sábado, abril 30, 2005

Bookcrossing

No dia 23 de Abril, Dia Mundial do Livro, conversei com gente na Biblioteca de Loulé sobre o BookCrossing, uma comunidade de amantes e leitores de livros que os deixam abertos, para que outros os leiam, em jardins e cafés de todo o mundo. Este projecto é pouco conhecido mas já conta com muitos membros em Portugal. No Algarve somos 69. Em Loulé somos 7. Eu sou um deles. Para conhecer o projecto de Ron Hornbaker clique aqui. A comunidade portuguesa aloja-se aqui.

sexta-feira, abril 29, 2005

Maioria absoluta, portanto

Na AR convergência, quase absoluta, entre governo e Bloco de Esquerda na área da justiça. O BE propõe e o governo decide na hora, em pleno parlamento. Maioria, perfeitamente absoluta, portanto.

William Faulkner

«Soa pedante, mas sou tentado a usar a palavra inspiração. As frases simplesmente me vêm... Isso também acontecia com Bill Faulkner, dizem-me.” Nicete perguntou: “Quem é, está nos seus links?”. Mas Joílssom, absorto (quem ia lá entender o que se passava naquela mente assombrosa de blogueiro?), apenas disse:». Quem escreve assim merece perdão.

Uma nota

Acrescentada uma nota, que se impunha, no post sobre José Carlos Fernandes.

Descobrir os anónimos

Preparem-se os comentadores anónimos. A partir de agora ou eu ou o Pacheco Pereira vos havemos de apanhar.

Para ler

Coloquei no meu arquivo do Lobo das Estepes, a coluna sobre o hino do Algarve, uma invenção do presidente da AMAL, Macário Correia. Pode ler clicando na palavra sublinhada.

José Carlos Fernandes entrevistado n'«A Voz de Loulé»[actualizado]

José Carlos Fernandes, que lançou o seu mais recente livro de BD «A Última Obra Prima de Aaron Slobdoj», no dia 23 em Loulé, concedeu uma excelente entrevista em exclusividade a «A Voz de Loulé». Nela, o autor louletano afirma a importância decisiva da literatura e da música (clássica e do jazz) na construção da sua personalidade enquanto desenhador e argumentista. A certa altura afirma: «Gosto de viver no meio rural porque gosto de tranquilidade e porque as cidades se estão a tornar em lugares desagradáveis para se viver. Para não ir mais longe, Loulé já exibe os inconvenientes da "modernidade suburbana" sem deixar de ser profundamente provinciana e tacanha. Feitas as contas, não perdi nada e ganhei muito ao trocar Loulé pela serra». A entrevista completa - ainda antes da edição em papel que deverá estar nas bancas amanhã ou na 2ªfeira - pode ser lida aqui.
[Nota: A edição em papel traz uma excelente ilustração do José Batista (Jobat) - também ele um excelente desenhador de BD, feita a partir de imagens cedidas pelo nosso amigo Luís Guerreiro].

quinta-feira, abril 28, 2005

Conselhos de mestre

Ética para colunistas:
«Não escrevas o que mais ninguém pensa. Não escrevas o que toda a gente pensa mas ninguém diz. Ou então compra uma armadura
».
Pedro Mexia a falar daquilo que sabe.

Um jantar em Nova Iorque

«O choque é no ensino superior e seus afluentes, não nas empresas "de ponta", seja lá isso o que for em Portugal. O choque é na geração emergente e nas próximas, não outra distribuição de gasolina para os actuais Jaguares». Não perca "Um jantar em Nova Iorque", a crónica semanal, das 4ªs feiras, do nosso Paulo Querido, desta feita dedicada ao choque tecnológico.

3x8?

Na Sic, há pouco: o jornalista -“três vezes oito?”. A aluna - “Três vezes oito...três vezes oito! Ah vocês estão-me a envergonhar”.

quarta-feira, abril 27, 2005

Descristianizar

«Os ateus devem saudar a eleição do Papa Bento XVI. Porque este teólogo da Baviera idoso, académico, conservador, sem carisma, de certeza que apressará precisamente a descristianização da Europa que procura contrariar». Timothy Garton Ash, no «Público» de sexta passada. Não podia mais concordar.

