Ítaca, a misteriosa, sobre o mar,
Festejaste com mel, canções e vinhos
Essas luas altas que beijaram o teu navio;
E a brisa difluindo veio ver
A flor estranha dos deuses em cuja haste
Cresceste para o sol, por esse rio
Que navegaste ao doce anoitecer
Quando Circe de súbito encontraste.

Fernando Cabrita, O Sul, Poemas Algarvios.

sexta-feira, julho 22, 2005

Inquietude

Quietude, inquietação, quietude, inquietação...inquietação, inquietação...

O Tradutor

Francisco Louçã deu uma entrevista ao Público. Como pensa que nós não sabemos ler, Pacheco Pereira quer-nos ofertar a sua tradução...

Novas do jardim Charles Bonnet

A destruição do jardim Charles Bonnet, em Loulé, continua a suscitar o interesse da imprensa e da blogosfera. O problema já não está circunscrito a Loulé. Miguel Ramalho escreve crónica sobre o tema no jornal «Expresso». O "Dias com Árvores", um blogue sempre atento à respiração ecológica, divulga o assunto a nível nacional [Obrigado, pela informação, ao António].

Finalmente, notícias boas

Duas boas notícias para desanuviar as desgraças da gestão loulé concelho: o nº 10 da revista «al~uliã», com uma panóplia de bons artigos e ensaios sobre a arqueologia de sítios litorais e a biblioteca ao ar livre instalada na Praça do Mar, em Quarteira.

Sectarismo

Enquanto o consumo cultural se esvai nos corredores do Teatro Municipal de Faro, eu ando ostracizando selvaticamente a dita capital da cultura. Um sectário invejoso é o que sou!

quarta-feira, julho 20, 2005

Sobre o jardim Charles Bonnet

Ler o que se diz aqui e aqui.

barlavento

Uma boa notícia: o «barlavento», o melhor jornal do Algarve, está online.
Uma má notícia: a partir de Setembro muitos dos conteúdos serão pagos.

Marketing de grande superfície

Depois dos concertos da Fnac na Guia, os concertos do Forum Algarve, em Faro. Em pleno a Estratégia de Lisboa.

A ler, sem dúvida

«Haverá muitos outros mundos fechados na craveira lusitana, mas estes - uns francamente actuais, outros menos e outros ainda um tanto mitológicos (como os dois últimos exemplificados) - já constituem uma boa amostra de algumas das fixações que andam aí à deriva. Tudo isto, numa era em que todos apostamos na Estratégia de Lisboa.». Luis Carmelo no Miniscente.

terça-feira, julho 19, 2005

Destruído jardim de Charles Bonnet em Loulé [actualizado]

