quinta-feira, junho 30, 2005

Tom Zé [2]

«Eu sou a fúria quatrocentona de uma decadência perfumada com boas maneiras e não quero amarrar minha obra num passado de laço de fita com boemias seresteiras. Pois é que quando eu abri os olhos e vi, tive muito medo: pensei que todos iriam corar de vergonha, numa danação dilacerante. Qual nada. A hipocrisia (é com z?) já havia atingido a indiferença divina da anestesia... E assistindo a tudo da sacada dos palacetes, o espelho mentiroso de mil olhos de múmias embalsamadas, que procurava retratar-me como um delinqüente. Aqui, nesta sobremesa de preto pastel recheado com versos musicados e venenosos, eu lhes devolvo a imagem. Providenciem escudos, bandeiras, tranqüilizantes, anti-ácidos, antifiséticos e reguladores intestinais. Amem».
Palavras da contracapa do primeiro disco de Tom Zé "Rozemblit 50010" de 1968.

Tom Zé

Não tenho muito tempo para escrever sobre o melhor músico brasileiro da actualidade. Acabo de vir do concerto de Tom Zé, verdadeiramente assombrado, apesar de já conhecer o músico do movimento tropicalista, exorcizado pelo seu não alinhamento e anarquismo político. Um show de poesia, história e filosofia misturados com a mais bela capacidade de improvisar uma cena musical em palco, adejado com o calor do público presente em Loulé. Ainda embevecido deixo-vos um presente: ligue bem alto as colunas e depois clique aqui.

Blackbox Stories

[De um mail do José Carlos Fernandes]

A quem possa interessar (para os que no Verão migram para paragens insalubres e para os que ficam em casa a contemplar, da janela, o alcatrão a derreter-se):

Entre 1 de Julho e 31 de Agosto, o suplemento de férias do "Diário de Notícias" irá publicar diariamente uma BD minha, em continuação, com o título "A Agência de Viagens Lemming".
Depois do cinema, invado também a rádio: no programa da manhã da Antena 2, das 8:00 às 10:00 (q por agora se chama "Acordar a 2", mas q creio irá mudar de nome) há umas "Ostras", ou seja, umas histórias curtas de carácter surreal, com banda sonora a condizer. Algumas delas fazem parte das minhas "Blackbox Stories" e enquanto elas não aparecem em livro (há desenhadores a trabalhar nisso), podem ouvi-las.
Para quem frequente o Centro Comercial Colombo, informo q a revista (gratuita) editada por este "templo do consumo" tem vindo a publicar "Blackbox Stories", com argumento meu e desenho de Miguel Rocha

abraços
zc

quarta-feira, junho 29, 2005

Saneamentos inéditos

Quase todos os dias caem, no meu e-mail da universidade, notícias enviadas pelo «Região Sul» online. Quase sempre dou uma vista de olhos, quase sempre como forma de agradecer a gentileza do serviço. Hoje dei com uma notícia surpreendente: os sociais-democratas algarvios a contestarem a onda de saneamentos políticos nas administrações regionais dos serviços do estado, dependentes do governo. Eu nunca tinha visto uma coisa destas, inédita, qual inquisição a desbastar cabecinhas pensadoras da área da saúde, da agricultura, da juventude, da cultura. Caramba! Que falta que vão fazer aqueles que, desde há dois anos, pugnavam pelo desenvolvimento das alfaces, das filas de espera nos hospitais, dos skate-parks e da programação do teatro municipal da capital da cultura. Só quando li este post do Pacheco Pereira é que percebi que isto já tinha acontecido antes.

A manipulação dos media

Desculpem, mas começa a ser indigente ver e ouvir a comunicação social insistir nas análises superficiais, no estímulo do mexerico, na divulgação da notícia sem confirmação, no alarde do mimetismo, na manipulação dos factos. Tudo em tempo de vacas magras da notícia, agora que a bola acabou e o parlamento descansa. É pena ver Conceição Lino no debate da Sic, literalmente a apanhar papéis, depois de um começo impreparado e sobranceiro na discussão dos problemas sociológicos da delinquência juvenil. Não sei quem lhe encomendou o sermão, mas este papel descaradamente manipulador e ignorante dos media televisivos começa seriamente a preocupar.

terça-feira, junho 28, 2005

Barnabé

O “Barnabé” foi um dos primeiros blogues que li. A equipa de André, Rui, Daniel, Pedro e Celso foi uma pedrada no charco dos blogues à esquerda, que não conseguiam emancipar-se do peso intelectual dos blogues mais conservadores, mas muito bem escritos. Depois do lançamento do “Barnabé” em livro fechou-se um ciclo, provavelmente sem retorno. Já há muito que não o lia com regularidade.
Hoje, arrasta-se à espera do desfecho, o que é pena. Os blogues não se compadecem com retiros e alargamentos de militância colectiva.