Teologia da opressão

AA exulta com os foguetes enviados na noite de 25 de Abril, parece que pela comissão fabriqueira da mãe soberana, para comemorar o evento. E acha que isso é motivo de regozijo pela ligação entre o religioso e o político no festejo da liberdade e da democracia. Em Portugal, nunca a igreja oficial (a ICAR) esteve com a liberdade e não é agora que o fará. Aliás quer-se distância entre as duas esferas, a igreja e o estado, apesar da “Concordata” ser de facto uma grilheta que cola o estado à igreja e não o contrário. Infelizmente não estamos nos países da Teologia da Libertação.

Impressões da blogosfera

Se há posts inteligentes na blogosfera são, sem dúvida, os de Ivan Nunes. As suas "impressões" dos últimos dias são literalmente divinais. Ora veja:
“Para anunciar a escolha de Joseph Ratzinger para Papa, ter-me-ia parecido mais adequado lançar não apenas fumo mas as próprias labaredas”.

“Edgar Correia juntou-se à triste, à perturbadora série de renovadores comunistas precocemente desaparecidos. Antes foram Luís Sá, João Amaral, Barros Moura. O destino fatídico destes «críticos» faz especial contraste com a longevidade de Cunhal. «Fora da Igreja Católica não há salvação», como a tempo preveniu o agora Papa Bento XVI”.

“A expressão «mais papista que o Papa» deixou de fazer sentido e cairá em desuso”.


terça-feira, abril 26, 2005

Em Alte

fiquei a saber, através de um amigo, da existência de um blogue sobre problemas da aldeia. “Por Portas e Travessas”, assim se chama, herda um nome famoso da imprensa altense. Parabéns ao nóvel blogger.

A memória de Abril

Em Alte, nestes dias de Abril, não ouvi uma única música de Abril, não cheirei um único cravo de Abril. A memória leva tempo a construir. Perde-se é muito facilmente.

ainda Abril

Antes de terminar o dia 25, deixo-vos uma história para contar.

Abril, trinta e um anos depois

Há um ano atrás escrevi três micro-contos a partir das minhas experiências pessoais, vividas nos dias 23, 24 e 25 de Abril de 1974. O leit-motiv inicial tinha sido um desafio lançado por vários suportes de media. Dois pequenos resumos, dos micro-contos, que escrevi na altura foram publicados na Sic online (hoje indisponível) e no blogue Barnabé, o qual pode ser lido aqui. Os três micro-contos acabaram se transformando num conto que foi aceite para publicação na revista brasileira de contos «Bestiário», tendo sido publicado no nº 12, de Fevereiro deste ano, o que muito me honrou. O conto “Trinta Anos Depois”, pode ser lido aqui.

segunda-feira, abril 25, 2005

Manifesto Contrasensus IV

O meio é pequeno e provinciano? Talvez! Mas mais ainda, é tão púdico que não aceita palavras como “merda”, em entrevistas ou manifestos. Bem, talvez devessem ler Camilo e Eça, Cesariny e Pacheco. Ou o poeta beatnick - um dos maiores da sua geração - Allen Ginsberg e um dos seus mais conhecidos poemas: “Merda”.
Como diz Mia Couto, na sua crónica no «Courrier Internacional» de 15 de Abril, “os verdadeiros inimigos (...) moram na sua cabeça, são fantasmas que nunca serão aplacados. Derrubados uns, nascerão, de imediato, outros”.

24 de Abril, há um ano e antes há 31 anos atrás.