[Actualizo este post para deixar referências a Charles Bonnet como engenheiro de minas, bem como ligar as notícias do Jornal do Algarve e da RTP sobre a nota da Almargem]
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NOTA DE IMPRENSA
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Destruído jardim de Charles Bonnet em Loulé
Aquilo que já se anunciava há muitos anos, acabou por concretizar-se. O popularmente chamado Jardim do Boné, situado na zona baixa da cidade de Loulé, foi arrasado para vir a dar lugar a um parque de estacionamento e mais uns quantos lotes de apartamentos. A obra resulta de um protocolo entre a Câmara Municipal de Loulé e os actuais proprietários do terreno. O Jardim do Boné ganhou esse nome devido a ter sido local de residência de Charles Bonnet, responsável pelos primeiros trabalhos consistentes de investigação sobre a geologia, a geografia e a história natural do Algarve. Os estudos deste engenheiro francês foram condensados no livro "Memórias sobre o Reino do Algarve", publicado em 1850 pela Academia Real das Ciências de Lisboa e que mereceu uma reedição em 1990 por parte da Delegação Regional da Secretaria de Estado da Cultura. Charles Bonnet viveu durante cerca de uma década em Loulé e aqui acabaria por falecer em 1867. A sua modesta casa da antiga Rua Nova de Quarteira estava rodeada de uma ampla quinta com cerca de 1,5 hectares, onde plantou espécies da flora algarvia e muitas outras espécies agrícolas e ornamentais. Apesar da degradação a que o local havia sido votado nos últimos anos, ele constituía efectivamente um dos poucos espaços verdes da cidade. Dezenas de árvores e outras espécies arbustivas foram já arrancadas nos últimos dias, pondo em risco o desejo de muitos louletanos que era ver este local transformado num verdadeiro Jardim Público. Em 1986, durante o 4º Congresso do Algarve, o Prof. Vilhena Mesquita propôs mesmo que no Jardim do Boné fosse implantado um laboratório de investigação botânica, capaz de atrair e motivar a juventude para o estudo da flora algarvia. Numa cidade, como tantas outras, sem vontade ou capacidade de investirem novos jardins e zonas verdes, é de lamentar que um projecto como este se venha a perder, tanto mais que, em Loulé, este era efectivamente o único espaço do interior da malha urbana da cidade onde ainda se poderia compensar de forma significativa o continuado avanço do betão e do asfalto. Desconhecem-se, neste momento, os contornos exactos do projecto de urbanização em marcha. Mas não serão certamente alguns canteiros plantados de mélias e palmeiras e rodeados de apartamentos de arquitectura duvidosa, que constituirão um bom contributo para a urgente criação de espaços verdes na cidade e, muito menos, uma forma digna de homenagear a memória de Charles Bonnet. Por estas razões, a Associação Almargem exige que, no mínimo, seja preservada a casa de Charles Bonnet, se proceda à sua recuperação e transformação em espaço público dedicado à divulgação da obra deste insigne investigador a quem o Algarve muito deve. E também que uma parte do terreno agora devassado seja reservado para instalar um pequeno Jardim Botânico com espécies da flora algarvia.
*
Loulé, 12 de Julho de 2005
Contacto: João Santos (289412959)
Almargem
Nota pessoal: ainda ontem, conversava com um amigo sobre a destruição deste jardim e falávamos da possibilidade de, urgentemente, escrever sobre o tema, já que parece que a actual Câmara adora derrubar património vegetal. Hoje, ao abrir a caixa de correio deparo com este lamento da Associação Almargem que aqui edito como forma de solidariedade e de protesto.

segunda-feira, julho 18, 2005

A dicção dos media

A jornalista da Sic, referindo-se ao grave incêndio de Guadalajara, em Espanha, dá a notícia com ligeira displicência: "As chamas mataram 11 bombeiros...". Se noticiasse um atentado terrorista ou um suicídio militante, como o pronunciaria?

Timbuktu

«Tudo o que tinha a fazer era dar um passo em frente e num instante estaria em Timbuktu. Estaria na terra das palavras e das torradeiras transparentes, no país das rodas de bicicleta e dos desertos escaldantes, onde os cães falavam como iguais com os homens. Willy reprovaria de início, mas só porque pensaria que Mr. Bones chegara a Timbuktu à boleia do suicídio. Porém, aquilo que Mr. Bones tinha em mente estava longe, muito longe, da baixeza do suicídio». Paul Auster em «Timbuktu».
Aqui está a prova de que Mr. Bones deveria governar este país.

sábado, julho 16, 2005

"Contrasenso" convida

A coluna “Contrasenso” da Voz de Loulé de ontem, é da autoria da minha convidada Maria Amália Cabrita. Aconselho vivamente a sua leitura, dado tratar-se de uma análise extremamente interessante sobre a problemática do capitalismo na sua versão consumista. A sua retórica, mostra ainda um cariz neo-marxista bem patente na linguagem, na desmontagem e no título. É uma boa leitura para o fim de semana que se segue. Disponibilizo, aqui, o texto na íntegra:
*
Um espectro sobre a Europa