segunda-feira, junho 27, 2005

Na companhia de mais amigos

Repararam? Ali ao lado cresceram os links, com moradas de mais amigos da blogosfera: o Ademar do Abnóxio, professor amigo da Escola da Ponte; o José Pimentel Teixeira do Ma-Schamba, que ciranda por Moçambique; o Luís Ene, mentor destas lides, que fechou o Ene Coisas, mas pode ser lido no seu mil e uma; o João Pedro da Costa que está a lançar o seu blogue em livro; a malta da revista Sul; o António Almeida, noutras lides políticas; o Paulo Querido, o pai disto tudo em Portugal. Também lá estão o blogue da revista mais que amada, a «Periférica»; a «Folha de Alte» onde de vez em quando escrevo; e um meta-blogue, o do ensino superior, do qual fui fundador e onde escrevo, quando posso.
Divirtam-se amigos e leitores. Deixo-vos estes doces porque nos próximos tempos pouco vos irei oferecer de escrita.

Direita-ovos de choco

Direita-sardinha nunca, porque eu gosto muito e o "povo" também. Direita-patanisca não é mau. Mas há uma espécie piscícola que vem à rede e os pescadores não ligam muita peva, que tem um nome sujeito a metáforas: direita-trombeiro (de trombas e caceteiro). E ainda direita-ovos de choco (próximo da biologia do caviar e termo de troça no sotavento algarvio). Escrito a propósito deste post, do Miguel.

sábado, junho 25, 2005

Os banhos de Junho

[a propósito deste post]:
Os banhos de 23 ou de 28 de Junho, no auge dos Santos deste mês, são as formas mais arcaicas, e ao mesmo tempo inteligentes, da coesão popular rural. Repare-se no elemento primordial representado pela água (foi dela que nasceram os primeiros seres unicelulares e a vida de todos os mamíferos depende do seu seio) onde as abluções representaram sempre a ritualização da fecundação, da renovação e da regeneração das pessoas. O fogo - aparentemente elemento contrário - é o seu complemento enquanto vertente da criação e da destruição (nada pode nascer sem uma morte contrária). Daí a importância dos banhos de Junho, bem como dos de Agosto, tradição que estudei em Aljezur e em Monchique.

Santanismo ou satanismo?

«Contudo, houve um progressivo descolamento da chamada actualidade e, apesar das suspeitas com que as igrejas evangélicas olham para os grupos Heavy Metal, tradicionalmente associadas ao santanismo, Tiago transformou o blogue no espelho de duas paixões aparentemente incompatíveis». André Baptista, jornalista do «Comércio do Porto» a chamar Santana ao Satanás E esta hein?

A ler

O Dr. Rotwang em estilo Monthy Pyton. Um nonsense perfeito.

O PS e os professores

O debate de hoje na AR foi claro para o governo: não são os sindicatos dos professores que estão contra o governo, é o governo que está contra os professores.

sexta-feira, junho 24, 2005

Marx e a gramática

«-Foi a excitação, senhor. A gramática é criatura cartesiana, exige ponderação, e o director do Público estava manifestamente excitado quando escreveu o editorial.
- Não se esqueça de que Descartes estava errado…
- O que não implica que JMF esteja certo…
- Estarão os dois errados, então?
- Falta aqui um examezinho básico para resolver a pendência, senhor.».
Osvaldo M. Silvestre em amena cavaqueira com Marx, o Groucho, falando da gramática desleixada do director do «Público». Belo, muito belo.

Regresso

«Também nesse sentido, uma sociedade em envelhecimento aumenta as responsabilidades dos jovens».
De saudar o regresso da escrita de Ralf Dahrendorf à opinião no jornal «Público».

Em tempo de incêndios

colocado no Lobo das Estepes a minha crónica sobre "o fogo". Pode ler clicando aqui.

Os sociólogos

«(...)quando os sociólogos perceberem isto a guerra civil já terá passado ao estado larvar». Francisco Nunes Vicente no Mar Salgado, a propósito do arrastão.

quinta-feira, junho 23, 2005

Gaffe ou ignorância

Toda a gente ouviu: a ministra da educação afirmar que a sentença do tribunal de Ponta Delgada sobre a providência cautelar do sindicato dos professores, não tinha efeito algum porque não pertencia à República. Os jornalistas têm sido simpáticos com a ministra apelidando o facto de gaffe. Mas a declaração da ministra revela uma ignorância jurídica incompatível com o cargo público que ocupa.

As análises sociológicas dos políticos

Ontem na “Quadratura do Círculo”: Jorge Coelho em pose de ministro, assegura a calma securitária das medidas do governo, dá mais ênfase às suas elucubrações de retórica do que ao conteúdo das suas opiniões. Muito falho de capacidade de análise, mais que insuficiente na opinião política. Pacheco Pereira, depois de escrever textos interessantes sobre o fenómeno do “arrastão”, demarcando-se das visões catastrofistas dos media, vem agora exagerar os medos das populações metropolitanas e ofuscar qualquer visão sociológica do problema. Insiste naquilo que são as opiniões sociais do seu partido: que o melhor é combater as consequências e deixar de falar das causas, pois o combate a essas deverá ficar para as calendas gregas. Nada mais errado.