Faz hoje um ano, a 24 de Abril de 2004, escrevi sobre as minhas memórias do dia 24 de Abril de 74:
«Neste dia, não recordo porquê, não me lembro de ter ido à escola. Talvez não tivesse aulas, porque tinha apenas três disciplinas. Sei que falei com o Mário L., um amigo que andava no liceu de Portimão, pois o facto de ser filho de merceeiros o permitia. Disse-me nesse dia que a prima, que estudava em Lisboa, em Letras e estava ligada ao MRPP, traria de lá uns folhetos para distribuir na cidade a propósito do 1º de Maio. Eu, na altura recebia informação e militava um pouco nas várias áreas: assistia a debates com o MDP, recebia agitprop da malta dos grupos marxistas- leninistas, do Movimento Associativo de Lisboa, do pessoal mais velho que se agregava no Grupo Amigos de Portimão». Pode ler o micro-conto aqui.

domingo, abril 24, 2005

Manifesto Contrasensus III

O medo da partilha e do conflito social e cultural manifesta-se no desagrado com que se recebe a opinião alheia, veiculada por jornais ou por outras formas de media. Talvez devessem conhecer melhor o peso da opinião de alguma imprensa nacional ou internacional. E não ficar nesta modorra provinciana do jornalismo do burgo, no qual, quase sempre a crónica, a opinião, a coluna é comprada ou encomendada a assessores ou gabinetes. Onde a liberdade não existe. A verdadeira liberdade de pensamento e de opinião

23 de Abril, há um ano e antes, há 31 anos atrás.

Faz hoje um ano, a 23 de Abril de 2004, escrevi sobre as minhas memórias do dia 23 de Abril de 74:
«Naquele dia vinha preocupado, apesar das conversas brejeiras dos meus 17 anos e 7 meses, percorrendo a automotora de bancos de madeira, de um lado para o outro, falando para me ouvirem sobre a guerra, sobre o 1º de Maio que se aproximava. Na altura andava a ler “O Processo” de Kafka, algo que os meus colegas da equipa de futebol de juvenis do Silves FC muito estranhavam, enquanto jogavam bilhar e me viam de olhos trémulos sobre o livro. Por isso, estava um pouco cansado de aldrabices e fantochadas. No comboio viajava um homem, que desconhecíamos, mas cujo interesse pelas nossas conversas também nos assustava. O certo é que desceu atrás de nós, em Portimão, e nos seguiu até ao centro. Nunca soubemos, mas a suspeita de que era um bufo da PIDE era forte». Pode ler o micro-conto aqui.

Manifesto Contrasensus II

Abrir as cabeças para o que está para além das palavras, perceber as mensagens subliminares da política, da cultura e do social é o desvelamento que o colunismo social deve fazer. Por isso nunca me alinhei pelo recorte ideológico de qualquer partido, ou pela patrulha cultural de qualquer cartilha. Mas também nunca me escondi por trás de pseudónimos ou em cartas anónimas.

Fora do mundo

Fora de casa por estes dias trouxe comigo, para Alte, dentro das algibeiras uns quantos posts em forma de manifesto que irei publicando no fim de semana. Na segunda, 25 de abril, quero recordar o conto que escrevi nestes dias há cerca de um ano, sobre os factos de há 31 anos atrás.

sábado, abril 23, 2005

Não perca o livro de José Carlos Fernandes

É já daqui a pouco (às 16 horas) que José Carlos Fernandes irá lançar o seu mais recente trabalho de banda desenhada «A Última Obra-Prima de Aaron Slobodj», na Biblioteca M. de Loulé, editado pela Devir. Sobre este autor, tive a oportunidade de escrever na minha coluna em «A Voz de Loulé», texto que os leitores poderão ler no meu arquivo, clicando na palavra sublinhada.
Entretanto, posso anunciar que no próximo número d’«A Voz de Loulé» (1 de Maio), sairá uma excelente entrevista com José Carlos Fernandes, que responde a perguntas minhas e do artista gráfico de Loulé, José Batista.