Paira um novo espectro sobre a Europa mas para já não é o do comunismo. É o do algarismo. Podia-se dizer de forma mais elegante e apontá-lo como o fantasma do número mas talvez ele não mereça tanto.
O número é um conceito intelectual, com uma longa tradição platónica e aristotélica atrás de si, ao passo que este espectro é uma criação de merceeiros. O algarismo domina agora do Atlântico aos Urais. Perante ele caíram para sempre todas as fronteiras europeias, de tal modo que não há no momento ministério do interior que as possa repor, nem que seja por meia dúzia de dias de futebol.
Os europeus tinham começado a sucumbir perante o espectro já há muito tempo. Por exemplo, aquele que foi provavelmente a grande criação estética da modernidade, o Romantismo, já se definia pela exaltação da qualidade e pela recusa da quantidade. Simplesmente, enquanto o capitalismo tinha uma missão criativa e prosseguia na sua obra de desencantamento do mundo, a sua sombra não cobria tudo. Na altura dos românticos parecia ainda possível comparar qualidades (a natureza independente, os lugares não europeizados, o passado pré-capitalista mitificado, etc.) contra quantidades (o dinheiro, a mercadoria, o preço). Fazia-se a exaltação do valor de uso contra o valor de troca e essa operação era possível porque as duas realidades coexistiam, embora conflituosamente, para as “almas sensíveis”.
Deixou de haver “almas sensíveis” dessas, quando deixou de haver alguma coisa para comparar. Com a potência de uma bomba de neutrões sobre todos os modos de produção anteriores, o capitalismo varreu-os e decretou que passava a haver apenas quantidades, sob a forma de unidades contabilísticas. Como permaneceram algumas palavras consagradas e o materialismo filosófico continua a ter muito má reputação, continuou a dizer-se que o mundo tem uma alma, mas agora pouca gente não saberá que ela de facto é numérica. Sendo assim, as palavras tinham de ser recicladas. Se tudo o que muda é uma alteração quantitativa, o fundo lexical deverá ser retirado da ciência do nosso tempo, a contabilidade. A iniciativa chama-se agora “empresa”, a introspecção é um “balanço”, as vitórias são “benefícios” e as derrotas, “perdas”. Agir no quotidiano é “gerir” e quando se deve arriscar ou ceder, evidentemente, que se“investe”. Como a palavra “valor” – aparentemente impoluta perante o novo Código da Substância – ainda estava, vendo melhor, demasiado associada ao mundo da qualidade, considerou-se mais livre de efeitos secundários trocá-la por miúdos e falar em “mais-valia” e “lucro” sempre que alguma coisa corre bem. É claro que gente pouco recomendável como os metafísicos, os ricardianos e – horresco referens – os marxistas as tinham consagrado noutro contexto mas quem “investe” hoje em dia nessas leituras? O verbo socialmente certo é, evidentemente, “valorizar” que, como é obvio, não significa agora dar valor mas reproduzir com valor acrescentado.
O hábito de pensar com palavras talvez seja um dos próximos a desaparecer. De facto, o totem do capitalismo tardio obriga-o a fazer economias em tudo, o que significa que há palavras a mais. A sociedade não precisa apenas de reciclar as antigas, pode passar sem muitas delas. Bom, o que o capitalismo precisava era de facto de uma nova linguagem, formada por zeros e uns, como os circuitos electrónicos. Ah, mas isso custa demasiado para já, é coisa para o futuro próximo. Vale uma “aposta”?
*
[Maria Amália Cabrita]

sexta-feira, julho 15, 2005

35 horas

Segundo o governo, o horário semanal dos professores passará a ser de 35 horas na escola, portanto, sete horas por dia. Acrescente-se, o trabalho do professor fora da escola, na preparação de aulas, avaliações, pesquisas, etc. Das duas uma: ou o dia do professor tem mais de 24 horas; ou o professor vai ter de reduzir, ou mesmo eliminar, o trabalho pedagógico e didáctico fora da escola. Aposto na segunda, com as consequências que esta medida parece querer eliminar. Serão os alunos, mais uma vez, que irão perder. Quem não trabalha, não devia legislar!