Orgulho português

Esperemos que a notícia do Prémio das Astúrias, atribuído ao cientista português António Damásio sobre os seus estudos de neurobiologia, tenha o merecido destaque nos media como teve a notícia do algo imerecido 3º lugar do piloto Tiago Monteiro na corrida de F1.

quarta-feira, junho 22, 2005

De tanga em tanga

Para quem não teve oportunidade de ler «A Voz de Loulé», deixo aqui online o texto integral de Joaquim Mealha Costa, meu convidado na coluna "Contrasenso" no mesmo jornal. Para ler é só clicar no nome do autor.

Alteridades de espelho

«Desejo obter a imortalidade pela literatura, a filosofia é um meio de aceder a ela. Mas aos meus olhos ela não tem em si um valor absoluto, porque as circunstâncias mudarão e trarão mudanças filosóficas.». Cem anos de Sartre.
Nunca admirei muito Sartre, nas suas dimensões político-ideológicas de alteridade. Mas sempre fui um aficionado dos seus escritos literários e filosóficos.

Todos os dias um poema de Eugénio [7 e último]

Com as sete cores desenhas uma criança,
o candeeiro, a luz à roda,
não há senão este olhar,
o ramo de espinheiro, um sol de seda
impaciente por ser flor,
a noite por confidente.

Eugénio de Andrade, O Peso da Sombra.

terça-feira, junho 21, 2005

Os amigos do lado

Ali ao lado nos links poisaram, hoje, amigos da blogosfera: o Zé Carlos, o António e o Miguel, dos primeiros tempos de leituras e comentários, por volta do verão de 2003. O Gregório Salvaterra, dos idos de Fevereiro de 2004, quando criei os meus blogues no Sapo. E o Luís, vizinho do lado, uma entrada mais recente. A Voz do Deserto também lá está, porque a oiço todos os santos dias e os restantes dois são os meus blogues para o ensino na universidade e para o arquivo virtual. Quando houver mais tempo, outros favoritos se seguirão.

Não é para ter orgulho?

O Tiago, sabem, aquele piloto português de fórmula 1, ficou em 3º lugar no grande prémio dos Estados Unidos. E também em 4º , a contar do fim.

Alternativos

Já vos falei do bombix mori? E do abóbada palatina?

Todos os dias um poema de Eugénio [6]

Hoje, no DN, na sua coluna diária, Pedro Mexia questionava-se se porventura poderíamos considerar cada poeta que fenece como o mais importante depois de Pessoa. E dava os exemplos de Sophia e Eugénio. Mas também de poetas vivos como Herberto ou Cesariny. Não falava de Rosa, Ramos Rosa, mas ele também poderia lá estar no grupo dos melhores poetas portugueses de sempre. É assim que eu gosto de os considerar. E Eugénio, claro, está entre eles:
Como esse olhar que prolonga a mão
as coisas que fazem a nossa alegria
brilham
ao sol ainda de cintura fresca.

Eugénio de Andrade, O Peso da Sombra.

domingo, junho 19, 2005

Todos os dias um poema de Eugénio [5]

Agora as aves voltam, são nos ramos
altos a matéria
mais próxima dos anjos
– ousarei eu tocar-lhes,
fazer delas o poema?

Eugénio de Andrade, O Peso da Sombra.

A xenofobia

Quem, hoje, viu as imagens da manifestação da extrema direita, com saudações nazis, encenações de perseguições a negros “ladrões” e vivas a Portugal, percebe o quanto a xenofobia instalada na análise do já célebre “arrastão”, lhe abriu o caminho. Foram as indigências jornalísticas sobre o que se passou na praia de Carcavelos, as declarações do presidente Capucho e depois as aleivosias discriminatórias do PP, no Parlamento, que lavraram o campo para a sementeira da pseudo-manifestação contra a criminalidade, montada pelo Frente Nacional e pelo Partido Renovador. E há muito mais gente com culpa no cartório. Mas isso será alvo da minha próxima crónica em «A Voz de Loulé».

A ler com orgulho

Uma atenção especial para a série “capas algarvias” [com excelentes ilustrações de Roberto Nobre], no blogue de Luís Guerreiro. A seguir com orgulho.