Casamento e género

Não deixarei terminar o dia sem falar da aprovação, pelo parlamento espanhol, da lei que permite o casamento entre pessoas do mesmo género. Falo em género, uma expressão mais moderna e menos discriminatória - hoje usada nas ciências sociais -, para colocar o acento tónico na personalidade e não só no elemento biológico de diferenciação (o sexo). Elemento usado, quase sempre, pelos opositores da igualdade de direitos no casamento entre pessoas do mesmo género, para contrariar um simples contrato civil de conjugalidade. A Espanha, prova que caminha para uma sociedade cada vez mais moderna e civilizada, na qual se respeita a escolha e orientação sexuais dos cidadãos, sem coarctar as suas opções de vida. Em Portugal, ainda estamos na discussão sobre se se discriminaliza ou não a interrupção voluntária da gravidez, se os medicamentos sem receita médica se poderão vender fora do monopólio das farmácias, se os empresários devem ou não pagar as dívidas ao fisco e à segurança social. Um atraso que se acentua cada vez mais devido, em parte, às hesitações de um socialismo envergonhado e ainda tão marcado por um falso laicismo no poder de estado.
A propósito, aconselho a leitura do interessante post do meu colega Miguel Vale de Almeida.

Adivinha: o resultado e o prémio

Como a maior parte dos leitores pensava, a resposta correcta era a nº iii): membro do Gabinete de Comunicação e Relações Públicas da Câmara de Loulé. O leitor Bruno Inácio acertou em cheio, porque já conhecia a adivinha. Para ele o prémio: “Um espírito a caminhar, ainda que vagarosamente, para a independência”. Obrigado pela participação de todos os leitores.

Manifesto Contrasensus

Aos leitores nunca pretendi ser indiferente. Provavelmente agradei a poucos e desagradei a muitos. Mas é essa a função dos colunistas. De textos vulgares, espécies de encómios políticos ou encomendas literárias - que nada adiantam a quem os lê - estão os jornais cheios. Esses nem os leio de tão vazios e politicamente correctos que são.

José Carlos Fernandes

Aaron Slobdoj regressa a Loulé pela mão de José Carlos Fernandes. Não o perca, amanhã às 16 horas na Biblioteca Municipal. E esteja atento, atentíssimo, ao próximo número de «A Voz de Loulé».

sexta-feira, abril 22, 2005

O poder da caixa

O Júlio Machado Vaz é um novato na blogosfera nacional. Entrou há três meses. Mas a sua caixa de comentários rebenta. O que significa que o raio da televisão continua a dar cartas no éter nacional.

A mania das correntes

Depois de inventarmos a roda, inventámos o elo. Juntando elo após elo, criámos cadeias de elos em correntes. Toda a gente sabe que a mania das correntes é contagiante.

quinta-feira, abril 21, 2005

Adivinha

Sabem qual é a profissão de Bruno Inácio, que se assina como estudante de Marketing, e todas as quinzenas publica em «A Voz de Loulé» encómios entusiasmados à política de cultura, de saúde, de desporto, etc, da actual Câmara de Loulé?
Escolha uma de entre as seguintes hipóteses (pode deixar comentários anónimos que eu não me importo):
i) enfermeiro
ii) jogador de futebol do Louletano
iii) membro do Gabinete de Comunicação e Relações Públicas da Câmara de Loulé
iv) jornalista
v) funcionário de uma Junta de Freguesia do PS
A resposta correcta será dada na 6ª feira próxima.

Edgar Correia

Edgar Correia morreu hoje. Não tinha qualquer afinidade política com ele. Mas nos últimos tempos conhecia e respeitava o seu trabalho como editor do jornal «Le Monde Diplomatique-edição portuguesa».

quarta-feira, abril 20, 2005

Ruínas no tecido urbano de Loulé

AA levanta o problema da degradação dos edifícios no tecido urbano da cidade de Loulé e questiona a política de urbanismo na cidade.
De facto, o problema das ruínas e da degradação do património edificado nos centros históricos, como muito bem se sabe, não é um dado conjuntural mas sim um problema estrutural ligado ao crescimento centrífugo das cidades. O CBD (Central Business District) e áreas adjacentes – como é o espaço envolvente do hotel Loulé Jardim - é habitado por velhos e pobres, em todo o mundo. Nas cidades dos países mais desenvolvidos estas casas têm sido compradas pelos monopólios de serviços ou por artistas endinheirados. A única solução é uma opção política de fundo, que nenhum governante tem querido assumir ( e em Loulé também). O Polis, como se sabe, também não atacou este problema.