Lucky Luke

Estes homens escrevem mais rápido que as suas próprias sombras. E já agora leiam, lá, este post com a rítmica e gozada letra de Tom Zé, "Jimi renda-se", em «Jogos de Armar».

Liberdade, igualdade, fraternidade

O mundo faz-se, quase, só destas três palavras. Ou das suas antíteses!

Em defesa da escola pública

Vital Moreira disponibiliza, no Aba da Causa, a sua coluna no Público de terça, sobre a escola pública, que aconselhei num post abaixo. Ler também o texto, a propósito, do professor Vasconcelos Costa.

quinta-feira, julho 14, 2005

contra-cultura

«O orgulho da contra-cultura: o que um tipo não expele em fluídos ganha em brio revolucionário. Não me contaminarei. Daniel na cova dos leões. A Babilónia que se dane. O jovem protestante atinado orgulha-se de não fornicar. Até os católicos das hóstias fornicam. O evangélico é especial.». [Na voz do deserto].

arquivo fotográfico

«Mas zombar do nosso alinhamento na Guerra do Iraque, dizendo que os terroristas não vão ao arquivo fotográfico é superficial e de mau-gosto. Especialmente para quem se opôs veementemente contra as posições bélicas da administração Bush.». [No bicho carpinteiro].

pudor

«Não sou dos que têm pudor em festejar. Mesmo que o objecto da festa seja minúsculo. Já se sabe que o micro-mundo é um ensaio geral da nossa obstinação pelo grande acontecimento que aniquilaria as proporções com que pensamos o tempo. Isso basta-me para rir.». [No miniscente].

a frase

«Há dias em que se torna evidente que muita da crueldade deste mundo está enclausurada entre as palavras da frase "rendibilidades passadas não constituem garantia de rendibilidades futuras".» [No classe média]

O azul do céu

Quando eu vejo aquela contracapa azulácea, desconfio logo: lá temos o Brás Cubas. É só revirar o olho e lá está. Ainda no outro dia lá encontrei um amigo com um na dita posição. Será por que blog que se preze ostenta o livro na prateleira? Ah Machado!

O meta-arrastão

Como já se desconfiava, para além do arrastão inventado pela polícia, há um meta-arrastão inventado por alguma imprensa. Nada que eu não tivesse dito.

Confesso

que não sei: Miguel sai ou não sai?

A ler,

Em defesa da escola pública, aberta e plural e contra a privatização do ensino, provavelmente só para alguns, ler o artigo de Vital Moreira. Em nome da dignidade da função docente num país sem política decente para nada, ler o artigo de Adalberto Dias de Carvalho. Tudo no «Público» de ontem. Infelizmente sem links!

quarta-feira, julho 13, 2005

Fim

Não podendo falar para toda a Terra direi um segredo a um só ouvido [LUIZA NETO JORGE].
Closed.

Um popular bem mimético

Um popular, na televisão, a dizer que “fomos nós, os populares, que estivemos aqui a combater o fogo”. Os especialistas no fogo não diriam melhor, sobre esta forma de mimetismo televisivo.

terça-feira, julho 12, 2005

segunda-feira, julho 11, 2005

Dois anos de Local & Blogal

Dois anos na blogosfera, está o António a comemorar! Nós é que o devíamos fazer, pelo inexcedível serviço que ele presta.

Marcelino

Apetecia-me dizer que a solidariedade não é uma vã palavra. Por que depois da festa de ontem, promovida pela Viviane e pelo Tó Viegas, o Marcelino, criança velha dos sapais de Tavira a quem roubaram a mota, já tem uma mota nova, comprada com os contributos dos amigos. Todos os que estavam lá, quando ele agradeceu emocionado.

Argumentário

Não é que o Expresso seja propriamente uma Bíblia argumentatória, mas neste caso do arrastão, o jornal só nos vem dar razão.

sábado, julho 09, 2005

Ballet Gulbenkian

E eu, não sabia que o ballet também se fazia assim: palavras dançando vivas sobre a morte.