Leituras de fim de semana

«Nós, europeus, devíamos sentir vergonha disto. Um resto de pudor. Um resto de paisagem (...) E devíamos ter vergonha desta gente que assaltou Bruxelas e que assalta a Europa, mas vinda de dentro.». Francisco José Viegas no Aviz de ontem.
«Patriota? Em quê? Peço desculpa: patriotas foram os que se bateram nas ruas pelo República, pelas eleições, pela liberdade.». Miguel Sousa Tavares, no «Público» de ontem.

sábado, junho 18, 2005

Os versos etéreos

«Ainda hoje me pergunto que poema escrevia ele naquela tarde, à minha frente, ignorando o meu olhar de leitor intrometido. Talvez poema nenhum. Talvez só a poeira vã dos versos perdidos (essa que eu conheço bem demais)». José Mário Silva em memória de Eugénio de Andrade.

Expiar pecados alheios

«eo sou de alte e vivo aqui.tenho a impreção que as listas tem data para serem divulgadas não? se estou errado peço desculpas . tenho lido muitas criticas do Sr raimundo afinal este Sr vive em alte ou nasceu em alte?é que pelo falar dele pareçe uma grãnde figura altençe com rasões de queixa. ele tem feito algo por alte? o amigo Zé só apresenta a lista na devida altura..............FORÇA ZÉ ESTOU CONTIGO......E A JUVENTUDE TAMBEM........................»

«esse helder raimundo tem a mania que é mais esperto que os outros. Basta ler os comentarios que aqui coloca. e aviso desde ja os que vao as eleições. CUIDADO esse senhor é um oportunista que se julga mais que os outros. Não divulguem nada sem ser a altura. para a outra noticia da resposta do clube do PS vejam la que respota é que ele deu? tens respsosta Helder? A »

«já vi esse helder em alte 2.........ou.....3 veses, se ele gostáce de alte não estava so a criticar isto e aquilo estava cá e ajudava com ideias criativas não era ir para loulé e de lá estar a mandar bocas, mas atenção eu reparei logo que ele quer é tácho se ele sentir aqui uma vaca com leite tambem quer a parte dele, Daniel e Zé cuidado com esse amigo da onça não lhe dêm asas, ele joga com um pau de dois bicos .»
E eu que nunca quis ser uma figura pública vejo, agora, que a Net transformou o meu nome num expiador de pecados alheios. Vá lá, a minha cruz dá para todos! Pode espiar e expiar por aqui.

Todos os dias um poema de Eugénio [4]

Fazer de uma palavra um barco
é todo o meu trabalho
ou da flor do linho o espelho
onde a luz do rosto cai
excessiva.

Eugénio de Andrade, O Peso da Sombra.

sexta-feira, junho 17, 2005

Todos os dias um poema de Eugénio [3]

Que jovem é a mão sobre o papel
ou sobre a terra.
Jovem e paciente: quando escreve
e quando ao sol
se transforma em carícia.

Eugénio de Andrade, O Peso da Sombra.

Candidatos em Alte

Já se conhecem dois dos candidatos à presidência da Junta de Freguesia de Alte: a luta já começou!

quinta-feira, junho 16, 2005

MIC

A democracia participativa constrói-se de baixo para cima, e por isso raramente se enfeuda a partidos ou é legitimada pelos mesmos. Ao contrário de alguns movimentos satélites dos partidos das lógicas de poder - disfarçados de clubes ou associações - este parece ser representativo de uma boa notícia, no campo da cidadania.

O Carnaval de Loulé

No ano em que se comemora o 1º centenário do Carnaval dito “civilizado” de Loulé [antes, o Carnaval realizava-se como uma prática etnográfica comum, no âmbito do ciclo de vida rural], LG coloca algumas questões sobre a melhor forma de o comemorar. Em tempos escrevi uma coluna sobre o tema, que aqui recordo. É o meu contributo para o assunto.

O mestre de

Aviz faz dois anos. Parabéns FJV!

Os magos das finanças

O Luís coloca uma adivinha sobre os magos das Finanças do estado: a salvação do déficit ou a bancarrota. Quando se fala em nação e fé é difícil não pensar no ditador que caíu da cadeira. Mas na verdade tanto poderia ter sido Dom Tomás Xavier de Lima Nogueira Vasconcelos Telles da Silva, 13.º Visconde da Vila Nova de Cerveira, 1.º Marquês de Ponte de Lima, em 1788, como o que nunca se enganava e raramente tinha dúvidas, ou até mesmo o benjamim, do ano da cruz de 2005. São todos iguais.

René Bértholo

Ontem tinha passado por aqui. Um nome a negro no quadrado cinzento: René Bértholo. Só hoje descobri no texto de Eduardo Pitta, que mais um artista tinha sido ceifado nos idos de Junho, tempo de colheitas, aqui tão perto de nós. Tempo de regressar a Casa, perto de onde ele morava.

Todos os dias um poema de Eugénio [2]

Como se fossem folhas ainda
os pássaros cantam
no ar lavado das tílias:
algumas cintilações
vão caindo nestas sílabas.

Eugénio de Andrade, O Peso da Sombra.