O blogue ideal

A minha noção de blogue ideal é esta: posts curtos, inteligentes, irónicos, cultos, radicais, insuspeitos, provocatórios. Há alguns blogues que se aproximam. Mas só um cumpre todos os requisitos.

A seca da religião

É claro que a seca não é de hoje. E a religião que a exorciza, também não.

Opiáceos

A um ateu - a eleição do cardeal Ratzinger para ocupar a chefia do Vaticano - tanto se lhe dá como se lhe deu. Só que, agora, o ópio não é contrafacção. E mais duro do que o tabaco de Policarpo.

Courrier Internacional

Compro o «Courrier Internacional» por mera curiosidade. Desilusão, ou talvez não. Um jornal que é uma manta de retalhos da imprensa internacional. Nada que não possa ser lido nos sites da maior parte dos jornais que lá figuram. Alguns acrescentos de cronistas, como José Gil e Mia Couto, não me parecem justificar a compra. Se comparar com o «Le Monde Diplomatique», que assino há três anos, é como comparar a noite com o dia. O MDiplo - como o conhecemos - faz jornalismo de vanguarda, ensaio e ciência política. O CI apenas vende mais, porque tem a Impresa por trás.
Continuo nas minorias.

terça-feira, abril 19, 2005

A ler II

"Dia do Património"

A ler:

"Os anónimos e o António".

O medo de existir II

As palavras que se escrevem ficarão, sempre, com a marca de quem as emite. As polémicas serão a colheita dos leitores a quem cabe pensar e reflectir. Esta é também uma forma de “medo de existir”, na acepção de José Gil: o receio da crítica, o medo da polémica, o esconso do debate.

domingo, abril 17, 2005

La nuit d'amour

Também naquela noite a porta batia, devagar, como se espera numa noite adolescente de amor. Nunca soube quem passava na antecâmara do quarto. E fiquei grato por isso.

Livros de Sábado

É já por estes minutos que o meu amigo Luís Ene estará a lançar o seu livro «mil e uma pequenas histórias» em Lisboa, e com a presença de Pedro Mexia e Ricardo Araújo Pereira. Por estes dias, ou melhor por estas noites, este livro tem estado por cima dos outros na minha cabeceira. Ontem, por volta da uma da manhã estava a ler a história 45: “Mudou do dia para a noite. Foi uma mudança indesejada. De dia estava vivo e à noite estava morto”. Parabéns Luís.
[Post it para não esquecer:
ir ao lançamento do livro do José Carlos Fernandes, no próximo dia 23, às 16 horas, na Biblioteca de Loulé]

sábado, abril 16, 2005

Dia de Sabath

Hoje, dia de Sabath, para amenizar o ambiente proponho a leitura dos excelentes posts de prosa poética do Francisco José Viegas, o mestre:
«...almocreves heróicos que atravessaram o estreito de Magalhães para chegarem a Ushuaia. Neva em Ushuaia e comovo-me nas ruas molhadas diante das livrarias e das lojas de tabacos...».
Para ler e degustar é só clicar na palavra sublinhada, já sabe.

Dia de TV

Enquanto Pacheco Pereira faz a lista dos 50 principais momentos do Portugal pós-Abril, Pedro Mexia arrola os momentos mais hilariantes da TV. Imperdível.

A entrevista da polémica

A entrevista que Daniel Vieira deu a «A Voz de Loulé», na qual se manifesta desiludido com o Plano de Revitalização de Alte, mal acaba de chegar às bancas já começa a dar polémica. Em Loulé começam os impropérios. De Alte liga-me o presidente da Junta para “dar os parabéns”, com ar de discurso encomendado para a ironia. Só por isto merece que vos deixe o link para a entrevista citada, disponível no meu arquivo em O Lobo das Estepes. Para ler é só clicar na palavra sublinhada.

Teixeira Gomes em Faro, a Capital da Cultura?