Viviane na FNAC da Guia

Daqui a pouco encontramo-nos na FNAC do AlgarveShopping da Guia, no concerto da Viviane a solo: «Amores Imperfeitos» [22 horas].

sexta-feira, julho 08, 2005

London, London

Os atentados em Londres mostram que:
- o terrorismo é um fenómeno perene das sociedades contemporâneas, com o qual temos que nos habituar a viver;
- que a táctica do olho-por-olho e dente-por-dente, pode deixar-nos a todos sem olhos e sem dentes;
- que o caldo de cultura (política, social, militar) em que ele se desenvolve, é da responsabilidade de todos.

quinta-feira, julho 07, 2005

Tom Zé revisited

O Tom Zé veio a um festival de música do Mediterrâneo. Mas toda a gente sabe que o TZ é brasileiro, portanto do Atlântico. Mas o que é que isso interessa se o músico deu o mais mediterrânico dos concertos do festival?!
*
A certa altura do concerto gritava-se “Tom Zé é Loulé!”. E TZ perguntava se Lisboa ou Porto era Tom Zé. De repente pergunta ao público pela cidade mais próxima. Ninguém falou de Quarteira, claro. Ouviu-se a palavra Faro, a cidade rival, do futebol, da escola, dos namoros, da capital da cultura. E toda a gente gritou: “Faro não é Tom Zé! Tom Zé é Loulé!”. Uma rima afectiva.
*
Numa das músicas, Tom Zé pegou num exemplar do jornal «O Louletano» e transformou-o em instrumento de percussão, qual Triplettes de Bellevilles. E cantava: Loulétano, loulétano. E cantava as notícias do jornal. E comia as páginas do jornal. Nunca «O Louletano» teve uma publicidade tão eficaz. Em troca, o jornal devia pagar um concerto em Loulé, no próximo ano, com o novo álbum de TZ.

G8 e Live8

«De algum modo, eles têm razão. Eles são os que estão do lado dos países pobres. Os G8 são os outros? Como é óbvio, qualquer país rico que seguisse metade das políticas sugeridas pelos manifestantes, rapidamente passaria de membro do G8 para objectivo do Live 8.»
Não concordo, mas não posso deixar de reconhecer inteligência neste post.

quarta-feira, julho 06, 2005

Para que não esqueçam

A Viviane apresenta o seu primeiro disco a solo «Amores Imperfeitos». Na loja da FNAC no AlgarveShopping da Guia/Albufeira, na sexta dia 8, pelas 21 horas. A entrada é livre.

A ver, estas

excelentes fotografias sobre Carcavelos, a praia onde os media inventaram um arrastão.

Lembranças dos Açores

As Flores

A Fajã Grande desenhou o seu corpo
numa planura, a meia altura entre as arribas e o mar,
tornando, ainda, mais vertical o cultivo
do milho alto, nos seus braços.
O seu regaço materno de mulher
abrigou hortênsias viradas a oeste,
protegendo a falésia da escuridão do mar.
Nos seus precipícios oceânicos, apenas um burro
sabia o caminho do princípio ao fim.

Ena tantos aniversários

Por estes dias, fazem dois anos: o um pouco mais de sul, criado por João Filipe Marques e José Carlos Barros e hoje nas mãos de Eurico Alves. A Praia do sempre irreverente e culto Ivan Nunes. E o Bloguítica do Paulo Gorjão. Um ano, completa o amigo Ademar Santos, pedagogo da escola da Ponte, lá pró Norte. Parabéns a todos.

segunda-feira, julho 04, 2005

Autarcas? E que mais?