De tanga em tanga

Eu sei que as coisas não mudam por artes de magia.
Eu sei que se o país não vai bem, não é de um dia para o outro que tudo fica melhor.
Mas eu sei que quando algo está mal, então alguma coisa tem que ser feita.
O que eu não consigo, por mais que me esforce, é perceber o sentido das soluções que têm sido avançadas pelos dirigentes que ingénua ou cegamente continuamos a colocar no poder.
Agora como antes, a solução parece estar na diminuição das condições sociais, na contenção dos encargos salariais…E simultaneamente pede-se que haja aumento na produtividade e reforço na competitividade face aos mercados externos, para aumento das exportações.
Estamos a meu ver perante uma enorme contradição, que só poderia “pegar” se vivêssemos como há cinquenta anos, orgulhosamente sós, com as fronteiras bem fechadas, porque de “Espanha nem bom vento, nem bom casamento”.
Não é possível pedir mais sacrifícios e simultaneamente mais empenhamento. E não é possível fazê-lo quando sabemos que recebemos mais baixos salários e que compramos géneros de primeira necessidade mais caros.
Agora não há fronteiras que nos dificultem a entrada nos supermercados, nas lojas, nas bombas de gasolina do país vizinho. E também não há contas de câmbios a fazer para nos confundir, está tudo claro, muito claro…Nem precisamos de ir longe, aqui ao lado na vizinha Andaluzia, os ordenados são superiores e em contrapartida até as casas, seja para compra ou para aluguer são na generalidade mais baratas.
Já cheguei a ouvir explicações brilhantes – “o português lá fora trabalha, mas aqui não se esforça”.
É evidente que os contextos e as motivações interferem fortemente nos resultados. Exactamente. As motivações.
Para os que ao futebol dão importância, por vezes mais do que a devida, apetece-me repetir aqui uma máxima, quase sempre verdadeira, a de que “a defesa começa no ataque”. Equipa que joga à defesa o mais certo é perder o jogo.
Os governantes deste país há muito que jogam à defesa. Em vez de estimularem a produtividade promovem a desmotivação e a retracção.
Estamos feitos. É que o problema está exactamente em quem nos dirige, alheados da vida real, das dificuldades de cada um e de todos.
Quando ouvi o Eng. Sócrates, ainda em campanha eleitoral, prometer como uma das suas grandes medidas reduzir o número de funcionários públicos, definindo que, por cada dois que saíssem só iria entrar um, fez-se luz. Tudo continuaria como antes.
É evidente que o problema não está no número de funcionários públicos, porque a seguir serão criadas empresas privadas a quem serão adjudicados os serviços e a quem pagaremos o mesmo ou mais. O problema está no que eles não fazem e deveriam fazer.
E porquê?
Porque não têm objectivos nem responsabilidades definidas, porque são penalizados pela iniciativa, porque são alvo de favoritismos pessoais e partidários, porque não são estimulados para a produtividade e para a qualidade do serviço, porque a única coisa em que lhe exigem rigor é no cumprimento do “pica o ponto”...
E porquê?
Porque os dirigentes políticos e técnicos, com honrosas excepções, não têm qualidades, nem princípios, nem eles próprios objectivos…
De tanga em tanga continuaremos, até que a classe dirigente dos organismos públicos, mas também das entidades privadas, seja objecto de uma profunda requalificação técnica mas sobretudo cultural e cívica. Só a capacitação para gerir cada serviço e cada empresa, no princípio da co-responsabilização, do estímulo à inovação e à produtividade com qualidade, pode alterar este rumo.
Se não fosse para todos dramático, o que faríamos se não rir de cada governo que passa, com medidas cada vez mais drásticas para reduzir o défice que ao invés do esforço, todos os anos aumenta?

[Joaquim Mealha Costa]

quarta-feira, junho 15, 2005

Eugénio, 1

[todos os dias um poema de Eugénio]

Trabalho com a frágil e amarga
matéria do ar
e sei uma canção para enganar a morte -
assim errando vou a caminho do mar.

Eugénio de Andrade, O Peso da Sombra.

Clique você também

O mito da destruição nuclear é sempre um botão vermelho que alguém gosta de clicar.

Groucho e outros Marx's

«Isto difere pouco dum clube de cavalheiros enfadados e animados de ímpeto crítico — se me aceitam a descrição paradoxal. Não se confunde com o clube dos Hedonistas Cansados, de que falava certa figura de Oscar Wilde, mas poderia andar por aí». Gente, muito inteligente, no Casmurro.

Contrasenso convida:

«De tanga em tanga continuaremos, até que a classe dirigente dos organismos públicos, mas também das entidades privadas, seja objecto de uma profunda requalificação técnica mas sobretudo cultural e cívica. Só a capacitação para gerir cada serviço e cada empresa, no princípio da co-responsabilização, do estímulo à inovação e à produtividade com qualidade, pode alterar este rumo.
Se não fosse para todos dramático, o que faríamos se não rir de cada governo que passa, com medidas cada vez mais drásticas para reduzir o défice que ao invés do esforço, todos os anos aumenta?».
Este é um extracto do texto de Joaquim Mealha Costa, meu convidado na coluna "Contrasenso". Amanhã, texto completo em «A Voz de Loulé».