«No fim de contas, a Missão desta capital cultural, como aliás as anteriores, será uma espécie de foguetório cultural que arderá depressa, deixando apenas um rasto de lembranças nos despojos da festa». Leia o texto completo da minha coluna em «A Voz de Loulé», publicada hoje mesmo. É só clicar na palavra sublinhada.

sexta-feira, abril 15, 2005

As árvores da Rua Sacadura Cabral em Loulé

Como muitos leitores não leram a minha coluna sobre o problema do corte de árvores da Sacadura Cabral, em Loulé, em «A Voz de Loulé» do dia 1 de Março, e manifestaram esse desejo, disponibilizo aqui o link para o texto publicado no meu arquivo na Net. É só clicar na palavra sublinhada.

Blogues louletanos

Ao procurar blogues louletanos, encontrei isto: 1, 2, 3. Ainda bem que já se foram. Mas deparei com uma boa surpresa.

Refúgio?

«Luis Villas-Boas, o director do Refúgio Aboim Ascensão, não desiste e quer que sejam instaladas câmaras de vigilância neste local que acolhe crianças em risco. O pedido foi já rejeitado pela Comissão Nacional de Protecção de Dados, mas o responsável convida esta instituição para uma visita». Acho que temos que começar a preocupar-nos, com esta notícia.

Uma revista de imbecis

«Diz-se da Periférica que é lida nalguns meios intelectuais do país – e nós, como adolescentes, deixamo-lo repetir, quando deveríamos estar a vendê-la à entrada dos shoppings e do metro. A quem interessa um editorial sobre a estupidez dos portugueses?». E eu, imbecil, sou assinante desta revista! E ainda por cima leitor do seu blogue!

Augusto Gil

A propósito deste post, lembrei-me também da Balada da Neve, deste excelente poeta simbolista.

jaquinzinhos

Para que servem os governos civis? Para serem comidos por jaquinzinhos!

Correcção ortográfica

quinta-feira, abril 14, 2005

«Semana 3»

A «Semana 3» é uma revista brasileira descoberta na Net. Tem um dos melhores corpos de colunistas, que por aí andam. E dentre eles o cavalheiro de Beri-Beri, ASS. É claro que só o deveríamos odiar. Mas a desfaçatez das ideias e a graça da linguagem é puro exorcismo da ignorância e da pobreza intelectual. A ler meus amigos!

terça-feira, abril 12, 2005

Entrevista de Daniel Vieira a «A Voz de Loulé»

A pedido de várias famílias disponibilizo, em primeira mão, a entrevista dada por Daniel Vieira a «A Voz de Loulé» em que este se manifesta desiludido com o Plano de Revitalização de Alte. A edição em papel só sairá no dia 15 de Abril, mas o leitor já a pode ler clicando aqui.

Alte

«A aldeia de Alte, que já foi considerada a mais típica de Portugal...». Porque se insiste tanto na asneira e ainda por cima se divulga pelo mundo?

«O Medo de Existir»

Tenho tanto “medo de existir”, que comprei o livro de José Gil e ainda não o li.

Comentários neste blogue

A partir de agora qualquer leitor pode (e deve) deixar comentário neste blogue. O tempo da discriminação, que só permitia comentários a membros registados no blogger, acabou. Seja bem-vindo!

Anónimo, século XXI

Andam aí umas cartas anónimas a chegar à Câmara de Loulé. Já li algumas. Só não percebo é porque é que não vêm assinadas.

1, 6, 8, 2, 7, 2, 2, 1, 2.