Sou apenas um arguido – Isaltino Morais.
Os rendimentos declarados por Avelino Ferreira Torres não vão além do seu vencimento de autarca.
Nunca virei as costas ao meu compromisso de autarca – Fátima Felgueiras.
O que é que esta gente, para além de autarca, tem em comum?

domingo, julho 03, 2005

Coluna "Contrasenso"

Por uma política multicultural da nacionalidade
[minha coluna em «A Voz de Loulé» de 1 de Julho 05]
*
Começo por uma afirmação aparentemente peremptória: não houve qualquer “arrastão” na praia de Carcavelos. Este fenómeno, ampliado e manipulado até à exaustão, merece uma análise séria e rigorosa e isso é o que pretendo fazer.O conceito de “arrastão” decorre do fenómeno localizado no Brasil – sobretudo nas praias do Rio de Janeiro – e, como muitas importações ad-hoc, foi erradamente utilizado nos factos ocorridos em Carcavelos e em Quarteira, no Algarve. O que se passou nestes dois locais, foram meros incidentes praticados por jovens de forma espontânea, desorganizada e sazonal. Espontânea porque motivo do contexto local; desorganizada porque acto de prática adolescente, enquanto mecanismo de afirmação e de status juvenil; e sazonal porque marcada pelo momento liberal de final de aulas. A divulgação dos factos criaram o primeiro disparate: não foram 500, nem 100 jovens que se envolveram nos actos. Os próprios relatórios de polícia, divulgados pelo «Diário de Notícias» desmentem as notícias da imprensa e das televisões, apressados em dar o directo e provavelmente em vender jornais, numa época de folga da bola e de descanso do Parlamento(...)
[para continuar a ler a minha coluna clicar aqui]

sábado, julho 02, 2005

Gaiteiros de Lisboa

Esta noite sopram gaitas em Loulé: sopros das peles, saltam vibrantes dos sacos de ar. É um peitaço forte o do David, olhos nos olhos da gente à espera de um calor. Ele não vê, mas escuta o traulitar, e apalpa o coração da malta à espera do sonho da sua música. Sei que ele gosta das histórias do Algarve, sobretudo das pragas de Alvôr:
Móce, qué que vás fazer ó mar com este vente? Vou pescar camarada e s’óver vente dou cabe ó barque. Mas se fazer más vente? Dou-lhe más cabe! Mas se fazer uma grande ventania? Dou-lhe o cabe tôde! Ah malçoado, mas tu tens assim tante cabe pa dar? E tu, desgraçade, tens tanto vente pa mandar?
Ri-te David e bom concerto.

Um poema de José Carlos Barros

A «Periférica» publica, no seu último nº, cinco poemas do José Carlos Barros. O que se segue, pode ser lido online. Os outros só na edição em papel, que pode ser adquirida apenas num único ponto no Algarve: a livraria Bertrand no AlgarveShopping da Guia/Albufeira.
*
As Fronteiras

Era no tempo improvável da etnografia:
vestíamos jeans e corríamos no restolho,
viravam-se nos lameiros os fenos
três dias depois de ceifados
à lâmina, vivíamos depressa
a ler o Cesariny ou a debulhar
o milho nos sobrados, espalhava-se no chão
a caminho da igreja o alecrim.
Parece que foi no séc. XIX
entre retratos como se fossem a sépia e os bilhetes
do expresso de Lisboa comprados
no Cunha a ver os concertos de jazz.
O que nos traiu não é fácil de dizer.
Agora é apenas como se um estranho caleidoscópio
misturasse a tristeza e o êxtase
do que fomos, do que quase chegámos a ser.

[José Carlos Barros, revista «Periférica», nº 13]

sexta-feira, julho 01, 2005

Periferias

O número 13 da revista «Periférica» já está disponível online e na próxima semana nas bancas. E eu que ainda não tive tempo de renovar a minha assinatura da melhor revista portuguesa da actualidade. Para a ler basta clicar na palavra sublinhada.
[Em breve colocarei, aqui ao lado, links das minhas revistas de eleição para usufruto dos leitores].

A ler:

«Comecei por explicar a desconstrução criativa como quem destrói uma construção de legos-mecanos. A coisa é feita assim bonita e certinha para estar na montra e depois a vida não nada assim e a gente percebe que nem precisa de metade das peças.». Ex-piações criativas de Salvaterra, Salvamar.

Finalmente regressou