Animapost

Nunca se viu: o primeiro filme de animação da blogosfera. Cinco minutos de surpresa e riso, com realização de JPC. De borla!

terça-feira, junho 14, 2005

Duas obras, de Cunhal

As minhas distâncias políticas e ideológicas, desde antes do 25 de Abril, não me impediram de ler «Até Amanhã, Camaradas» - como um manual da utopia – quando “decidi dedicar-me à revolução”. Para conhecer o inimigo interno, não me coibi de ler, muito jovem, o relatório famoso contido no «Rumo à Vitória». Ambas, obras de Álvaro Cunhal, que morreu ontem.

"A ceifeira nocturna"

Quando um político deixa de o ser, para escrever um dos mais belos textos de homenagem que já li: Pacheco Pereira sobre Eugénio de Andrade e Álvaro Cunhal.

Eugénio: um solar diurno

Há três meses, como que numa coincidência inexplicável, escrevia um texto de homenagem a Eugénio de Andrade - o meu poeta português de eleição, da palavra depurada de sol e sal, do amor da rosa bravia e da primavera trangressora. O texto, publicado em «A Voz de Loulé» de 15 de Março, pode ser lido aqui, na íntegra.

segunda-feira, junho 13, 2005

Os "arrastões" [actualizado]

Devo, desde já, dizer que acho as palavras de António Capucho, presidente da Câmara de Cascais, representativas de uma atitude rasteira a rasar a xenofobia. E não me venham com as tagarelices securitárias de um polícia para cada cidadão e de que se deve atacar as consequências sem pensar nas causas. Este tipo de problemáticas são endémicas das sociedades desenvolvidas. Se as querem têm que se sujeitar; ou não vêem as reportagens diárias dos EUA. Pior, ainda, são as manipulações mediáticas sobre o descalabro do turismo, assustado com os “arrastões”. No Rio de Janeiro é o pão nosso de cada dia e o turismo cai lá todos os dias, incluindo em Fortaleza. Lembram-se do que se passou lá há uns anos? Mas não há um raio de um sociólogo ou de um antropólogo que venha à televisão dar a cara para falar sobre a progressiva criação e legitimação de guettos de minorias étnicas, desempregadas, ostracizadas e ilegalizadas que potenciam estes mecanismos sórdidos de violência?
Depois da escrita deste post encontro uma adenda pertinente que vale a pena ler. Aqui!

À noite

José Carlos Fernandes em insónias de lápis e gilete.

sexta-feira, junho 10, 2005

Duarte Pacheco: ícone do Estado Novo

A propósito de uma fotografia postada pelo Luís, diria que Duarte Pacheco “parece estar mesmo fora do filme”. A posição dele nunca foi, apenas, a de um actor efémero que passa no ecrã. O prestígio acumulado fê-lo sempre pretender estar do outro lado: do lado da encenação fílmica, do lado da realização cenográfica, portanto, acima e na liderança do seu ainda pequeno séquito. Por isso serviu tão bem um regime que o transformou, após a morte, num ícone do estado novo e num mito da grandeza pátria. Pena que a história, em particular a história local, alguma feita por algarvios ou louletanos, continue a relevar este homem apenas pelo seu desempenho técnico e esqueça as suas matrizes ideológicas. Pena que, grande parte do que se escreve, apenas legitime e endeuse a figura, sem a procurar interpretar no seu contexto político e social. Em História, o consensualismo é quase sempre perigoso.

Para a história

do Clube Política e Cidadania de Loulé, deixo aqui os vários textos do debate sobre o tema:
i) O meu primeiro texto;
ii) O meu segundo texto ;
iii) O debate anterior na Folha de Alte;
iv) O debate actual na mesma Folha.

quinta-feira, junho 09, 2005

Amores imperfeitos

A Viviane, ex-Borda d’Água (onde cantámos e tocámos juntos), ex-Entre Aspas, ex-Camaleão Azul, lança agora o seu primeiro álbum a solo “Amores Imperfeitos”. Vão lá ouvir a canção que dá título ao disco, com letra e música do açoriano Zé Medeiros. É só clicar nas palavras sublinhadas. Um prazer. Felicidades Viviane!

quarta-feira, junho 08, 2005

José Carlos Fernandes

O nosso conterrâneo José Carlos Fernandes acaba de ganhar mais um prémio: desta vez o Central Comics, que o distinguiu com os prémios para Melhor Album, Melhor Argumento e Melhor Desenho, nacionais, para o quarto volume de «A Pior Banda do Mundo», “A Grande Enciclopédia do Conhecimento Obsoleto”. Parabéns Zé.