O método numérico da poética, de 14 a 79.

caravaggio

Claro que o treinador brasileiro da selecção portuguesa de futebol, à boa maneira da ICAR, nunca escolheria um papa latino-americano, mas sim um europeu...

segunda-feira, abril 11, 2005

O Monte da Piedade

A MINHA VARANDA

A minha varanda olha o Monte da Piedade,
uma bruma diáfana que escurece o verde claro das folhas
das árvores que semeiam os socalcos de xistos amarelecidos.
As ovelhas, essas balem sobre os últimos pastos
ressequidos dos humores do Verão que terminou,
levantando sob as suas negras patas, os aromas do tomilho,
os cheiros dos polens das abelhas e dos figos maduros.
Os melros procuram o fresco da ribeira e esvoaçam
entre amendoeiras, oliveiras e canaviais, no leito seco.
À noite, os grilos e os ralos sobrepõem o seu canto, ritmado
ao barulho dos automóveis, num vulgar destino sobre rodas,
acompanhando a aragem fresca sobre as copas das árvores.
No céu, as estrelas brilham no azul de Outono, lembrando o caminho
que o homem percorreu dentro de si, sobre uma branca folha de papel.

domingo, abril 10, 2005

As putas

A propaganda política

«Eu sinto-me quase defraudado. Não posso falar mal do que estão a fazer mas não é bem o que tínhamos pensado. Este plano andou a servir de propaganda política, da Câmara e da Junta, da altura, durante muito tempo». Daniel Vieira sobre o Plano de Revitalização de Alte.

Poética

Poema para Teixeira Gomes

Dedicou-se ao comércio de figos secos
e foi presidente da República
ocupação imprópria para um esteta
que via a perfeição helénica
nos rochedos da praia da Rocha.
No seu exílio em Bougie
decerto recordava o Algarve natal
que tão bem descreveu nas suas obras.

Agosto é o mais azul dos meses
quando se celebra o ritual bárbaro
do copejo do atum.

[António José Ventura, A Cidade das Palavras, 1994]

A TV

Na última semana João Paulo. Neste fim de semana Cavaco. A partir de segunda feira, M & M.

No sentido contrário aos ponteiros do relógio

No último congresso do PSD a seta apontava para a direita. Neste, a seta aponta para o céu.

sábado, abril 09, 2005

Literatura

O nosso amigo Luís Ene vai lançar o seu livro com as histórias publicadas no blogue “Mil e Uma”. Um cheirinho para o convite, com a história 175: «A morte apanhou-o descalço, completamente desprevenido, mas uma coisa é certa, estivesse ele com calçado ligeiro e também não teria conseguido fugir dela».

O levante

No último número de «Algarve Académico», jornal da Universidade do Algarve, o presidente da Missão “Faro, Capital Nacional da Cultura 2005” afirma que o projecto «procura integrar o Algarve nas redes de produção e difusão cultural de Portugal e do mundo». Presume-se que a ideia é o resultado do impacto do levante, de hoje, nas escarpas de Sagres.

A verdadeira revolução cultural

«Revolução cultural é feita a partir das pessoas. Revolução urbanística é o que se está a passar e não tem nada a ver connosco. Mas as pessoas da terra não dizem nada, põem-me a mim nos cornos do touro». Daniel Vieira em entrevista a «A Voz de Loulé», a publicar no dia 15 de Abril.
[regularmente darei eco das principais ideias-chave desta entrevista]

sexta-feira, abril 08, 2005

um novo bastião na blogosfera. Ainda por cima na nossa freguesia. Pois que seja bem vindo!

quarta-feira, abril 06, 2005

Ministra mexe em Faro, capital da cultura?

Em conversa com o meu amigo Luís Guerreiro (LG) fico a saber que a ministra da Cultura começa a colocar dúvidas ao formato das “Capitais da Cultura”. Ainda bem. Mais do que um programa para libertar energias criadoras nos agentes culturais regionais, ou mesmo lançar as bases de novas estruturas de produção cultural, as Missões servem, acima de tudo, para a promoção das políticas culturais de pequenos poderes autárquicos, quase sempre assentes na ausência de conhecimento real das qualidades culturais de cada região. Aliás o exemplo da Missão “Faro, Capital da Cultura, 2005” é um excelente paradigma do que acabo de dizer. Sobre isso já tive oportunidade de escrever, aqui e aqui. Espero, por isso, que a actual ministra tenha a coragem de mexer neste projecto.
Aguardo também que LG escreva sobre o tema no seu nóvel blogue, acabadinho de sair do forno.

Guardar para ler mais tarde

Coloquei no arquivo d' O Lobo das Estepes a coluna "O regresso da política aos campos".

terça-feira, abril 05, 2005

O papa

Há umas horas o meu filho perguntava-me, com uma interrogação cândida e curiosa: «pai, quem é o papa?». Uma pergunta que resume o que eu penso sobre o assunto. Obrigado, filho!

O alienígena

«O papa acaba de terminar a sua vida na Terra». Joaquim Franco, da Sic, a falar como se estivesse no além.

sábado, abril 02, 2005

Ars poética

O mar, no seu lugar pôr um relâmpago. Luís Miguel Nava, Películas, 1979.

A monodocência no 1º ciclo

Numa altura em que se discute a introdução do Inglês no 1º ciclo do ensino básico, é absolutamente indispensável ler os posts de Ademar Santos no Abnóxio, sobre o "crime" da monodocência no 1º ciclo. Fala quem, verdadeiramente, sabe do assunto.

Os impactos da crítica nos jornais locais

A história das rivalidades políticas e pessoais entre João de Deus, director do jornal «O Aldeão» e Cândido Guerreiro, presidente da Comissão Administrativa Municipal de Loulé, decorridas no ano de 1912, está ainda por contar. Se Cândido Guerreiro passou à história como um poeta, João de Deus ficou esquecido nas brumas do tempo. E isso talvez valha a pena desvelar.
A propósito de uma pesquisa que estou a realizar sobre Alte e como a tradição da imprensa local na aldeia é muito forte, resolvo iniciar a pesquisa pelos jornais da terra. O mais antigo, disponível no Arquivo Histórico de Loulé, é “O Aldeão”, fundado em 1912, por João de Deus, que durou apenas até 1913, tendo sido encerrado pelas autoridades. Esse encerramento deve-se sobretudo às batalhas verbais travadas entre o jornal, dito acérrimo “defensor dos interesses locaes”, e o conhecido poeta altense Cândido Guerreiro, entre outros cargos, também presidente da Câmara de Loulé, na altura.
Dou por mim a folhear as velhas páginas facsimiladas do jornal, de há quase um século, escutando vozes antigas do período do fundamentalismo republicano. E de como a crítica acerada e crua se fazia na altura. João de Deus, um jovem de vinte anos, ajudou a crescer - em conjunto com outros amigos -, para os estudos e para a política, o futuro bacharel Cândido Guerreiro, um homem que mais tarde é acusado pelos jovens republicanos altenses de ter vendido os votos ao inimigo. É esta a faísca que incendeia a chama das acusações d’«O Aldeão» ao presidente da Comissão Administrativa Municipal, que chama várias vezes a depor e dá voz de prisão a João de Deus, cansado de vir de macho de Alte a Loulé, da freguesia ao poder central do município. É também por isto que o jovem republicano funda um jornal, que em repetidos e fogosos editoriais se atira contra o poder da senhora Câmara, expressão de crítica e protesto do controlo social e político dos municípios sobre as freguesias rurais. Um vocabulário aterrador – que hoje envergonharia muito boa gente – escorre pelas páginas d’«O Aldeão», pela mão de João de Deus, Graça Mira e outros colaboradores, em defesa da honra do seu director. Uma tertúlia juvenil que não tolerou nunca os poderes distantes, as promessas descaradas e os conúbios fáceis da vila.
Hoje, passados nove décadas, a função de crítica dos jornais mantém-se quase intacta, como nesses velhos tempos de bengaladas, navalhadas e torpes impropérios. Porque os alvos da crítica dos jornais pouco mudaram, deambulando ainda, nos corredores do poder, nos escritórios da justiça, nos pátios encerados. Mesmo que não se goste, que se acuse as denúncias, que se proteste num linguajar apressado e intolerante, aqueles que se sentem no dever de escrever o que pensam, deverão fazê-lo, honrando-se a si próprios e àqueles que nunca terão poder para o fazer.
[minha coluna publicada, hoje, em «A Voz de Loulé»]