terça-feira, junho 07, 2005

Governador civil com casa ilegal

Como tinha previsto, no post que escrevi no domingo, o problema das demolições das casas ilegais nas ilhas-barreira da Ria Formosa, por via do Plano de Ordenamento da Orla Costeira, começou já a receber as primeiras manifestações de desagrado. E como também se previa no mesmo texto, bem como nos respectivos comentários, são políticos com responsabilidades na nossa praça que vêm defender os seus mesquinhos interesses. Quer seja pela via do consentimento, quer seja pela via do populismo mais reaccionário. Ora vejam só: o «Jornal de Notícias» de hoje [notícia apenas disponível na capa], mostra a fotografia da casa ilegal do actual governador civil (leram bem!), na Ilha do Farol. O dito, após algumas desculpas de direitos adquiridos vai dizendo que até dará o exemplo. Não lhe custará muito, com toda a certeza. No mesmo jornal, o porta-voz das associações da Ria Formosa contesta as demolições. Sabem quem é este porta-voz? João Bonança, presidente da Câmara de Olhão durante vários mandatos, durante os quais as casas nas ilhas da Fuzeta e da Armona cresceram como cogumelos. Os actuais presidentes das Câmaras de Olhão e de Faro, responsáveis máximos pelas construções ilegais nas ilhas, aparecem a contestar o Plano e a defender uma coisa chamada plano de pormenor, para adiar as verdadeiras soluções. Eu não vos tinha avisado?!

Estórias de Loulé contadas em Faro

A História regional é, também, feita de pequenas histórias quase sempre narradas na primeira pessoa. São fontes orais fundamentais para a compreensão das mentalidades e das conjunturas sócio-políticas. Vem isto a propósito dos contributos do Pecaaas [Pedro] e respectivos comentadores, nestas pequenas histórias sobre Loulé, que vale a pena ler.

A culpa morre solteira

É verdade. Desde que o José Magalhães saiu da “Quadratura do círculo” que deixei de ver o programa. Em parte deve-se a este troglodita.

As segundas do meu contentamento

As segundas têm sido sempre assim: oito horas com os meus alunos do 1º e do 2º anos discutindo as problemáticas da educação: a comunidade cigana que se quer realojar disfarçando de civilização dos costumes, uma prática de aculturação e de hegemonia do poder luso; ou a observação das representações dos automobilistas sobre os arrumadores de carros, que os querem ver atrás das costas; ou mesmo o estudo de uma prostituição “estigmatizante” – como muito bem conceituaram os meus alunos, para a diferenciar da prostituição de luxo, essa sim olhada com fervor romântico – numa cidade já olhada, também ela, à luz do estigma. No final do dia ainda me espera uma tese sobre o futuro do artesanato em Paderne: políticos que dizem da tradição o melhor da nossa identidade mas estimulam o consumismo bárbaro de contrafacções e deixam o mundo rural morrer à míngua da formação e da qualidade de vida. Como é que hei-de acabar o dia, se tenho Fátima Campos Ferreira perorando sobre a constituição europeia na 1 e os teóricos da bola na 5? Como hoje é segunda feira, é hábito chegar atrasado ao Six Feet Under e mesmo assim perceber que valeu a pena este dia.

segunda-feira, junho 06, 2005

Belleville Rendez-Vous

Acabei de ver o dvd “Belleville Rendez-Vous”, aquela obra prima do amor: a vóvó Souza, em busca do neto Champion, com o genial auxílio do Bruno, cão para todo o serviço e das famosas Triplettes, melhor jazz que qualquer oferta do DN ou do Público. Azeda, só a canção “Uma casa portuguesa”, cantada por uma voz a mascarar de música étnica [para os franceses] o que para mim soa a falsidade que quase engasga o filme.

O plano de ordenamento da orla costeira

É desta que as casas de alguns, instaladas no território de todos, vão ser retiradas? O governo, no Algarve, anuncia a medida de defender o domínio público marítimo e imediatamente começam as larachas dos direitos adquiridos, as ameaças de manifestação, as pinturas rupestres. Ao longo de anos, uns quantos descarados foram instalando latas e tábuas sobre os cordões dunares, mais tarde substituídos por alvenaria, estreitando as penínsulas de areia da Ria e impedindo todos os outros de quase circular pelas praias. Mas a culpa é de quem só agora consegue aprovar os indispensáveis planos de ordenamento.

Um pouco mais de azul

«Um azul sucede a um outro azul que sucede a um outro azul que sucede a um outro azul». Muitos tons de azul na Casa de Cacela.

Ora aqui está

uma excelente novidade:
«O “folhadalte”, vai tomar a iniciativa de conversar com todos os candidatos à Presidência da Junta logo que eles se perfilem, por forma a fazer chegar aos nosso leitores a sua voz.». Ler mais clicando na palavra sublinhada.

domingo, junho 05, 2005

Primeiras frases de livros

Aí há quase um ano andávamos às voltas com as primeiras frases de livros, a propósito de uma outra frase de Jorge Luís Borges. Hoje, a partir da Natureza do Mal, reencontro esta bela mania de publicar primeiras frases. Ajunto uma:
«Mr. Bones sabia que Willy já não ia andar muito tempo neste mundo». Paul Auster em Timbuktu.

Versão hindi do "Contador de gaivotas"

«சந்திரமுகியில் வேட்டைய ராஜா கெட்டப்பில் வில்லன் போல் நடித்தது ரசிகர்களுக்கு மிகவும் பிடித்துப் போனது.». O meu amigo Gregório Salvaterra pede ajuda para a tradução da matéria. Quem se oferece?

sábado, junho 04, 2005

ETC

Só anteontem é que soube da morte de ETC: Eduardo Teixeira Coelho, o desenhador que fez as delícias da minha adolescência. O meu amigo Jobat é que deve estar bem triste. Para alegrar, deixo-vos um link para conhecer o maior banda-desenhista português da linha clássica, de sempre. Espreite aqui.

Os nomes dos homens que nos atormentam

Hoje, em Alte, ao pesquisar os arquivos da Junta de Freguesia verifiquei, mais uma vez, que o jornal «O Aldeão» não é conhecido. Na Junta apenas existe o «Folha de Alte». Portanto, sem conhecimento não há memória. Tempo, talvez, para o Arquivo Histórico da Câmara de Loulé disponibilizar, aos altenses, uma cópia dos seus primeiros jornais. Mais tarde, falando com a Dona Lourdes Madeira, directora do jornal «Ecos da Serra», respondo à sua pergunta sobre se eu conhecia «O Aldeão» e sobre se João de Deus teria estudos. Lembro que sim, que João de Deus foi seminarista em Faro, que era culto e escrevia bem, que criou à volta dele uma plêiade de jovens republicanos, escrevinhadores no jornal, entre os quais Graça Mira, mais tarde fundador da Folha. Recordo-lhe que, várias vezes, «O Aldeão» noticiou os célebres bailes do Centro Republicano, que duravam até madrugada e eram abrilhantados pelo gramofone de José Francisco da Encarnação Madeira, pai da minha interlocutora, da D. Lourdes exactamente. Perguntei-lhe porque razão João de Deus não era reconhecido em Alte, não tinha o seu nome numa rua de Alte, por exemplo, e a senhora disse-me que ele era muito crítico, falava mal de todos. Compreendo que a ausência de consensualidade não ajudou João de Deus a obter, na sua terra, a devida recompensa por ter ajudado a fundar um Centro Escolar e Republicano que foi uma verdadeira escola política e cultural da aldeia. Mais tarde, quando retorno ao arquivo da Junta, encontro o livro de inscrições de sócios do referido Centro Republicano. Entusiasmo-me, mas resolvo deixar para outro dia a pesquisa dos nomes dos sócios. A paixão nem sempre é boa conselheira. Mas outra novidade ainda me esperava. Quando volto a falar com D. Lourdes sobre Graça Mira ela diz-me que ele se suicidara, em Alte no dia 1 de Maio de 1939, “escolhendo” um dia em que a aldeia estava cheia de visitantes.

quinta-feira, junho 02, 2005

Jornadas de comunicação

Os nossos amigos e colegas da Universidade vão realizar as III Jornadas de Comunicação. Oportunidade para discutir o universo dos blogues no meio universitário. A não perder, aqui.

Garganta funda

E eu a pensar que “garganta funda” era o nome do filme hardcore da minha juventude. Afinal, é o nome da fonte que deu origem ao escândalo Watergate, um filme da série B dos Euá (como dizem os nossos amigos blogueiros do Brásiú).

Não há duas sem três

Depois da tomada da Bastilha, o sebo de Holanda. Falta cumprir Portugal.

Contrasenso na Voz de Loulé

«O problema, meus amigos, é que a participação é uma marca decisiva que divide uns de outros. Que separa a democracia representativa da democracia participativa. Há quem o queira e há quem o evite a todo o custo. O poder mantém-se e perdura assim: escondendo-se da arraia-miúda e decidindo em gabinetes
Extracto da minha coluna de hoje n’ «A Voz de Loulé», que pode ler na íntegra clicando aqui.

quarta-feira, junho 01, 2005

Pedido de desculpas

Desculpem o abandono a que vos votei, não andar a ler nem a deixar comentários nos vossos blogues, mas tenho andado a fazer um esforço enorme para deixar esta terrível adição de ser “um marginal da cultura”. Por isso, se me quiserem encontrar, a minha penitência passa por aqui.

Fórum sobre a imprensa de Alte

Corre aqui um interessante debate sobre «O Aldeão» e a «Folha de Alte», jornais pioneiros em Alte e sustentáculos de muita da história social e política da aldeia.